Capítulo 02

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Com dificuldade ele caminhou pela rua, suas feridas ainda estavam doloridas, o sol ainda estava nascendo, as pessoas ainda estavam saindo de suas casas. Lupe Reed viu a bagunça causada pelos cawboys forasteiros, lixos espalhados, fenos desfiados e fora de ordem, placas quebradas, vidros estilhaçados com seus líquidos derramados, mulheres chorando a perda de seus maridos, vestidas de negros e sendo consoladas pelo perfeito e sua equipe. Sangue seco ainda estava jogado pelo chão de terra batida, uma leve poeira ainda subia no ar, o clima estava sufocando e o calor fazia suas roupas grudarem na pele.

Lupe usava uma calça sem galocha e uma camisa xadrez sem colete mas tinha sua pistola carregada na cintura amarrada por seu cinto favorito com a estrela dourada. Mancou até a banca de jornais que estava torta e com vários papéis rasgados por todo lado, bateu no ombro do jornaleiro, sorriu muito amigável e para ele.

— Sinto muito, Jack. Eu vou convocar um mutirão para consertar o que se foi quebrado e quero que mande seu filho pra intendência — Lupe fitou o filho do jornaleiro organizando os tabloides — ele já tem idade suficiente para ser treinado como meu ajudante.

— Claro, eu vou mandá-lo. Vai ser bom vê-lo trabalhando em algo que dê futuro — os olhos do jornaleiro brilhavam.

— Mande-o à tarde.

— Tudo bem, vou exigir que ele tome um banho também!

Lupe saiu dali e foi de casa em casa convocando os jovens promissores que ficaram de tocaia ontem e conseguiram matar um ou outro cawboy e saiu ileso por isso. As mães choravam mas ele afirmava que era um ato heroico e que seria muito melhor para a segurança da cidade mas teve quem discordasse veementemente e retrucar:

— Você já não é suficiente para nossa segurança? Levou dois tiros, como vai treinar meu filho?

— Senhora eles serem muito bem treinados, eu posso garantir.

— Nunca confiei em você e caiu em instantes na primeira invasão em anos, nunca vi coisa igual. Levaram mulheres, mataram nossos maridos e ainda quer meter meu filho nessa história? Não, ele não vai!

— Faça como bem entender e você garoto? Vai se esconder na barra da saia de sua mãe?

O menino balançou a cabeça em negativa e correu para o lado de Lupe deixando a senhora chocada, ele disse:

— Eu não consiguir defender meu pai mas eu vou defender a cidade!

— Não, por favor meu filho, não vá!

— Ele já é grande senhora, tem que tomar suas próprias decisões.

— Não posso perder os dois.

— Ele vai voltar, só vai passar boa parte do dia treinando para defender a cidade como bem disse.

— Esse trabalho é seu!

— Mais eu preciso de recrutas, não se vence uma guerra sozinho.

A mulher caiu de joelhos em prantos e segurando na perna de Lupe implorando para que não levasse seu único filho. Ele sacudiu a perna com dor por causa do buraco de bala que ainda doía e saiu da casa daquela família. Na rua mandou o garoto ir direto pra intendência esperar os outros garotos. O menino correu feito um corcel, tão rápido que levantou a poeira.

Foi então até as famílias de luto, tirou seu chapéu marrom e comprimento as viúvas, as moças tristonhas que perderam seu pai. Lupe lembra bem de como foi horripilantes ver os homens morrendo atrás de si. Não ficou muito tempo na casa dessas pessoas, notou que, realmente, ninguém ligava para como ele estava, não ligariam nem se ele tivesse morrido no ataque. O único que se preocupara de verdade fora Zachary que ainda estava dormindo no sofazinho de seu quarto.

Série Homens de Poder: Fantasias do XerifeOnde histórias criam vida. Descubra agora