Conto 1 - Writing Love Stories

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Tem um tempo que não crio nada. Tudo que escrevo é relacionado ao meu trabalho. É uma escrita mais por obrigação do que por qualquer outra coisa. Sinto falta da emoção de imaginar cenários, personagens, enredos, diversos desfechos. Nunca imaginei que isso iria acontecer comigo, justo comigo. Droga!

A música natalina ressoa ao fundo, o som se mistura com o barulho de meus dedos se movendo pelas teclas do notebook enquanto termino de acrescentar as sugestões de mais uma revisão de artigo. Pauso por um instante, para tomar um gole de vinho. Meu olhar se desvia da tela por um momento e observa os flocos de neve caindo lentamente na rua. É um cenário digno de um romance. Romance, aquilo que não escrevo há tempos. Aquilo que não vivo há um bom tempo também. Mas quem liga? Volto a digitar para que possa terminar o mais breve possível. Preciso descansar, meu corpo está cansado depois de várias horas na mesma posição.

Quando finalmente envio a versão revisada para minha colega de laboratório são 23:45. Muitas pessoas devem estar reunidas com suas famílias a essa hora, comemorando a chegada do natal. Que louco trabalha na véspera de Natal? Apenas esse ser amargurado e workaholic. Becky Parker você não tem jeito mesmo!

Me espreguiço lentamente enquanto levanto da cadeira. Estou a caminho do quarto quando meu celular toca. Deus, que não seja ninguém ligando para desejar Feliz Natal, não estou no clima para isso.

Caminho de volta para a mesinha do escritório e pego o celular que havia deixado lá. O nome no identificador de chamadas não pertence a ninguém da minha família, tampouco a algum dos meus colegas ou amigos.

Ryan Huet.

De todas as pessoas no mundo, por que diabos meu ex-marido iria me ligar na véspera de Natal praticamente à meia noite?

Aperto ignorar e volto a me encaminhar para o quarto. O telefone torna a tocar. Eu sei que devia deixar para lá, pois não éramos mais nada um do outro. No entanto, a insistência dele devia significar alguma coisa.

- Juro por Deus que se estiver me ligando depois de todo esse tempo para desejar feliz Natal, eu vou desligar na sua cara. É bom que seja importante – Sim, esse não é o modo mais amigável, nem maduro, de se atender uma ligação, eu sei, mas foi mais forte que eu. Ryan traz o pior de mim.

Ele pigarreia.

- Talvez tenha sido um erro ligar para você, Rebecca, mas só conheço você na região. Me desculpe por incomodá-la.

Me sinto um pouco culpada por minha falta de acolhimento ao atender. Mas só um pouco. Continua sendo o Ryan.

- Não, agora que ligou, diga o que houve. Sei que você não me chamaria à toa, Huet. Desculpe-me pelo modo como falei.

Quase consigo ouvir o sorriso em sua voz, quando torna a falar.

- Só você, Rebecca, para me chamar assim. Continua provocadora, pelo jeito.

- Você pode ir direto ao ponto?

- Sim, sim, desculpe. – Ele suspira. – Tive um pequeno acidente há algumas quadras da sua casa, como não conheço mais ninguém na cidade, não sei, você foi a primeira pessoa para quem pensei em ligar e pedir ajuda. Talvez tenha sido insensatez minha.

Sinto o coração acelerar.

- Você está bem?

- Sim, não se preocupe. Não foi nada grave. Eu...

O interrompo antes que continue, se não foi grave, mas mesmo assim ele resolveu me ligar, é porque não tinha para onde ir. Eu o conheço bem.

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⏰ Última atualização: Jan 13, 2021 ⏰

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