Rewrite the stars | minsung

Capítulo Único;

O bip do oxímetro de pulso era o único barulho do quarto, a respiração de Lee Know estava calma e um tanto pesada. Jisung estava sentado ao seu lado segurando sua mão, o rosto molhado das lágrimas que escorriam sem parar enquanto ele pedia para qualquer divindade ou entidade que pudesse atender suas preces. Ele ainda não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo consigo, todos os dias que abria os olhos e via que aquilo era sim, real, era como acordar continuadamente em um pesadelo interminável. Se perguntava o que ele tinha feito nessa vida ou em outras para merecer tal punição. 

Ele vinha todos os dias, em feriados e fins de semana, sempre no mesmo horário. Ficava o máximo de tempo que conseguia ao lado do seu lino, admirando o rosto da pessoa que antes era a razão dos seus sorrisos e a causa dos seus momentos mais felizes.

Foi tudo muito rápido, ele ainda não conseguia lembrar com clareza o dia do acidente, o dia em que sua vida virou de ponta cabeça, que seus sonhos se tornaram pesadelos. Ele tinha saído com Minho para tomar sorvete ⏤ o moreno adorava sorvete, era um vício, quase uma necessidade ⏤ e quando eles saíram da sorveteria por algum motivo eles começaram a discutir. Ele não conseguia lembrar o motivo, mas o mais alto havia se exaltado e saiu na frente com o passo apressado, acabou não vendo o carro que vinha com tudo em sua direção. O motorista tinha bebido antes de sair de casa o que influenciou o acidente.

O Lee sofreu algumas fraturas pelo corpo e bateu a cabeça muito forte no capô do carro, o que fez com que ele entrasse em coma. Fazia duas semanas. Duas semanas que a vida de Jisung girava em torno de tristeza, arrependimentos e culpa. Era uma tortura chegar em casa e ver as coisas de Minho espalhadas por todos os cômodos. Por mais que ele tivesse o próprio apartamento ele se recusava a ir embora e passava a maior parte dos seus dias no apartamento do namorado.

A cama já estava perdendo o cheiro característico do moreno e Jisung sentia como se ele tivesse escapando por entre os seus dedos. Chorava todas as noites abraçado ao travesseiro que Minho usava e por mais que tentasse, nunca conseguia se livrar da angústia que parecia ter feito morada em seu peito.

Sabia que se ele pudesse falar consigo naquele momento lhe daria uma bronca por pular refeições e tomar café descontroladamente mesmo sabendo que a insônia não o deixaria dormir a noite, e durante o dia o café não lhe deixaria pregar os olhos nem por um minuto sequer. Jisung estava caminhando lentamente para um colapso, e não se importava com isso se significaria ter ao menos um pouco de paz dos momentos turbulentos.  

Ao levantar o olhar e admirar minuciosamente o rosto anguloso do maior, ele se aproximou e depositou sua mão na bochecha do outro. O carinho cuidadoso revelava que ele tinha medo de quebrar Lino ao mínimo toque. Sua palma tremia sobre o toque suave e delicado, com a respiração se tornando pesada novamente, ele mordeu o lábio inferior com força para tentar reprimir o soluço que lhe subiu à garganta. 

Se ele se esforçasse, conseguia sentir o toque fantasma do Lee na sua cintura. Ele amava abraçar Jisung com toda a sua força e dizer que nunca deixaria o mesmo fugir da sua vida como tantas outras pessoas tinham feito anteriormente. O coração do Han pareceu encolher diante da lembrança.

"⏤ Jisung ⏤ Minho murmurou com um biquinho nos lábios enquanto erguia os braços para que o menor pudesse se encaixar entre eles. 

⏤ Você não acha que está meio grandinho pra estar fazendo manha? Não adianta, não vou comprar sorvete pra você ⏤ por mais que tentasse soar duro, um enorme sorriso não saia dos seus lábios enquanto encarava o namorado. Era surpreendente, estavam juntos a 1 ano e a cada dia que passava o relacionamento ficava mais terno. Jisung sentia que poderia passar o resto da sua vida ao lado do seu lino.

⏤ Mas eu preciso tomar pelo menos uma casquinha por dia! ⏤ sua voz saiu um tanto diferente por ele ter falado enquanto fazia um enorme biquinho com os lábios, sabia que Jisung não iria resistir ao seu biquinho por muito tempo. Ele nunca conseguia. 

⏤ Amanhã podemos ir juntos até uma sorveteria e tomar quanto sorvete você quiser ⏤ ele se colocou entre os braços do moreno e abraçou o mesmo, tendo sua cintura envolvida pelo maior.

⏤ Eu te amo sabia? Já falei isso hoje? ⏤ Minho ergueu o olhar para Jisung, como estava sentado na cama e o Han estava de pé ele estava maior que si. Um sorriso tomou seus lábios quando ele viu os olhos do Han brilhar diante da sua afirmação ⏤ Não vou embora da sua vida nunca, espero que a gente fique juntos até ficarmos velhinhos, ai você vai me ajudar a tomar banho e eu vou trocar suas fraldas ⏤ seu sorriso ficou ainda maior quando a risada de Jisung preencheu o cômodo."

A vista de Jisung ficou novamente embaçada pelas lágrimas diante da lembrança, tinha medo de nunca mais poder ouvir Minho lhe dizer eu te amo, de nunca mais poder ficar de preguiça até tarde aos sábados embalado nos braços do moreno, de nunca mais poder ver ele fazer manha por querer sorvete no meio da madrugada ou no lugar do café da manhã, de nunca mais poderem ter aquelas brigas bobas que sempre acabavam em troca de carinho e chamego.

Em algum momento, as lágrimas pareceram ter secado. Ele havia chorado por quase duas semanas inteiras, mesmo enquanto dormia algumas lágrimas solitárias ainda podiam ser vistas rolando pelo seu rosto, seu travesseiro ficava encharcado durante as noites tortuosas.

Seus olhos emitiam um vazio triste e desolado. Ele estava oco por dentro. Sentia-se quebrado.

Seus dedos afastaram o cabelo do rosto de Minho delicadamente, estava quase na hora de ir para casa. Amanhã ele viria novamente, passar o dia ao lado do moreno enquanto a esperança que tinha alimentado no começo morria e definhava pouco a pouco, como uma flor que fica sem água e nutrientes, murchando lentamente.

Flores…

Minho tinha lhe dado uma quando começaram a namorar. "Vamos cuidar dela, representa nossa relação, temos que alimenta-la com amor para florescer" o moreno tibha dito ao lhe entregar o vaso com a pequena muda, quando Jisung perguntou de que flor era o moreno apenas disse que eles iriam descobrir se cuidassem dela como ele tinha dito.

"⏤ Vamos pôr ela no cantinho mais iluminado do seu apartamento, e dar água nos dias certos ⏤ falava animado andando de um lado para o outro apontando para os possíveis lugares onde a planta ficaria ⏤ Também temos que conversar com ela, se você quiser desabafar ou estiver triste e eu ou seus amigos não estivermos perto, pode falar pra ela, ela vai te apoiar por nós.

Um sorriso terno cobriu seu rosto de orelha a orelha e o coração de Jisung deu um pulo dentro do peito, ele sorriu desviando o olhar, as bochechas tingidas de vermelho o deixava adorável e era o motivo de diversos surtos de Lee Know.

⏤ Você ficou tímido? Meu Deus você é tão adorável! Como eu pude arrumar um namorado tão lindo? ⏤ Jisung se aproximou do maior e deu um murro fraco em seu ombro que o fez cair na gargalhada, aquele era o som favorito de Jisung em todo o mundo.

⏤ Às vezes eu me pergunto o que eu fiz para merecer um namorado como você ⏤ Jisung falou se virando para por o pequeno vaso no batente da janela.

⏤ Um namorado tão perfeito? Que é o amor da sua vida? ⏤ Minho jogava as opções no ar indo até a sala, iria se jogar ali e se espreguiçar como um gato.

⏤ Um namorado tão boiola ⏤ a gargalhada de lino preencheu o ambiente."

⏤ Com licença, senhor Han já acabou o horário de visitas, o senhor precisa ir embora ⏤ a voz baixa e receosa da enfermeira ecoou pelo quarto e Jisung baixou o olhar, precisava se despedir mais uma vez, aquela seria mais uma longa noite, talvez mais agonizante que a anterior mas ainda melhor do que a que viria no dia seguinte.

até amanhã lino, por favor não desista ainda.