Capítulo 2. A investigação

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A Srta. Emma Campbell foi vista na tarde de ontem saindo da casa de Lady Schorth. O que as duas faziam não é da conta desta autora, mas o que Lady Emyline gostaria de comentar é que a Srta. Campbell não foi valorizada – mais uma vez – por seu vestido.

Lady Emyline volta a frisar que a dama não fica nada bem de vermelho. Tente outras cores, Srta. Campbell.

TABLOIDE DE GRUFFIN, por LADY EMYLINE.

Algumas pessoas acusavam Lady Emyline de ser a maior fofoqueira de Gruffin, mas a verdade é que Clover Schorth sempre foi a pessoa mais fofoqueira de toda a ilha. Até mesmo a escritora de tabloides, odiada por todo o povo e temida pela alta sociedade, frequentava a casa de Lady Clover para se inteirar nas fofocas e ter material para suas colunas, a mulher era uma verdadeira máquina de boatos e fatos. Emma amava tomar o chá da tarde com a melhor amiga e a sua mãe, fazia isso todas as tardes de segunda-feira.

Emma era particularmente cheia de compromissos e todos eles envolviam damas fofoqueiras. Na segunda-feira, o chá era com Lady Clover, na terça-feira ela tomava o chá em casa pois Joe e Alice sempre vinham nesse dia para ver a mãe, além dos fins de semana. E nas quartas-feiras ela tomava o chá e passava toda a tarde com Lady Ambrose, que todos chamavam, nem tão carinhosamente, de velha louca. Ela gostava da companhia da senhora e sempre escutava seus conselhos, além das fofocas, claro.

- Mas, – disse a Sra. Schorth, com um dedo levantado para dar ênfase. – Essa ainda não é a principal fofoca da semana.

Emma e Brithany ergueram as sobrancelhas, curiosas. Emma comia um biscoito enquanto esperava que Clover continuasse.

- As senhoras nobres fizeram um debate bem acalorado no nosso último encontro, estão todas muito decididas a descobrir a identidade de Lady Emyline. – A dama continuou, com um sorrisinho nos lábios. Emma e Brithany se entreolharam. – Inclusive, acusaram a mim e à Srta. Campbell de sermos a autora. Disseram que somos as duas mais propensas a fofocas dessa ilha toda.

Emma sorriu de maneira calma, fazendo um gesto com a mão para descartar a ideia.

- Até parece. Vivo sendo criticada naquele tabloide. – Ela comentou.

- Pois é. – Clover concordou. – Foi por esse motivo que seu nome foi descartado, mas elas insistem que sou eu.

- E é a senhora? – Brithany perguntou, parecendo pouco se importar.

Os Schorth não tinham muito dinheiro depois da morte do marido de Clover, mas viviam com muito luxo e Brithany tinha um dote gordo, apenas a venda de tabloides de fofoca poderiam explicar isso.

- Ora, vocês acreditam mesmo que se eu, Clover Schorth, fosse escrever um tabloide de fofocas, eu precisaria me esconder por um pseudônimo? – ela disse de forma sarcástica. – Todos sabem que eu fofoco, então não preciso disso.

- E o que mais aconteceu de interessante, então? – Emma perguntou. – Como pretendem descobrir quem é Lady Emyline?

Clover sorriu.

- Emyline sempre está nos eventos, por mais restritos que sejam. Então a condessa de Mayleer começou uma lista de investigação com vários eventos exclusivos onde ela esteve e outros que ficara de fora. O baile desta noite está na lista dela, vamos ver se Lady Emyline comentará sobre ele amanhã.

Emma sorriu. As damas da alta sociedade estavam cada vez mais curiosas para descobrir a identidade de Lady Emyline, logo isso acabaria por acontecer, mas ela duvidava de que alguma das senhoras nobres seria tão esperta a ponto de descobrir qual a dama por trás do pseudônimo.

- Eu duvido que descubram. – Emma deu de ombros. – Muitos especulam há anos, mas ninguém nunca chegou perto, sou capaz de apostar que Lady Emyline, na verdade, seja um grupo de criados fofoqueiros que descobre as coisas e publica para ganhar dinheiro.

Clover sorriu.

- É uma boa hipótese. – Brithany comentou.

- Disseram que Emma Campbell é uma boa hipótese também. Emma e Emyline são parecidos, a família Campbell nunca é muito criticada e a senhorita recebe muitos elogios.

Emma corou. As senhoras nobres achavam que ela era Lady Emyline? Isso não podia ser verdade, como elas poderiam desconfiar disso? Só porque ela gostava de fofoca?

- Eu debutei uns dois anos depois do início das colunas, não tinha como eu estar nos eventos da sociedade para escrever sobre eles. – Ele argumentou. – Brithany e eu debutamos juntas.

Clover sorriu de novo, dessa vez mais amplamente.

- Bem, elas sabem disso, mas continuam acreditando que pode ser você. Ou a Srta. Header Houston.

- Com certeza é Header Houston, então. – Emma deu de ombros. – Ela sempre amou fofocas também. 

Ela estava voltando da casa da família Schorth, tinha deixado Kate pensando sobre como ajudá-la e fora tomar o chá e descobrir quais as fofocas que Lady Clover tinha para o dia, certamente isso estaria no Tabloide de Gruffin de amanhã, mas Emma já...

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Ela estava voltando da casa da família Schorth, tinha deixado Kate pensando sobre como ajudá-la e fora tomar o chá e descobrir quais as fofocas que Lady Clover tinha para o dia, certamente isso estaria no Tabloide de Gruffin de amanhã, mas Emma já sabia de tudo. Era ótimo saber de uma fofoca antes de Lady Emyline publicá-la.

Kate tinha um sorriso quando Emma chegou em casa, parecia muito orgulhosa e decidida.

- Mamãe. – Emma disse em saudação. – O que houve? Parece muito feliz.

Kate sorriu e deu tapinhas ao seu lado no sofá.

- Sente-se, sente-se.

Emma também sorriu enquanto caminhava até lá, tinha certeza que tudo isso tinha a ver com o seu pedido para a mãe.

- Antes que eu diga qualquer coisa, quero que me prometa que não vai fazer nada estúpido e nem deixar que ele se aproveite de você. – Kate pediu, sua voz estava séria.

Emma corou um pouco, mas concordou com a cabeça enquanto engolia em seco. Ela duvidava que Thomas fosse tentar fazer algo com ela, mas, se tentasse, ele seria um homem morto.

- Vou permitir que você passe uma semana na casa do Sr. Lewis. – Kate anunciou, Emma já está explodindo de empolgação. – Mas seus irmãos não podem saber, vamos dizer para Anthony e Joseph que você está indo para a casa de uma amiga. E eu tenho algumas condições, Catarina e uma dama de companhia vão com você.

- Catarina? – Emma perguntou, frustrada. A irmã mais nova faria Thomas desistir de se casar com Emma, Cat era uma peste.

- Sim, Catarina. Ela não permitirá que nada aconteça com você. – Kate prosseguiu. – Uma semana, antes da nossa recepção no rancho. Então, se vocês estiverem mesmo dispostos a levar isso a diante, ele pode se juntar a nós e passar mais uns dias conosco lá. Depois vemos se vamos falar de casamento ou não, mas, se tiver um mísero beijo desrespeitoso entre vocês, eu mesma obrigarei os dois a se casarem.

- Sim, claro! – ela sorriu e abraçou a mãe, agradecendo e dando beijinhos em todo seu rosto. – Mamãe, a senhora é incrível!

Kate sorriu orgulhosa e deu um beijo na bochecha da filha.

- Agora, se não se importa, vou escrever para Thomas e avisar que lhe farei uma visita na semana que vem. – Emma disse orgulhosa e se levantou do sofá.

Ela caminhou um pouco rápido demais enquanto a mãe podia vê-la, depois praticamente correu para o quarto e começou a escrever para Thomas. Ela ainda não podia acreditar que aquilo estava acontecendo.

Emma só precisava treinar Cat para que ficasse na dela e não atrapalhasse seus planos, isso queria dizer que ia gastar algumas coroas de prata para subornar a irmã e convencê-la a ficar quieta, mas valeria a pena. Ela encontraria Thomas, eles se amariam desde o primeiro instante e seriam muito felizes juntos pelo resto das vidas deles. 

O segredo de Emma CampbellOnde histórias criam vida. Descubra agora