Na capital, o assunto do dia foi o grande Chá para Damas que Geórgia FatzBurg deu na tarde de ontem. Esta autora fica muito feliz de saber que foi o tema das conversas no evento, parece que as damas da alta sociedade estão mesmo empenhadas em descobrir a identidade de Lady Emyline.
Enquanto vocês lutam para descobrir, senhoras, a dama por trás das colunas encontra-se relaxando tranquilamente em algum lugar da ilha.
TABLOIDE DE GRUFFIN, por LADY EMYLINE.
Desde que chegara à casa de Thomas, Emma finalmente estava se sentindo como imaginou que se sentiria, as coisas estavam acontecendo exatamente como ela imaginou. O café da manhã foi um momento muito agradável, eles conversaram muito enquanto estavam à mesa, ele chegou a fazê-la rir duas vezes. Agora ela estava convencida de que, apesar do primeiro encontro não tão bem sucedido, Thomas realmente era o cavalheiro por quem ela havia se apaixonado enquanto se correspondiam por dois anos. E ela estava certa de que valeria a pena investir nessa paixão, ainda não queria pensar em todas as novidades que descobriu a respeito da vida dele, como os sobrinhos que eram praticamente seus filhos. Em breve ela pensaria sobre isso.
Ela estava com o braço entrelaçado no dele, caminhando por uma parte do jardim enquanto ele falava animadamente sobre cada uma das flores. Emma estava gostando de ver como os olhos esmeralda dele pareciam iluminados enquanto ele falava sobre coisas que gostava, os cantos dos lábios dele estavam enrugados e ela também tinha um sorriso leve nos lábios.
- As crianças parecem ter gostado de vocês. – Thomas comentou e Emma sorriu.
- Bem, se entregar um punhado de lesmas é a forma que elas demonstram que gostam de alguém, acho que sim. – Ela disse e encolheu um pouco os ombros.
Thomas parou de andar e se virou, ficando de frente para Emma, parecia genuinamente surpreso e desapontado com o que ouviu.
- Eles fizeram mesmo isso? – Ela apenas assentiu em resposta, ainda sorrindo. – Eu deveria dar uma bronca neles, talvez até colocá-los de castigo.
- Não há necessidade. – Ela garantiu, voltando a andar. – Você deveria ter visto a cara deles quando eu disse que adoro lesmas. Principalmente na sopa.
Thomas finalmente sorriu, provavelmente imaginando a cena.
- Mas eu realmente os entendo. – Emma prosseguiu. – Sou uma estranha que invadiu a casa deles, eles sabem o porquê da minha visita e estão com medo disso, preciso conquistar a confiança deles.
- Mas eles não podem agir de maneira deseducada com você ou com a sua irmã. Luca e Stella são capazes de colocar um bicho na sua cama ou tinta no seu shampoo apenas para assustá-la e fazê-la ir embora.
Emma deu de ombros e continuou caminhando por um momento, pensando nas possíveis artes dos gêmeos pestinhas.
- Se eles fizerem isso, pode deixar que eu mesma lidarei com a situação e darei o troco. – Ela disse com um sorriso.
- Pode parecer irresponsável, mas tem a minha permissão. – Thomas falou, sorrindo. – Eles precisam aprender que não podem fazer as coisas e saírem impunes.
Emma sorriu com algumas lembranças que vieram à sua mente.
- Meu irmão e eu éramos assim também quando mais novos. Uma vez nós colocamos corante em pó na escova de banho de Anthony, quando ele saiu do banho e viu suas costas toda vermelha, queria matar nós dois.
Ele não pôde evitar de perguntar:
- O que aconteceu depois?
- Quando ele mostrou para a minha mãe, ela mesma resolveu nos dar o troco. Caleb e eu ficamos com as costas azuis no outro dia.
Thomas riu e parou diante de uma estufa de vidro, olhando curiosamente para Emma e depois para a porta.
- Quer entrar? – ele perguntou, ela assentiu animada. – Aqui dentro estão as flores mais lindas e raras da propriedade, apenas eu e alguns outros funcionários entram aqui.
Emma se sentiu lisonjeada enquanto passava pela porta que ele abriu. Ele amava flores, e ali estavam as mais importantes, aquele era um lugar importante para ele, e Thomas estava compartilhando esse seu lugar com ela. Era como entrar no coração do homem que ela amava.
O local tinha um aroma agradável, doce e calmante. Muitas flores estavam em vasos grandes no chão e outras em pequenos recipientes nas prateleiras, tinham algumas mesas de trabalho espalhadas pelo local também, com muitas ferramentas de jardinagem e outros objetos sobre elas. A primeira flor que chamou a atenção de Emma foi o que ela julgou ser uma planta da família das orquídeas, tinham muitas em alguns vasos próximo de uma das mesas de trabalho e um rapaz trabalhava em um arranjo delas, o rapaz cumprimentou Emma e Thomas quando eles se aproximaram, ela tocou de leve em uma das flores.
- Essa é uma Dendrophylax lindenii, também conhecida como orquídea fantasma. – Thomas falou ao lado dela, sua mão também tocando a flor.
- É linda. – Emma disse com a voz baixa.
- Eu gosto muito dela por um motivo específico. – Ela o olhou e admirou o sorriso dele, os olhos brilhando, e então o olhar dele encontrou o dela. – Dizem que ela pode sobreviver mesmo debaixo da terra, sem a luz do sol. Todos pensam que ela não está mais ali, que foi vencida, então ela reaparece e solta uma flor linda para provar a todos que nem mesmo os momentos mais escuros e assustadores podem acabar com ela. É meio que uma motivação.
Ela não pode evitar de admirar as palavras dele, parecendo refletir sobre a ideia.
- Já eu... – disse o funcionário de Thomas. – Gosto delas porque são bonitas e caras.
Emma deu risada enquanto Thomas balançava a cabeça.
- Eu aprecio as histórias por trás, não apenas a beleza das flores. – Thomas respondeu. – Assim como as pessoas, existem flores com ótimas e lindas histórias, outras nem tanto. Não podemos julgar apenas pela beleza.
Emma deu um passo para o lado e observou algumas outras flores em uma das prateleiras, podendo sentir a atenção de Thomas em si. Uma florzinha amarela com algumas pintinhas pretas, outra completamente vermelha – parecia uma rosa, mas as pétalas eram diferentes – e então outra flor chamou sua atenção e ela parou em frente ao vaso em que ela estava, tinha apenas um vaso dela na prateleira. Era de um vermelho-escuro, quase marrom, as pétalas aveludadas e ovais, bem delicada.
- Cosmos atrosanguineus. – A voz de Thomas disse em um sussurro, ao lado de Emma. – Consegue sentir o cheiro dela?
Ela inspirou um pouco mais fundo, se aproximando da planta.
- Chocolate? – Emma indagou e se virou para Thomas, que sorriu.
- Exatamente.
- Já são as minhas favoritas. – Emma declarou. – Joe, um dos meus irmãos mais velhos, é viciado em chocolate e eu aprendi a gostar também, roubando bombons dele.
Ela contou e observou Thomas olhar para a flor, para ela, e depois para a flor de novo. Ele estendeu a mão e apanhou uma flor do pé, deu um passo na direção de Emma e usou a mão livre para colocar uma mecha de seus cabelos atrás da orelha, então ele colocou a flor ali, olhando atentamente para o contraste da flor escura com o ruivo dos cabelos dela.
- Acho que agora são as minhas favoritas também. – Sua voz saiu em um sussurro e Emma se sentiu corar. Ele deu um beijinho delicado na testa dela e se afastou, olhando para as flores na prateleira.
Ela o seguiu pela estufa, até uma parte mais fechada nos fundos, onde havia várias trepadeiras e heras nas prateleiras, subindo até o teto. As flores mais bonitas estavam ali, algumas que Emma nunca viu na vida, nem mesmo nos livros de botânica que estudou com seus professores. Mas aquele gesto de carinho dele não saía da mente dela, o toque suave dos dedos e dos lábios dele na sua pele. Ela poderia facilmente se acostumar com aquilo.
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O segredo de Emma Campbell
Historische RomaneLivro 4 da série Família Campbell. Conhecida por suas muitas correspondências, além da sua tendência a fofocas, e depois um encontro inesperado com um belo barão, Emma envia uma carta para ele em agradecimento por tê-la ajudado quando ela necessitou...