Capítulo 2

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Midoriya se deitou naquela madrugada sentindo o resto da tristeza que ainda o perseguia pela morte de Nighteye, mas ao acordar, o sentimento não foi maior do que a vergonha. A lembrança de como Katsuki havia não apenas o visto chorar mais uma vez, como teve o ombro completamente molhado pelas suas lágrimas, o fez suspirar trêmulo. Era vergonhoso se lembrar, porém, também bom e confuso.

As sobrancelhas se juntaram ao sentar na cama. O olhar foi direto para a sacada, e se viu ali, soluçando em tom baixo enquanto sentia a leve carícia em seus cabelos. O toque havia sido bom, e o acalmou aos poucos, mas não tanto quanto quando Bakugou desceu a mão para as suas costas, para fazer companhia para a outra que o envolvia. Seu abraço apertado foi retribuído, e a lembrança do calor confortável que o amigo de infância transmitiu pelo gesto o fez corar.

Ele se jogou na cama, deitou a cabeça no travesseiro novamente, e cobriu o rosto com a manta, fazendo-o esquentar ainda mais. O coração estava acelerado, e se lembrar da maneira acanhada com que Bakugou o soltou no meio da madrugada e esperou que se deitasse para poder sair do quarto só piorou a situação em que estava.

Izuku queria sorrir por ter certeza de que ele havia permanecido ali porque estava preocupado, mas, manteve os lábios quietos. Mais do que todos os outros sentimentos, a confusão era sentida com tudo aquilo. Aquela não era a primeira vez que sentia a preocupação de Katsuki, porém, a maneira carinhosa e normal com que demonstrou seus sentimentos era inédita e completamente inesperada.

O despertador tocou em seu celular, não dando tempo para analisar a situação como queria, mas fez uma nota mental de que procuraria por respostas quando tivesse o tempo. Midoriya planejou limpar a mente para começar o dia enquanto terminava de se trocar, porém, a analise já havia começado assim que acordara, e era difícil parar a sua mente quando começava com seus próprios projetos.

Aquela havia sido a primeira vez que tinha recebido qualquer tipo de afeto vindo do Bakugou, e só conseguia se perguntar o motivo. Ele parecia tão mal assim, para amolecer alguém tão extremamente carrancudo como Katsuki? Seu abraço desesperado não havia dado opções para ele? A última pergunta o fez rir enquanto preparava o café da manhã, trazendo os olhares curiosos dos colegas para si, mas Izuku nem mesmo os notou. Bakugou havia saído cedo junto com Todoroki, para o treino da licença provisória, e se ausentariam das aulas por aquele dia. Não havia perigo de se sentir ainda mais envergonhado por esbarrar nele pela U.A, então se focou apenas em sua própria mente, que o fez juntar as sobrancelhas enquanto terminava o simples lanche.

Será que ele conseguiu dormir direito? É um treino importante, se Kacchan não passar porque está cansado demais, vai ficar furioso comigo.

Izuku deixou o chá de lado enquanto se preocupava com os resultados de Bakugou para aquele dia, e só notou que era hora de ir quando sentiu Iida tocar seu ombro.

— Você está bem? — O amigo perguntou com preocupação. — Está murmurando pelos cantos muito mais do que normalmente faz.

Deku riu sem graça enquanto mexia nos fios verdes da nuca. Ele estava demonstrando demais o que sentia, e não queria preocupar Iida e os outros, que fizeram o mesmo comentário antes de saírem para a aula.

A decisão de definitivamente se focar apenas em si mesmo veio novamente, e conseguiu mantê-la por ao menos metade do dia. As aulas foram interessantes, e teve muito para anotar, porém, sua mente voltou ao assunto da manhã quando Aizawa pediu para que compartilhasse suas anotações daquele dia com Bakugou e Todoroki. O primeiro nome ecoou em sua mente, e imediatamente sentiu o calor dos braços de Katsuki em seu corpo. A mão cobriu o rosto por um breve momento, temendo que a sensação trêmula em suas pernas estivesse evidente em sua expressão.

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