Capítulo 10

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Pouco mais de um mês havia se passado num ritmo muito acelerado. Foram aplicados alguns testes na minha turma nas últimas duas semanas, Noah estava treinando muito, pois tinham alguns jogos muito importantes nessa reta final de campeonato, por isso, não estudamos tanto quanto antes. Nós trocávamos mensagens todos os dias à noite, era o único horário em que estávamos os dois desocupados. Quando ele ia jogar, conversávamos depois do jogo, ou seja, eu andava dormindo tarde e acordando cedo para dar conta dos meus estudos, mas tudo bem, eu gostava de trocar mensagens com ele. Nos víamos muito pouco na escola também, era apenas duas aulas que eu tinha com ele e não podíamos conversar muito, restava o horário do almoço, o que não era muito, já que às vezes ele precisava ficar com os colegas de time.

Na sexta-feira à noite, meu pai, inclusive, me abordou na hora do jantar.

- Onde está a sua sombra essa semana? - perguntou e eu, um pouco confusa, pousei meu copo na mesa.

- Minha sombra?

- O delinquente. - esclareceu e minha mãe riu.

- Noah, pai. - corrigi. - Ele está ocupado.

- Ocupado, hein? - ele arqueia uma sobrancelha. - Eu dava essa desculpa para as garotas o tempo todo.

- Harry. - minha mãe o repreende. - Isso é comentário a se fazer? Querida, não dê importância a ele.

- Eu não posso fazer nada sobre isso, pai. - dou de ombros. - Apenas respeito o tempo que ele tem para estudarmos.

- Seu pai está apenas implicando, querida.

- Tudo bem também se ele estiver com alguém, mãe. - falo. - Nós não temos nada, não posso exigir.

- De modo algum. - meu pai fala, novamente. - Ninguém beija minha filha e some.

- As coisas são como são, pai.

- Quem ele acha que é para usá-la?

- Vai me dizer que não fez isso o bastante? - pergunto, estreitando os olhos.

- Isso não vem ao caso. - murmura.

O assunto morreu e não voltamos a abordar nada semelhante. Não deixei que minha cabeça se perdesse nesse universo, onde Noah estava mentindo para mim e mantendo uma garota em segredo. Como eu disse a minha mãe, não havia nada entre nós, eu não podia exigir nada e nem queria. Assim como não gosto de ser controlada, não quero controlar ninguém.

Naquela noite, eu estava passando pelo quarto dos meus pais e pude escutar a voz da minha mãe alterada. Aproximei-me da porta ao ouvir meu nome e tentei ouvir o que se passava lá dentro.

- Você não pode dizer o que vier na sua cabeça. - ela diz. - Ela pode estar magoada agora mesmo. Não foi legal o que você disse.

- Ela está bem. - consigo ouvi-lo dizer baixinho.

- Nós nunca saberemos. - um pouco de silêncio. - Eu entendo sua preocupação, seu medo, mas isso tem que parar agora, Harry. Você precisa se controlar antes que esse ciúme infundado atrapalhe o seu, o nosso, relacionamento com a sua filha. Ela é uma adolescente, está na idade de descobrir várias coisas novas, sentimentos novos, você precisa aprender a lidar com isso. Não há nada que você possa fazer a não ser aceitar. Você pode e deve orientá-la, no entanto, em cada escolha que ela fizer daqui para frente, tudo o que ela precisa é do nosso apoio, da nossa confiança.

- Meu ciúme não é infundado. - murmura.

- Você não tem jeito, não é?

- Eu estou tentando e vou me esforçar mais, prometo. - mais um pouco de silêncio. - Se eu pudesse, a manteria desse portão para dentro e todos os garotos a quilômetros de distância para que ela nunca fosse magoada. Poxa, Theresa, eu já tive a idade deles e sei muito bem o que passa na cabeça desses delinquentes. Não consigo simplesmente esquecer e deixá-la a própria sorte.

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