Antes que eu tivesse tempo de reagir a situação macabra em que estávamos, com um toque forte em minha cintura, Caliban se apressou em me puxar para longe da rede.
Em relação ao outro casal, Ramona foi quem tirou Maxon do transe mental em que estava preso, o arrastando para longe com um puxão em sua blusa.
— O que são essas criaturas? — Maxon questionou, se ajeitando atrás de uma árvore para voltar a analisá-los.
— Espinardes. — afirmou Ramona. — São basicamente os elementais rejeitados da natureza.
— Elementais rejeitados? Isso é bizarro. — sussurrei, enquanto olhava os seres espremidos. Os grandes mal conseguiam se mexer, diferente dos pequenos, que não paravam de se esmurrar e pular. — O que vai acontecer com eles?
Como se para responder a minha pergunta, quatro criaturas se aproximaram dos espinardes. Eram do tamanho de humanos, no entanto, estavam longe de ser isso. Todos usavam mantos vermelhos, que escorriam até o chão, e máscaras ossudas, como se tivessem as arrumado revirando túmulos no inferno.
— Oh, aposto que Astrides irá me recompensar com sangue puro. — disse a criatura que possuía um tridente desgastado na mão. Sua voz parecia arrastar na garganta antes de sair. — Foi uma grande sorte ter conseguido capturar esses malditos rejeitados para os sacrifícios de hoje á noite.
— Não se esqueça de comentar que teve nossa ajuda, mestre. — o que pediu tinha a voz irritante, porém, menos desagradável aos ouvidos. — Merecemos recompensas tanto quanto o senhor.
Então, esses quatro seres desconhecidos iriam até a bruxa da floresta ainda hoje? Isso era um prato farto para nós, uma vez que teríamos até mesmo guias até ela.
Meus três companheiros sorriram, também satisfeitos com a facilidade não esperada que teríamos.
— O que vamos fazer? — Ramona sussurrou para mim, gesticulando com as mãos.
— Vocês escutaram isso?! — O líder gritou, enraivecido. — Imbecis! Vocês não verificaram o perímetro?!
Assustados com o tom da criatura, os três capangas começaram a se separar para procurar a fonte do barulho. Sem ter muito o que fazer, apontei para cima, indicando as árvores.
Garras sombrias despencaram para fora de minhas mãos. Garras que no momento seriam muito úteis. Então, comecei a escalar o tronco mais próximo de mim. O príncipe adotou minha ideia, rapidamente escalando a mesma árvore que eu.
Enquanto Ramona em choque simplesmente deixou que suas asas soltassem para fora, agarrando Maxon e o levando com si para o alto. Era um bom plano também.
Já no topo da árvore, eu enxergava as criaturas apenas como pequenos pontinhos no chão. Eles jamais conseguiriam nos achar.
— Você pensa bem rápido, não? — Caliban me chamou atenção, sentado de frente para mim, no galho mais próximo. — É adorável.
— Era a nossa única escapatória.
— Poderíamos ter acabado com eles. Você sabe disso.
— E perder nosso caminho exato até Astrides? Não, obrigada.
— Se tivessem encostado um dedo em você, eu teria matado um por um. Não me importaria com Astrides. — ele disse de forma simples, como se fosse algo que poderia fazer a qualquer momento. Levantei as sobrancelhas, descrente. — O quê? Por que está me olhando assim?
E mais uma vez, lá estava ele, sem entender o peso das próprias palavras.
— Às vezes parece que você demonstra sentimentos de uma forma diferente. — desviei o olhar para o céu pintado de azul.
— Eu não sou humano. — seu tom rígido me fez voltar a olhá-lo.
— Nem eu. — rebati o mesmo tom, enquanto seu olhar penetrava no meu.
— Mesmo assim, tenho simpatia por você. — admitiu.
Simpatia.
A palavra bateu contra mim como uma onda de decepção.
Não esperava muito dele, mas, simpatia? O que fizemos foi guiado por simpatia?
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NOTAS FINAISEntão, quero desejar um feliz Natal atrasado para todos! Mesmo com essa pandemia infeliz, espero que tenham conseguido tirar proveito com suas famílias.
Esse é o segundo capítulo que postei hoje, espero que estejam gostando... :)
Quem aí está ansioso para passar o ano novo maratonando CHAOS?
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𝐇𝐞𝐫𝐝𝐞𝐢𝐫𝐨𝐬 𝐝𝐨 𝐢𝐧𝐟𝐞𝐫𝐧𝐨
FantasiaO vazio achou uma brecha na vida de Sabrina no exato momento em que ela abdicou do "Spellman" em seu nome, no exato momento em que ela deixou de ser dócil e amável, no exato momento em que... Ela se tornou ela mesma. E, cuidar do inferno estava l...