A Princesa de Pedra do Dragão

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Um vento frio soprava sobre as torres do Templo Vermelho, murmurando um som fantasmagórico que se arrastavam pelas janelas, ameias e parecia envolver todo o santuário do Senhor da Luz. Um turbilhão de folhas mortas era arrastado pelo chão quando Drogon pousou no pátio que outrora deixara o corpo sem vida de Daenerys para que Kinvara a trouxesse de volta. Parecia uma eternidade, refletiu sentindo o coração batendo aos pulos no peito. Quase conseguia recordar-se da sensação da água gelada batendo sobre seu rosto, mas nada daquilo parecia importar agora. Estava viva e sentia como se borboletas batessem em seu estômago enquanto descia do dorso quente e escamoso do dragão. Os sinetes em sua trança tilintado enquanto o vento soprava, o peso da bolsa em seus ombros carregando presentes valiosos e por debaixo da túnica vermelha, ela vestia sua armadura negra de aço valiriano.

Mal tinha tocado o chão quando ouviu seus passinhos apressados sobre as folhas secas. Rhaenyra correu até ela sem folego, empoleirada dentro de uma pequena capa vermelha, com o rosto corado sujo com tinta cor de rosa, os cachinhos prateados esvoaçando ao sabor do vento e um enorme sorriso que aqueceu o coração de Dany. Foi como se mil sóis despertassem em seu peito. Dany correu em direção a ela e a segurou num abraço tão apertado e aflito que tirou lágrimas quentes de seus olhos. Todos os dias sentia falta da filha, mas até aquele momento não fora capaz de mensurar o quanto.

- Mamãe... – ela murmurou em um doce e seguro valiriano. Os bracinhos apertados em volta de seu pescoço, fazendo uma pressão reconfortante contra sua pele. Dany a apertou com mais força, sentindo uma vontade estranha de morde-la como se ela fosse um gatinho, mas se contentado em sentir o cheiro dela e em beijar seu rosto e cabelos numa confusão de lágrimas e sorrisos. Rhaenyra também chorou, coçando os olhos enquanto abria o berreiro e se agarrava a ela.

Dany odiava vê-la sofrer e odiou a si mesma por sido a responsável por aquilo. Pegou-a no colo percebendo o quanto ela havia crescido desde a última vez que elas voaram sobre Drogon. Ela faria quatro anos dali há alguns dias, o que fez Daenerys odiar-se por ter perdido toda aquele tempo longe dela.

- Me desculpe minha Lua – disse a ela – mamãe teve que partir, mas estamos juntas outra vez – Rhaenyra sacudiu a cabeça balançando os cachinhos e fungando encostou a cabeça sobre o ombro de Dany, parecendo contente apenas por estar ali, aninhada em seus braços.

Atrás de si, Drogon sacudiu a asas e levantou voo em direção ao céu nublado. Apesar do frio, era onde ele se sentia melhor. Rhaenyra levantou a cabeça e observou o dragão partir de olhos úmidos.

- Aonde ele vai? – Dessa vez a pergunta foi no Idioma Comum.

- Ele vai caçar.

- Eu queria voar de novo – Ela se queixou e Dany deu uma risadinha.

- E você vai.

Antes que pudesse dizer mais, Verme Cinzento se aproximou com sua lança ao lado de um sacerdote roliço de pele cor de oliva e olhos vermelhos.

- Vossa Graça – Ambos a reverenciaram e Verme Cinzento se apressou em pegar a bolsa de couro de cavalo que ela carregava. Dany não a teria entregado para outra pessoa se não fosse ele.

- Seja bem vinda mais uma vez, Daenerys – disse o sacerdote. Dany percebeu que ele tinha um sotaque ghiscari, talvez de Yunkai – Eu me chamo Gradzan, ao seu dispor. Sou o responsável pelo templo na ausência da luz do nosso senhor, Doniphos Vhassar. Seus aposentos lhe aguardam, preparamos um banho e comida, mas temo que temos assuntos urgentes a tratar, se não for incomodo para a Vossa Veneração.

Daenerys colocou Rhaenyra no chão e assentiu enquanto segurava a mão dela. Doniphos Vhassar era o novo Alto Sacerdote do Templo Vermelho, escolhido para substituir Kinvara depois que ela dera a vida para salvar Daenerys e a criança dentro dela. Dany sabia que ele havia partido, assim como Aisha. Sentiu um frio na barriga.

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