Capítulo 3

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Nota da autora: Milagres de Natal existem ;)


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Jimin nunca desprezou ou desgostou da sua vida; afinal, era tudo que já tinha conhecido. Desde que ele tomou consciência de seu ser, soube que aquilo era tudo o que teria para o resto de sua existência. E estava tudo bem, sua vida era boa.

Ele passava o ano todo trabalhando com outros duendes e com o Papai Noel, fazendo presentes para todas as pessoas do mundo que enviaram cartinhas pedindo algo, para que, no dia de Natal, quando as barreiras caíssem, eles pudessem cruzar para o território humano.

Nos primeiros anos de sua existência, ele foi encarregado principalmente da elaboração dos presentes, não sendo considerado ainda adequado para viajar até o outro lado da barreira. Ele ainda era jovem e não sabia controlar seus poderes ou a magia, que o ajudariam a se esconder dos humanos e lhe permitiriam ser extremamente veloz, para conseguir entregar tudo em uma única noite, e forte, para carregar a bolsa mágica sem fundo onde levaria todos os presentes.

Foi só depois que ele terminou seu treinamento e foi considerado adequado para viajar até o território humano que seus problemas provavelmente começaram, pois Jimin descobriu que ele era estranha e irremediavelmente atraído pela humanidade.

Ao contrário de seus outros irmãos, que adoravam o serviço e aproveitavam aquelas 24h para correr o mais rápido que a magia lhes permitia e se divertiam encontrando métodos diferentes de entrar nas casas das pessoas, Jimin passava todo o tempo que podia observando as pessoas interagindo: observando uma família jantando, irmãos brincando debaixo de uma árvore de Natal, uma mulher passeando com seu cachorro... duas pessoas se beijando no quintal de sua casa.

A humanidade era brilhante.

Era, com certeza, sua parte favorita do trabalho! Mas não que ele pudesse deixar alguém saber disso.

Era terminantemente proibido falar com os humanos ou interagir com eles; a magia se assegurava disso. Ela, por si só, cobria todos eles com seu manto e os tornava indetectáveis.

E era por isso que Jimin não compreendia o que tinha sido diferente quando encontrou Yoongi. Pois, por algum motivo que ele só pôde sonhar em saber, o homem conseguia vê-lo, ouvi-lo e senti-lo.

Jimin nunca esteve tão extasiado em sua vida!

O presente de Yoongi tinha sido o último daquela noite que ele tinha para entregar e, quando o puxou do fundo de sua bolsa, não conseguiu evitar — ele caiu numa gargalhada. A coisa era tão feia! Quem em sã consciência pediria algo assim?

Depois disso, a coisa mais mágica que poderia acontecer em toda sua existência mágica aconteceu. Yoongi não só conseguia vê-lo, mas concordou —tacitamente, ok? Ele não demonstrou em nenhum momento que estava ativamente tentando fugir — em sair em uma aventura com ele.

Jimin tinha prometido que aquela aventura era para provar ao moreno que a magia existia, mas o duende acreditava que, dos dois, talvez ele tinha sido o que mais havia aprendido.

Ele aprendeu que a humanidade era tão fantástica quanto pensou que era, aprendeu que existia alimentos de tipos mais variados do que jamais sonhou que poderia existir e... aprendeu que existia um sentimento que tinha gosto de magia, que fazia seu estômago parecer que estava cheio de borboletas e seu coração bater mais forte.

Foi a mais bonita e mais aterrorizante experiência da vida de Jimin, e ele faria tudo de novo.

Ele queria fazer tudo de novo. Com cada pedacinho de si. Então, foi por isso que, desde que retornou a sua casa, ele conseguia sentir, dia a dia, que uma parte de si morria conforme o desejo crescia. O lugar que antes lhe transmitia paz e segurança, agora parecia uma prisão que lhe impedia de estar onde realmente queria. Com quem ele realmente queria.

Querido Papai Noel | YoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora