DEFESA CONTRA AS ARTES DA FOFOCA

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Os pés de Kate emitiam um som molhado enquanto ela andava: suas botas estavam cheias d'agua devido à chuva repentina que atingira aquelas partes da Escócia pela manhã. Seus cabelos pingavam e suas vestes estavam coladas contra o corpo. Como se não bastasse, estava atrasada para sua aula favorita, Herbologia, no primeiro dia de aula do ano.

Tudo começou de manhã, quando Kate desceu atrasada para tomar café no salão principal após resolver uma confusão entre duas garotas do terceiro ano, envolvendo, acredite ou não, um cachecol.

-Céus, Kate, o que houve com seus cabelos?

Sandrine chamou a atenção de quase toda a mesa da sonserina com o comentário. Erin a repreendeu, mas não pode evitar o bico de estranhamento.

A loira, que sempre usava os cabelos dourados em uma longa trança francesa, quando não em um rabo de cavalo alto, agora os tinha soltos, ondulados e volumosos como se penteados às pressas.

Ela sentou-se de frente para as colegas e, não coincidentemente, ao lado de suas colegas de quarto Eden Sage, Elise Monroe e Alberta Wolf.

Havia um acordo silencioso entre aquele grupo de garotas, que especificamente, circundava em torno da amizade com Katherine. As três meninas que dormiam com Kate não vinham de grandes famílias e muito menos possuíam alguma linhagem sanguínea de valor; Eden, por exemplo, era um sangue ruim, nascida trouxa, enquanto Erin Rosier e Sandrine Burke faziam parte de um grupo distinto de bruxos e a discriminação entre os dois grupos era evidente.

No entanto, há alguns meses, cansada de equilibrar ambas relações, Kate fez um acordo com suas colegas sangue puro, separadamente e que foi recebido com receio pelas suas outras amigas.

-Precisamos manter boas relações com essas pessoas, do contrário, grande parte da escola ficará contra nós e, uma vez que mestiços e nascidos trouxa estão ocupando cada vez mais partes da nossa sociedade, é importante que nos mantenhamos as aparências.

-Eu não serei amiga delas, Katherine. – Sandrine objetificou.

-Não estou pedindo que seja amiga delas, Sandy, apenas que as trate com dignidade quando estiverem por perto. E não só elas, todo os outros nascidos em famílias não magicas e mestiços. É bom para as aparências.

Erin concordara com o raciocínio e Sandrine não demorara para seguir a atitude da amiga uma vez que, essa última, não tinha personalidade o bastante para tomar suas próprias decisões.

A nova postura desse grupo de garotas da sonserina, bonitas e bem nascidas, influenciou outros membros da casa a assumirem uma postura mais amena em relação a alunos sem sangue puro pelos corredores e, sabendo das atitudes tomadas pela senhorita Waters, Professor Slughorn -que já admirava a garota por sua inteligência e postura nas aulas- teve certeza de que ela seria a monitora ideal para sua casa quando estivesse no quinto ano.

-Há algo errado, Katie?

A voz sedosa de Alberta despertou Kate de sua agitação enquanto passava geleia em um croissant.

-Ainda tenho que falar com Moody e se o relógio de Elise estiver certo- ela apontou com o queixo, surpreendendo a amiga pela capacidade de visão da outra- estamos atrasados para levar as crianças do primeiro ano para suas salas.

-Você precisa de ajuda, amiga? -Eden ofereceu.

Erin, do outro lado da mesa, fez uma cara de insatisfação.

-Penso que aquele irlandês grosseirão pode muito bem te fazer esse favor, Kate e levar o primeiro ano da nossa casa sozinho para as aulas. - Katherine a encarou - O sétimo ano não tem o primeiro horário hoje, meu irmão está livre também, é claro.

UNDER BLACK WATERSOnde histórias criam vida. Descubra agora