Sai daqui, Carniça!

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- Kacchan, me espera! Eu não consigo andar tão rápido assim! -clamava o esverdeado com suor escorrendo pelo pescoço, vendo o loiro andando o mais rápido possível na sua frente.- Ei! Kacchan!

- Me deixa em paz, Fantasminha Camarada! Eu vou arrancar seus olhos se você continuar me seguindo! -gritou de volta do loiro de olhos vermelhos, entrando numa trilha nova da floresta. Essa que era mais escura e mais escondida pelas árvores.- MAS QUE INFERNO! VOCÊ ESTÁ ASSSUSTANDO MINHA JANTA!

O fantasma assustava todos os animais que Katsuki queria pegar pro jantar, já que sua presença deixava os bichos desconfortáveis.
Ao contrário do loiro, Izuku não sabia ser discreto e se disfarçar, ele simplesmente ficava parado, olhando com aquela cara de retardado.
No final, já tinha perdido dezenas de presas. Sua barriga estava quase chorando de fome.

- Me desculpe, Kacchan! É que eles são tão fofinhos, não posso deixar você comer eles! -Agora estava explicado porque ele espantava sua caçada toda vez que encontrava algum animal.- Mas se quiser, eu divido meu lanche com você.

Katsuki estreitou os olhos, o que diabos aquele Fantasminha poderia lhe oferecer?
Um lobo come tanta carne pra ficar satisfeito, o que ele planejava lhe dar? Alface?
Certamente isso não mataria a fome de um lobisomen como ele.

- Não preciso dos seus restos, bastardo. Como se não bastasse me deixar caçar, ainda quer jogar na minha cara que não posso arranjar minha própria comida? -Midoriya tremeu com o olhar raivoso que o lobo lhe deu, enquanto o mesmo ficava com sua cauda agitada. Um claro sinal de agitação.- Porque caralhos você continua me seguindo? Quer levar uma surra?

O lobo continuou caminhando pela trilha molhada da recente chuva, era próximo das 01 da manhã, mas ele não parava até saciar sua vontade e fome.
Estava desde as 21 a procura de comida, mas aquele fantasma espantava todos os animais que achava.
Se continuasse daquela maneira, iria morrer de fome.

- Você sabe que não sinto dor, Kacchan. Estou morto. -Bakugo engoliu em seco, sabendo que mesmo batendo, não poderia causar dor alguma naquele bastardo. Era inútil tentar usar a força com aquele ser.- Se eu entrasse no corpo de alguém, talvez sentisse dor.

Bakugo parou imediatamente.

- Você pode entrar no corpo das pessoas? -Agora o lobo olhava nos olhos do fantasma,com seus olhos vermelhos brilhando em animação.

Midoriya desviou o olhar, pensando longe.

- Sim; mas é complicado, porque meu espírito pode entrar em conflito com a alma da pessoa...-Katsuki ergueu uma sobrancelha, enquanto o esverdeado sorria de nervosismo.- Normalmente quando faço isso, acabo expulsando a alma da pessoa do corpo, e matando ela.

Agora Katsuki estava assustado, então aquele fantasma já havia matado pessoas?
Pra um fantasma, ele era bem forte então.

- Interessante...-murmurou Bakugo, deixando Izuku nervoso, porque quando ele falava isso, era porque pensava em coisas maléficas. Nada muito surpreendente vindo do loiro.- Quantas pessoas já matou?

- Kacchan! Não fala como se eu quisesse matar elas! Foi realmente de propósito! -Katsuki revirou os olhos pro fantasma, enquanto o sardento se encolhia no lugar, sem conseguir olhar nos olhos do lobo.- Pelo que eu me lembro...umas 279...pessoas.

Bakugo arregalou os olhos.

- E você ainda me diz que foi de propósito? Ah, vai enganar outro, Deku. -O lobo continuou sua estrada, tirando alguns Matos que ficava no meio de sua trilha. O som de coruja alertava sobre o quão tarde estava naquela noite.- Droga, daqui a pouco vai amanhecer e eu estou quase vomitando minhas tripas de tanta fome.

O lobo olhou pro esverdeado.

- TUDO CULPA SUA, SEU BASTARDO! FICA EXPULSANDO MINHAS PRESAS! ACHA QUE ESTAMOS NUMA FEIRA?! NÃO É FÁCIL ENCONTRAR UMA PRESA! -gritava o loiro, vendo o sardento dar um pulo surpreso no lugar atrás de si.- SE EU PUDESSE, TE MATAVA COM MINHAS PRÓPRIAS MÃOS E TE DEVORAVA VIVO! SEU URUBU! PARECE CHICLETE! NÃO LARGA DO MEU PÉ!

Izuku suspirou, se virando e seguindo o caminho de volta pela trilha, deixando o lobo confuso.
Katsuki sorriu, cruzando os braços,vendo o fantasma indo embora pela floresta.

- FINALMENTE! JÁ VAI TARDE, SEU RESTO DE ABORTO! -comemorou o loiro.

O lobisomen decidiu então continua seu caminho, seguindo a trilha que nem conhecia direito, em busca de algum animal pra comer.
Caminhou durante alguns minutos, sentindo aquele arrepio na espinha, como se alguém o estivesse seguindo.
Olhava pra trás a cada três minutos. Nenhum sinal do fantasma.

Talvez fosse porque ele estava sentindo falta daquele fura olho? Por isso sentia aquele calafrio, como se algo estivesse faltando.
Mas bem, quem disse que o grande Bakugo precisava de companhia?
Lobos são solitários por natureza, não deveria se acostumar tão rápido com a presença daquele fantasma.
Nem gostava daquele bastardo, então porque estava se esgotando  inquieto?
Rangeu os dentes, parando de caminhar.

Foi então que um grande cervo caiu diante do loiro, caindo sobre seus pés. Sangue do animal escorria pelo seu pelo, e seu pescoço estava quebrado.
Katsuki arregalou os olhos, seu lobo inferior gritando ao sentir o cheiro do sangue. A fome dando novamente um sinal de vida.
Mas dá Onde diabos surgiu aquele animal?
Ele caiu do céu?
Olhou ao redor, se assustando ao ver o fantasma atrás de si, com o capuz pra baixo, com sangue sobre as bochechas e manchas vermelhas sobre sua roupa.
Suas mãos ensanguentadas.

Um olhar raivoso sendo iluminado em seus belos olhos verdes esmeraldas.
O esverdeado limpou o suor que caia de sua testa, apontando pro animal morto diante do lobo.

- Sua comida. -disse simplista, deixando os olhos alheios ainda mais chocado. O sardento limpou o sangue de suas mãos na sua própria roupa, nem ligando se tinha sangue na sua cara.- Foi fácil pegar ele, estava parado perto da montanha, comendo algumas verduras.

Ele tinha ido até a montanha? Como ele chegou naquele lugar em tão poucos minutos?
O miserável virou o flash agora?

- Como você conseguiu matar ele? Pensei que fosse contra a violência. -sorriu o loiro, debochando do esverdeado, enquanto se ajoelhava diante do seu jantar. Pelo menos agora não estaria mais com fome.

- Eu posso ser um fantasma, mas eu também tenho capacidade de fazer coisas. Matar ele foi moleza. -Izuku se aproximou do de olhos vermelhos, vendo ele entrar na sua forma animal, e devorar o Cervo. O sangue novamente respingou contra o fantasma.- Eu avistei uma cabana aqui perto, se quiser posso te mostrar depois. Parecia vazia.

Lobos eram alvos constantemente de caçadores, então Bakugo se escondia toda madrugada deles.
Os caçadores eram espertos, e saiam cedo em busca de sua cabeça pra sua coleção.
Depois que caçava, o lobo se escondia normalmente em uma caverna.
Katsuki ficou em sua forma mais "humana", lambendo seus dedos cobertos de sangue.

- Tanto faz. -ele desviou o olhar pro Cervo diante de si.- Esse bicho tem carne Friboi, é? Não é como os outros cervos que já comi.

Midoriya riu.

- Já terminou? -perguntou.

Bakugo se levantou.

- Sim. Vamos pra esse barraco que você falou aí, tô com sono pra um caralho. -enquanto respondia, o lobo andava mais a frente, esticando os braços e bocejando.

Midoriya seguiu seu lobinho.

E assim se encerrava mais uma noite daquela dupla.

Eu sei que poderia ter ficado maior, mas os capítulos serão aventuras Onde eles se metem
Talvez eu expliquei melhor no próximo capítulo
Boa noite

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