A Coroa dos Reinos - Crônicas de Faerien

PRÓLOGO: Murdoc, o bardo dos mundos

Eu estive em vários mundos durante a minha vida, alguns muito bons e outros nem tão bons assim, tenho lá meus favoritos, não vou mentir, mas esse mundo, sim, esse mundo é o melhor de todos. Para além das estrelas, quadrantes e dimensões, existe um lugar chamado Faerien, quer você acredite ou não, e eu estive por lá, afinal, se você apertar um pouco os olhos sobre um mapa dessa fantástica terra, poderá ver logo ali, nas Ilhas de Safira, dominada pelos humanos, uma criança que acabara de nascer com poucos fios de cabelos amadeirados e íris de oliva. Ah sim! Esse sou eu, Murdoc Macieira, o bardo dos mundos, e o prazer é todo meu! Que tal uma canção?

"Nas Ilhas de Safira,

pude ver o amanhecer

Através dos oceanos,

Faerien conhecer

Ainda pequenino,

ganhei meu violão

Naveguei os grandes rios

para compor essa canção

Eu vi as grandes montanhas,

e seus sombrios vales também

Caminhei no Algar atento

para não atravessar o além"

É, esse mundo tem muitas maravilhas para se ver, levei anos a fio de carona nos portos até ter certeza de que não faltava nem mais um centímetro a se conhecer. Vi grandes reinos, fui expulso de outros maiores ainda, e assim eu concluí que elfos não gostam de poemas cantados falando de sua orelha pontuda.

Sei que você deve estar se perguntando: mas afinal, que mundo é esse? Elfos realmente existem? Eu queria poder responder que somente eles existem, mas não é bem assim. Em minha terra natal habitam muito mais que apenas elfos e homens, há outros seres que me causam arrepios só de mencionar. Orcs, demônios, elfos negros... Olha, se nenhum desses é seu vizinho, agradeça ao universo.

Eu estive no seu mundo várias vezes além desta em que estou contando essa breve introdução. Os habitantes desse seu planeta, a Terra, enchem-me de sentimentos confusos, sinto pena daqueles que vivem tão simploriamente sem sonhos e sem nem mesmo conseguir terminar de ler o que eu escrevo sem dizer que é uma grande bobagem, seres infelizes e amargurados. Por outro lado, os acho sortudos por ainda restar em alguns coisas como a esperança e como essa esperança os faz seguir sempre em frente.

Humanos são escassos em Faerien e, junto de nós, a esperança também se esvai. Poucos são os outros seres que ainda conseguem sentir algo assim, talvez os elfos das florestas e seus filhos com nossa raça, mas os altos elfos com certeza não, eles são frios como um cubo de gelo!

Mas uma coisa engraçada é que nesse lugar, que vocês chamam de Terra, vi muitos se esconderem de qualquer criatura que apresente um mínimo traço de periculosidade. Em Faerien, um orc é meu vizinho. Lá os monstros não são fictícios, eles pedem uma xícara de melaço para adoçar o chá em nossa porta pela manhã.

Então, cuidado ao continuar lendo essa aventura, nunca se sabe o que se pode encontrar no fim da trilha. Se um dia for parar em Algar, torça para sair vivo de lá. Ah! E lembre-se sempre, nunca chame um elfo de orelhudo! Evite o máximo de contato visual com aquelas orelhas pontudas. Caso não consiga, vá para Algar, até o lugar menos agradável de Faerien é melhor que um orelhu... Elfo irritado.