Vergonha

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Esfreguei meu rosto e respirei fundo, logo um policial entrou pela porta e solicitou meu depoimento sobre Ryan, e que sim tinham encontrado ele de acordo com a placa do meu carro que informei e que ele estava sendo interrogado pelo meu advogado, franzi o cenho quando ouvi já que não havia pedido nenhum advogado mas entendi quando falaram que minha família estava do lado de fora da porta, a qual eu também não havia chamado. As notícias em Londres se espalham rápido demais, graças as redes sociais todos se sentem no direito de falar dos outros, esfreguei meus olhos e acenei com as instruções de segurança que o policial me dava e no final de tudo saímos pela porta da sala. Minha mãe estava logo ao lado e me abraçou no mesmo momento que me viu, pedindo desculpas sem parar, acalmei ela e disse que o drama era maior do que a realidade. Ouvi a porta em frente a nós e vi Mark saindo e sua expressão era séria, fiquei em choque de vê-lo ali e cai em lágrimas de novo , senti os braços de minha mãe me abraçando e escondi meu rosto em minhas mãos. Minha vergonha era do tamanho do universo agora.

- Estamos sempre com você, querida. Mark nos chamou assim que ficou sabendo da confusão, você deveria agradece-lo. – ouvi a voz de minha mãe e senti uma mão quente em minhas costas.

- Não é necessário nenhum agradecimento. – Ouvi a voz de Mark e sua mão desceu pelas minhas costas.

- Por favor, nos informe o veredicto. – Ouvi a voz seria de meu pai e Mark puxou algumas folhas da maleta que ele carregava, fiquei chocada em o quão rápido Mark já tinha tudo pronto.

- O veredicto ainda não saiu haverá uma audiência com o juiz na semana que vem. – Mark leu o papel e explicou – Emma não precisará dar nenhum depoimento mais, eu tomarei conta de tudo e tentarei tudo para coloca-lo na prisão por no mínimo 10 anos.

-Mark, é demais. – falei rápido, entendo tudo que aconteceu mas 10 anos era demais. Mark me olhou serio e um pouco decepcionado.

- É possível defender tudo, mas lei é lei, acredite eu odeio ter que estar fazendo isso. – falou frio com as sobrancelhas arqueadas enquanto organizavas os papeis e os colocava na maleta, a tristeza tomou conta do meu peito sabendo que ele se referia a mim – você terá que comparecer no departamento de analises físicas e verificar se há algum hematoma, assim podemos usar contra ele na audiência. – Mark olhou para mim e minha mãe parecia tão atormentada com tudo, Mark pediu licença e saiu pela porta da delegacia.

Era com certeza um ato muito bonito ele estar fazendo isso por mim e ter movido as peças de tudo tão rápido, nem eu acreditava que em 1 hora ele conseguiria planejar tanta coisa, papéis, documentos, achar Ryan por Londres, talvez ele realmente tenha se tornado um advogado de sucesso. Segui as instruções de Mark e infelizmente tive que passar pela vergonha se der analisada sem roupa por uma perita, mas foi tão rápido e ela nenhum momento me deixou desconfortável, naquele momento que minha ficha começou a cair sobre o que eu tinha passado, pensei em Mark sozinho na sala com Ryan e lembrei da briga do nosso primeiro ano novo juntos, será que ele também queria brigar com Ryan? Ele parecia aborrecido mas mantinha a mesma expressão, era a mesma que eu sempre conheci mas agora era diferente, eu não conseguia entender.

Voltei direto para a casa de meus pais, nos acalmamos e eu tive a oportunidade de explicar tudo mais calma para todos, eu jamais queria preocupar eles então tentei ao máximo explicar que não havia sido nada de mais e Mark havia enlouquecido demais. Quase não dormimos pela noite, ainda baratinados pela situação, no dia seguinte consegui 1 semana no trabalho livre, voltaria após a audiência, logo liguei para Mitchell e Cam e expliquei o que havia ocorrido, ver a expressão dos dois completamente loucos e bravo me fez rir um pouco, eles eram a comédia em pessoa até quando falavam serio e eu os amava. Fiquei em casa durante a audiência, que ia ser pela tarde e liguei para Mitchell me ajudar com um coisa, já que meu carro estava na delegacia apreendido ainda para pericia, em algumas horas ele estava na porta da casa dos meus pais, o apresentei e tomamos um café todos juntos, foi ótimo e nos tirou algumas risadas.

Entrei no carro com Mitchell e fomos para meu apartamento, ele era a única pessoa que eu confiava para poder compartilhar certas coisas, então ele comprou o plano e dirigiu para mim. Ao entrarmos no meu apartamento, fui direto para meu quarto e esfreguei meu rosto lembrando da situação desconfortável.

- Meu deus. – Mitchell falou olhando para a porta encostada na parede parecendo um pedaço de lixo – Que coisa mais horrível. Eu sabia que não deveria ter te deixado escolher sozinha um homem. – falou pegando coisas do chão e colocando na minha cama.

- Também acho, você tem mais experiencia com homens do que eu. – soltei um sorriso para ele – estou em um relacionamento monogâmico então esse comentários não são mais validos – ele respondeu, ri enquanto pegava a caixa do chão e juntava algumas fotos que tinham caído para longe, Mitchell me olhou triste.

- Será que ele vai achar que eu quero ele de volta? E quero trazer a tona tudo nele? – falei botando a caixa em cima da cama, olhei para as fotos e sorri.

- Que tal achar algo que não seja verdade, ai sim podemos falar em probabilidades. – Ele falou rápido sentando na cama e olhou para as fotos.

- Acha que eu ainda sou muito infantil por guardar tudo isso e fantasiar anos e anos? – suspirei e fechei a caixa, me senti envergonhada.

- Emma. Você amou, de verdade. Você só não pode deixar que isso interfira na sua vida e faça você cometer erros como esse que você cometeu. – ele segurou minha mão, suspirei e me sentei ao lado dele enquanto ele me chamava para um abraço.

Direito de AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora