Único.

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podemos fingir que ninguém notou meu sumiço?

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Diferente dos dias anteriores, o céu estava nublado quando saí de meu apartamento para encontrar Ashido e os outros. Meus cabelos castanhos estavam soltos em minhas costas, vestia uma camiseta rosa com botões em seu colarinho que pendia até meu umbigo e calça jeans jogger azul claro. Colocando meu brinco de pérolas, fechei a porta ao gritar um "Tchau, tem comida na pia!" para Mimi, o gato, e segui pelo corredor estreito até as escadas.

Era 8:30 do dia 31 de dezembro, o que significava que todos os meus colegas da faculdade sairiam dali a poucas horas para uma chácara na Ilha de Kyushu, mas eu não iria. Não que não tivesse vontade! Mas além de ter emprestado meu dinheiro para que meus pais pudessem ir visitar minha tia, eu não me sentia disposta a encontrar com meu ex-namorado, Izuku Midoriya. Estudamos juntos no curso de administração na U.A e tivemos uma boa relação, mas ultimamente as coisas estavam tão complicadas que, na tarde do dia 26, rompemos o relacionamento. Lembrar de algo tão recente ainda iria doer por muito tempo, e eu me negava a tocar ainda mais na ferida.

Apesar de tudo, meus amigos vieram sendo gentis comigo: se ofereceram para pagar os gastos da viagem, mas eu recusei; optaram por passar o final do ano em casa, mas como eu poderia deixar? Eles haviam se programado tanto; pensaram em alugar uma chácara mais acessível, mas eu sabia que Aoyama estava sonhando com os closets de Kyushu desde julho. No final, se renderam, e por maior que fosse minha decepção, eu decidi acompanhá-los até o Aeroporto Internacional de Tóquio e estampar meu maior sorriso para a felicidade deles.

—Você tem certeza?— Hagakure perguntou, colocando as mãos em meu rosto para que eu a olhasse nos olhos. Seu japonês era um tanto puxado, porque crescera ouvindo seus criadores falarem em iorubá, um idioma africano, mais do que japonês, o qual passou a aprender somente quando foi adotada, mas mesmo assim, sua face gentil demonstrava a preocupação com o meu bem estar.— Não quero deixá-la sozinha, Ura, é Véspera de Ano-Novo, é tão errado!

—Ora, não se preocupe Gake, eu estarei com Mimi, farei ligação com meus pais enquanto eles estiverem em viagem de carro hoje a tarde e, afinal, eu preciso de um tempo sozinha.

—Ah, minha amiga, mesmo assim...bem, se insiste, como você está?— Ela olhou para trás, vendo que Izuku conversava com outras pessoas, antes de continuar.— Sobre ele...

—Estou tentando, eu prometo a você.— Não queria que minha voz soasse tão embargada.

—Sei que está.— Toru me abraçou forte, sem mais perguntas. Normalmente éramos assim: só perguntávamos até o momento em que notássemos bastar; era bom abraçar minha melhor amiga antes de passar um de meus feriados prediletos sozinha.

—Agora vão, ok? Não se importem com ligações, para não aproveitarem menos, mas me mandem uma mensagem quando chegarem!— Tentei sorrir para o grupo novamente, vendo que estavam receosos de me deixarem.— Izuku, arraste-os logo, por favor, vocês vão perder o vôo.— Pedi para meu ex, na esperança de transparecer que estávamos bem, que eu estava bem, mesmo que não estivesse de fato. O cacheado somente concordou com a cabeça, chamando a todos, que um a um, se despediram e seguiram Aeroporto a dentro. Observei Katsuki Bakugou, um garoto loiro de feições estressadas, porém belas, sussurrar algo para Eijirou, seu namorado, que prendeu os cabelos ruivos antes de beijar a boca do outro levemente, sorrindo para mim ao soltar a mão do garoto e entrar.

Bakugou era um amigo muito próximo. Não consideraria melhor amigo, como Iida Tenya o era, mas sim alguém que me conhecia sem de fato trocar tantas palavras. A presença dele intimidava a muitos, mas a mim, assim como ao seu bakusquad, não. O loiro se aproximou, andando com as mãos no bolso até parar na minha frente.

Alone and OkayOnde histórias criam vida. Descubra agora