Alessa, estava no carro por alguns minutos desde que chegaram. Kiara havia saído do veículo e entrado em casa, sabia que sua esposa estava distante e queria ficar sozinha. A massoterapeuta também não estava diferente.
Ambas tinham apenas um pensamento e várias dúvidas, tudo era sobre uma única pessoa: Mônica Castro.
Como se fosse possível a sensação foi como voltar no passado e presenciar tudo. As lembranças estavam vivas e isso assustava e como se tivessem em um tribunal, ouviram a voz grossa do juiz decretando guerra e por fim batendo o martelo.
Piazzi seria a última a admitir algo por Castro, Kiara, seria a primeira a afirmar o sentimento, já Mônica tinha o benefício da dúvida.
*_*_*
A noite tinha um clima leve, um ar apaixonado rodeava o casal. Todo final de semana era como ritual para o casal, jantar fora todo sábado ou domingo.
O restaurante Paladar, estava muito mais aconchegante, confortável e reservado. Aberto para todo o tipo de público, o estabelecimento tornou-se grande. Marina, a dona, o expandiu a ponto de ser o melhor do estado. E foi nesse ambiente caloroso que o casal Piazzi, foram comemorar atrasado os doze anos de casamento.
Entraram no restaurante com as mãos entrelaçadas, evidenciando o contraste da cor, se olhavam nos olhos sorrindo, era palpável a paixão que as duas exalavam.
Mas como se o corpo precisasse de oxigênio para respirar, tudo parou, o ar parecia sumir aos poucos. O corpo ficou estático, o coração perdeu o ritmo calmo, acelerando em segundos alertando que precisava de atenção. A boca seca, os olhos esbugalhados, tal cena seria cômica se não fosse perigoso demais. Era perigoso. Piazzi teve certeza disso quando os olhos de Mônica lhe confessaram silenciosamente de forma rude. Notou o sorriso da negra morrer sobre os lábios, ela conhecia o sabor tão bem que poderia sentir seu paladar fisgar a sensação. Viu seu corpo tão relaxado na cadeira ficar tenso, ereto. Certamente nenhuma das duas esperava por isso, não quando tudo parecia estar bem. Era uma atração de choque que evitava sentir a eletricidade percorrer seus corpos, era uma química de poder e acima de tudo dominação. Nenhuma delas queriam ceder primeiro.
Sentiu um aperto firme de sua esposa chamar sua atenção, olhou para Kiara e percebeu que não foi muito diferente para ela rever Castro. Estava ciente dos sentimentos que a esposa ainda nutria pela agente. No fundo sentia o ciúmes lhe sufocar, mas se questionava, ciúmes do que exatamente?
— Vamos até a mesa cumprimentar, está toda a família, principalmente Mônica. Deve ser alguma comemoração. — Kiara disse animada.
— Vamos para outro restaurante.
— Não! — afirmou — desmancha essa carranca, iremos apenas saudar e depois seguiremos para nossa mesa. Independente das circunstâncias é o nosso aniversário de casamento e você não vai estragar isso, Alessa.
Era só um reencontro inesperado. Mônica estaria visitando a família como todo ano fazia, nada poderia piorar. Piazzi olhou nos olhos da esposa vendo-os brilhar em expectativas.
— Ok, mas não demora, por favor. Você quando engata conversa não para. Eu já estou com fome — Kiara sorriu dando um selinho na esposa que correspondeu.
Alessa arrumou a postura e tornou sua expressão de quando está em trabalho. Não deixaria transparecer suas emoções do momento, tornando assim sua face inexpressiva. Caminharam até a família Barcellar e Castro.
O cumprimento teve aperto de mão forte entre Mônica e Alessa, com uma troca de olhar intensa. A massoterapeuta um pouco mais abusada puxou a agente para um abraço, sentindo seu perfume. Sabia que tinha pendências, mas evitou pensar no ocorrido de anos atrás. Saudaram toda a família e se surpreenderam com o motivo de estarem todos reunidos. Só quando se afastaram, Alessa soltou sua respiração, podendo ficar confortável sentindo o ar agradável do vento que entrava pela janela do restaurante, indicando também a bela vista do mar.
— Viu, não foi difícil. — exclamou Kiara.
— Não foi pra você que morre de amores.
— Ciúmes? — Questionou vendo a delegada mexer nos cabelos curtos, sinal de nervosismo.
— Não fale besteiras! Vamos voltar ao foco no que viemos fazer aqui e porque viemos.
— Tudo bem, mas ainda conversaremos!
— Agora não. — Deu por encerrado o assunto e se permitiram relaxar engatando em lembranças do casamento. Sorriam lembrando de cada fase do relacionamento, as ficadas, o pedido de namoro e logo o de casamento. Mergulharam nos momentos vividos que com o passar do tempo se distraiam tornando a comemoração do casamento leve e especial.
*_*_*
Agora Alessa saia do carro com sua mente lhe traindo e trazendo a imagem de Castro novamente. Estavam comemorando seu retorno ao Brasil, o que significava que em breve elas estarão de frente uma para a outra.
Entrou na casa e se não fosse a luz do corredor acesa não enxergaria nada. Ouviu o barulho do chuveiro ligado, Kiara estava no banho, deixaria que terminasse. Caminhou pela sala em passos pesados, acendeu a luz e foi na estante retirando dela sua garrafa de whisky, pegou um copo limpo do lado e encheu do líquido marrom até a metade.
Voltou para o centro do cômodo, sentou na beirada do sofá preto e bebericou da sua bebida, sentiu sua garganta queimar e os olhos lacrimejaram. Olhou para o copo em suas mãos e se perguntou como que a bebida poderia ser tão boa e ruim ao mesmo tempo. Talvez fosse exagero, era a sua preferida.
— Sabe — sua atenção foi tirada ao olhar sua esposa em uma camisola sensual e transparente, deixando seu seio e sexo desnudos. — Temos duas coisas para resolver esta noite e você sabe que eu só troco de assunto quando finalizo um. — Kiara se aproximou e sentou atrás de Piazzi colocando suas coxas dobradas em cada lado da cintura da mulher -- Então antes que eu dê início para meu tema principal — Suas mãos passearam pelas costas da sua esposa até chegar no ombro e dar uma apertada forte, onde captou um gemido. Ela estava tensa. — Vamos conversar sobre Castro. — Disse puxando a jaqueta da delegada, deixando-a com a regata branca.
— Será uma perda de tempo, Kiara. Pule!
— Perda de tempo é você me enrolar, eu vi e senti sua mudança — a massoterapeuta fazia uma massagem na esposa com o intuito de faze-lá relaxar.
— Você sabe que nunca nos demos bem, claro que eu mudaria. — Tomou o resto do whisky e colocou o copo no chão.
— Mas não foi nesse sentido — puxou a regata da mulher, a deixando de top.
— Kiara…
— Fala, Alessa. O que sentiu?
— Não! Está vendo, ela mal chegou e já começamos a discutir de novo por causa de Castro.
— Discussão? Não amor. Quero apenas um jogo limpo — disse passando as unhas médias na nuca da esposa, arrepiando-a.
Piazzi, virou-se de frente, ajoelhou no sofá sentando em seus calcanhares, Kiara envolveu suas pernas na cintura da mulher sendo puxada com força deixando seus rostos quase colados. As mãos possessivas da delegada faziam uma leve pressão no quadril da esposa. Os braços da massoterapeuta faziam movimentos, subia e descia com as unhas nas costas quase nua de Alessa.
— Eu senti meu corpo esquentar, senti vontade de enfrentá-la e senti raiva por estar sendo traída. — confessou Piazzi.
— Traída por quem?
— Por mim mesma, pelo meu corpo. Isso está fazendo meu sangue ferver. — Alessa disse perto dos lábios da esposa que acariciava sua nuca.
— Que situação delicada, meu corpo também reagiu quando eu e ela nos abraçamos, mas de uma forma boa, ela piscou… — mordeu os lábios finos a sua frente.
— Kiara, não me provoque, não faça minha raiva aumentar.
— Desconta sua raiva me fodendo!
Ao ouvir tais palavras, Alessa levantou com a esposa no colo. Entrou no quarto grande do casal e jogou a mulher na cama. Seus olhos possuíam desejo, fúria e luxúria.
— Foi você que pediu — disse com a voz que entregava sua excitação. Caminhou até a porta e a trancou. — Sua comemoração começa agora…
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Amor&Ódio - Aos Seus Pés -Livro 2
Mystery / ThrillerDesafio. Palavra que resume essa história. A vida de cada personagem, colocada sobre um ringue, onde cada um terá que lutar, desafiando a si mesmo a não dar vazão ao sentimento de amor e ódio. Sete anos se passou com Castro residindo em Nova York. E...