Prólogo

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Mariano

A confiança parecia longe demais para ser alcançada. As decepções frequentes e discursos de merda sobre a individualidade, bloquearam as malditas emoções. Me ensinaram que as pessoas vêem e julgam os sentimentos alheios, sem ao menos buscarem saber os motivos por eles estarem ali. Se você não demostra-los, não será julgado pelos fodidos pecadores que estarão sempre prontos para lhe apontar.

— Está sentado aí a horas, Mariano — A voz tediosa de Julian me desconcentra. Animado como sempre. Sacudindo seus pés livres na cadeira, um sorriso verdadeiro banhando seus lábios.

Eu realmente estava inquieto. A dor em minha coluna alertando que o tempo sentado havia sido longo como de costume. Julian tinha a maldita mania de nunca esquecer as promessas que lhe fizeram, não me dando opções para fugir ou retroceder em minhas palavras. Ele seria um excelente homem se levasse essa qualidade até seu túmulo.

— Esteja pronto em cinco minutos, nada mais. Não irei ensinar a usar facas ao anoitecer. Isso se tornaria ainda mais perigoso — Repouso minhas mãos sobre os papéis a minha frente, reunindo todos em pilhas ao ver Julian deixar o escritório saltitando. A criança de quinze anos habitava em seu interior de forma surpreendente. O que deveria ser questionado, se fossemos pensar que os garotos em nosso mundo carregam sangue nas mãos sendo ainda mais novos.

As planilhas feitas voam para a gaveta. A contabilidade do que arrecadamos na noite passada com a exploração em jogos de azar. Alguns homens precisavam ser cobrados, outros até mais. Parecia insignificante morrer por não conseguir controlar seus vícios em apostas. Insignificante o suficiente para perdemos tempo tramando uma morte elaborada. Esses eram os que morriam e acabavam na vala no fim das contas.

— Podemos ir? — Sorrio ao ver a regata que Julian usa, acampanhada por seu short preto e tênis rasteiros.

Ele sempre foi a criança feliz com os malditos olhos de anjos. Puxando o tom esverdeado, mas ainda sim escuros de nossa mãe. Cabelo curto e castanho, não se destacando em sua pele morena. Algumas semelhanças eram notáveis em nós.

Levanto-me, pegando minha arma sobre a mesa e ajeitando de forma rápida a mesma em minha cintura. Meu pai estava devidamente ocupado conversando com seus homens sobre os próximos ataques. Eu estava responsável por fazer a segurança de Julian. Todos sabem que sou o único capaz de doar minha vida por ele.

— Ainda não acredito que irei aprender isso hoje — A cada cômodo, os homens parecem se divertir com o entusiasmo do meu irmão. Hoje a casa estava cheia deles.

— Está na hora de começar a entender o sentido dessa vida. Na sua idade eu acabava com muitas delas — A garagem a qual entramos tem seu espaço surpreendente para acolher os inúmeros carros. Escolho o Porsche branco ao canto da garagem.

— Você não deveria se orgulhar tanto disso — As palavras cautelosas de Julian levam meus olhos até ele. Ele ainda não entendia a importância que existia por trás da faxada de homem socialmente importante e perigoso.

Um sorriso discreto puxou o canto dos meus lábios. Me sento ao banco do motorista, sentindo a maldita leveza e domínio que um carro como esse me proporciona. As ruas desertas me faziam acelerar como um louco.

— Então diz irmão. Sua animação se resume a simplesmente usar as facas, ou saber que o uso delas pode tirar a vida de quem você quiser? — Não era certo questiona-lo sobre isso. Não para mim.

Eu farei o impossível para que Julian aproveite sua adolescência. Os dias perturbadores que ainda me lembro, não são convidativos para um menino como ele.

— Isso soa individualista demais, Mariano. Eu não sou o único que terá nas mãos o poder de tirar vidas alheias — Sua inocência me preocupava as vezes. Eu teria um longo trabalho em aperfeiçoar seu ódio e raiva por seus inimigos.

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⏰ Última atualização: Jun 25, 2021 ⏰

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