Danse Macabre - 1875

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Sempre fui uma criança problemática, não por motivos devidamente aparentes,acho que seria bem o contrário disso. Lembro-me de visões que tinha quando era mais jovem,como da vez eu vi minha tia sendo atropelada através de um sonho, e tempo depois se concretizar. Claro,poderia ser uma coincidência, mas isso mudou quando as visões, todas elas, passaram a acontecer.
Passei a lidar com isso não da melhor forma. Escolhi me isolar de todos,assim não poderia ver seu futuro, e confesso, minha vida estava mais monótona que o de costume,as aulas na faculdade ficavam cada vez mais chatas e difíceis de prestar atenção. Mas isso mudou quando uma garota nova entrou na minha sala.
Ela tinha cabelos negros como a neblina da noite e as memorias das pessoas eu já havia visto morrer em minha mente, seu corpo era esguio e sua pele era esbranquiçada quase como um floco de neve,mas o que mais me agradava na aparência dela eram seus olhos,afiados. Aqueles mesmos olhos me perseguiam durante as aulas,não sabia o que fazer, o que ela procurava olhando para mim?Eu era tão sem graça e de aparência pouco desejável, não poderia me aproximar dela mesmo que quisesse; ao menos era o que eu pensava.
Ela sempre tentava me parar nos finais das aulas para conversar, ate chegar em um ponto eu não conseguia mais dar desculpas e apenas dei-lhe meu número como escapatória para aquele questionário sobre mim. Desde desse dia começamos a nos falar por telefones todas as noites, isso durante quase seis meses, na escola a mesma coisa, e ela foi a primeira pessoa eu não tive visões.
"- Vamos para minha casa hoje?" – as palavras dela ressoavam quase como um convite indecente, e claro, eu não recusei.
Fomos no seu carro depois das aulas de fim de tarde, a neblina estava densa, o vento uivava e a lua estava cheia uma noite perfeita. A casa dela ficava mais para o interior, era quase como uma granja, cercada por grandes árvores, uma mata aberta de toda forma. Saímos do carro e ela segurou minha mão, sua boca me devorava, seus olhos me despiam, e ela fazia o mesmo enquanto íamos ainda mais para dentro da mata. De repente suas costas já estavam nuas e seus cabelos cobriam seus seios, era como se ela pudesse brilhar diante da escuridão, sua pele branca reflectia como o luar e de repente ela para em algo que mais parece um circulo, seu batom vermelho agora estava disperso sobre mim também, nos deitamos sob o luar e a natureza, ela se levantou do meu lado e bebeu algo que estava em sua mochila, ficou por cima de mim e me beijou. Senti um líquido gélido escorrer por minha garganta e foi aí que ouvi suas palavras:
"-"Se por te beijar tivesse que ir depois para o inferno, eu faria isso. Assim poderei me gabar aos demónios de ter estado no paraíso sem nunca entrar.""
"-Shakespeare." – meus olhos pesaram e não mais acordei. Fora de meu corpo pude ver, ela colocou meu corpo já sem vida no meio do mesmo círculo que havíamos transado e dançou ao redor. Logo pegou um punhal em sua mochila e abrindo minha barriga de forma calma e até mesmo doce, tirou meus órgãos e os despejou ao meu redor, de repente uma silhueta negra se forma, a pouca iluminação dificultava identificar,mas parecia um homem,de terno e cabeça de bode. Se aproxima e Danse macabre é a única trilha sonora que se perpetua em minha mente,se é que podia ainda chamar assim. Dançaram ao som do uivo do vento e galhos de árvores se chocando , e antes de notar a figura humanóide me encarando e olhando no fundo de meus olhos senti um arrepio e...
Acordei hoje de manhã no meu quarto, me recusei a ir para aula, peguei meu telefone e havia uma mensagem dela "Quer ir para minha casa hoje?". Eu vi dessa vez, minha própria morte.

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⏰ Última atualização: Dec 03, 2022 ⏰

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