𝟭𝟯. the letter

640 84 44
                                    


chapter thirteen,
the letter.



— Sirius Black entrou no castelo. De novo. — Cordelia afirmou, sendo respondida por olhares apreensivos vindos de Susana Bones e Ana Abbott, que os observava de longe.

  Os cinco alunos da Lufa-Lufa, Arabella Vaughan, Cordelia Simmons, Zacharias Smith, Susana Bones e Chase Khan, estavam calados. A exatamente um dia antes estavam felizes, falando sobre a Firebolt de Harry e quadribol, agora se encaravam em silêncio com medo de algo acontecer com um deles.

— Rony disse que Black estava ao seu lado segurando uma faca quando acordou. — Vaughan contou, tensa. — Ele cortou as cortinas de seu quarto.

— Parece que ele conseguiu entrar porque alguém da Grifinória fez uma lista com todas as senhas da semana. — Khan disse. — Todos os anos aqui são assim? Por que se forem eu vou pra outra escola. — O garoto do segundo ano complementou, suspirando preocupado.

— Ah relaxa, ninguém nunca morre. — Arabella deu dois tapinhas em suas costas, em uma falha tentativa de conforta-lo. — No nosso primeiro ano eu fui sequestrada por um mês mas sobrevivi, no segundo Gina Weasley quase morreu e todos os ataques do Basilisco aconteceram, e por sorte ninguém morreu e dessa vez tem um criminoso maluco andando pelo castelo, mas eu duvido que alguém vá morrer. — Deu uma pausa para tomar um gole de café. — Bem vindo a Hogwarts, o lugar mais seguro do mundo. — Disse com um tom irônico.

— Arabella... — Cordelia disse em tom de reprovação.

— Desculpe. — Sussurrou. Estava irritada. Se sentia numa constante roleta russa onde não sabia se seus amigos ou ela iria morrer. O sentimento de não poder protege-los acabava com ela.

O quinteto continuou conversando, mesmo que o clima estivesse bastante estranho. Era melhor falar do que ficar em silêncio, cada um pensando em como eles poderiam morrer a qualquer momento.

E então as corujas entraram pelo Salão Principal, deixando uma carta cair em cima do prato de Arabella. Ela sorriu ao ler o nome do remetente. Kieran Hecate, Nixia. Finalmente uma boa notícia. Ela sabia que não poderia ler a carta ali, na frente de todos, por mais que aquele fosse seu maior desejo, então suspirou, olhando a forma como a carta estava presa, com um brasão que nunca havia visto antes.

Ela guardou a carta em um de seus bolsos, não falando nem uma palavra sequer. Cordelia a deu uma encarada, como se perguntasse se aquilo era sobre os Vaughan. Ela assentiu disfarçadamente, mordendo um pedaço de seu sanduíche.

❖ ❖ ❖

Após a incrível vitória da Grifinoria contra a Sonserina, assim dando aos Leões a Taça de Quadribol, Arabella foi à seu quarto, fechou suas cortinas e abriu a carta, com um enorme anseio. Seus olhos corriam pelas palavras. "Um detetive que afirmou saber de toda a história da família Vaughan foi contratado por mim... Encontre com ele na Floresta Proibida, na próxima sexta feira, sozinha... Ele é confiável, não precisa se preocupar com nada... Kieran Hecate."

Ela sorriu. Finalmente teria uma resposta. E ela viria rapidamente, pensando que a próxima sexta feira era no dia seguinte. 

— E então? — Cordelia perguntou, abrindo as cortinas de Arabella subitamente, a assustando.

— Você precisa respeitar minha privacidade! — Ela exclamou, não conseguindo tirar o sorriso de seus lábios. — Amanhã encontrarei com um detetive na Floresta Proibida, ele sabe sobre a história da minha família e irá me contar tudo que eu perguntar. — Contou, animada.

— Floresta Proibida? Você não pode estar falando sério! — A repreendeu, parecendo brava. — Sirius Black entrou no castelo e você quer ir para a Floresta Proibida sozinha?! Você perdeu a cabeça.

— Okay, é perigoso, mas é a minha única chance de descobrir mais sobre minha família. Dumbledore não quer me falar nada, muito menos Minerva, essa é a minha única chance. — Passou a mão pelo seu cabelo, nervosa. — Se você estivesse na minha situação, se você não soubesse nada sobre sua família, nada estivesse em nenhum livro e você encontrasse um jeito de descobrir tudo, você não iria tentar?

— É perigoso, Ara. — Re-afirmou, fazendo a dona dos olhos azuis bufar. — Honestamente tudo isso foi muito perigoso, você podia ter morrido.

— Mas não morri! Eu não morri e existe um motivo! — Respondeu, falando mais alto dessa vez. — A única coisa que impediu Quirrell de me matar no primeiro ano foi a minha mãe, Cordelia! As pessoas estremecem quando ouvem o sobrenome Vaughan, a Tia Molly surtou quando eu perguntei sobre Maeve! Eu preciso saber porquê eu preciso... Preciso saber de onde eu vim.

E então uma singela lágrima caiu de seus olhos. Naquele momento, apenas naquele momento, Simmons sentiu pena de sua amiga. A garota precisava saber o que eles escondiam, havia criado uma dependência daquilo.

Arabella viveu sua vida inteira acreditando ser filha de Minerva McGonagall, usando aquele sobrenome com orgulho de ser filha da Vice-Diretora da maior escola de Magia e Bruxaria do Mundo, e em segundos aquilo foi tirado dela. Todas as memórias, tudo parecia ter sido uma mentira.

E aquele mistério, os enigmáticos presentes que recebia em um embrulho exatamente igual todas as vezes, os indecifráveis detalhes que as pessoas soltavam sem querer, toda aquela situação parecia dar um motivo à Arabella para retardar o sofrimento sobre o fato de que toda sua vida havia sido uma enorme ilusão.

Suspirando, Cordelia se sentou ao lado da Lufana, pondo sua cabeça em seu ombro, sem dizer nenhuma palavra.

— Eu preciso disso, Delia. — Arabella disse, baixinho. — Eu preciso saber porquê... — Suspirou, tentando finalizar sua frase. — Preciso saber, entender talvez, porquê ela mentiu para mim a minha vida inteira. Porquê... Porquê Minerva me enganou por doze anos. Eu preciso saber se valia a pena.

A garota assentiu, em silêncio, apenas mexendo no cabelo de sua amiga. E então, se arrependendo imediatamente, ela disse:

— Tudo bem, amanhã você irá até a Floresta Proibida falar com esse detetive. — Deu uma pausa. — Mas iremos juntas, não quero te perder e se ambas estivermos lá será mais fácil de se defender caso algo aconteça.

Arabella pensou em argumentar dizendo que na carta estava escrito exatamente que ela deveria estar sozinha para se encontrar com o bruxo, mas honestamente não queria continuar à brigar. Ela então assentiu, sorrindo de canto de boca.

— Obrigada por ser minha amiga. — Disse baixo, abraçando a mestiça, que sorriu.

— Eu que agradeço. — Simmos disse, com o mesmo sorriso em seus lábios. — Se tudo der errado na nossa vida vamos viver como trouxas.

— Eu aceito. — Sorriu. — Eu provavelmente iria ser uma professora. — Contou, suspirando. — E você poderia ser médica.

Cordelia riu.

INTO FIRE ━ golden era [2]Onde histórias criam vida. Descubra agora