— Espero que o quarto seja do seu agrado.
Andrea Uris sorriu quando Bill se virou para ela, depois de colocar sua mala de roupas com cuidado ao lado da cama. Ela parecia animada, talvez um pouco ansiosa, mas Bill só perceberia esses pequenos detalhes quando passasse mais tempo com Andrea. No momento, tudo o que notava era como a mulher conservava uma aparência elegante e realmente bonita, e como os olhos dela o lembravam tão fortemente Stanley. Andrea era agradável de se conversar, e mesmo tendo chegado há pouco menos de uma hora na casa, Bill sentia como se já estivesse lá o dia inteiro e fosse parte da família.
— Está perfeito, s-senhora Uris — Bill sorriu com entusiasmo. — Obrigado por me a-aceitar tão rápido. Eu realmente precisava desse l-lugar.
— Você me disse na entrevista, William — ela continuava com o sorriso gentil, dando ao ambiente um conforto além do que Bill poderia descrever. — Estávamos com essa vaga há quase duas semanas, e fiquei preocupada de não achar ninguém que se encaixasse nos requisitos.
Bill assentiu, dando toda sua atenção às palavras dela. De fato, o panfleto era bem específico: tenha um quarto confortável em troca de serviços de meio período. Aquilo poderia ter atraído todo tipo de gente, mas o que fez Bill ter certeza de que teria chances era o fato de que os "serviços" envolviam exclusivamente atuação junto de uma profissional artística. E Bill Denbrough era filho de um marceneiro e uma musicista com mais veia artística do que qualquer pessoa que conhecia.
— Eu liguei para suas referências, é claro — Andrea continuou — Sempre faço isso, sabe? Não quero pegar nenhum mentiroso para por debaixo do meu teto. Fiquei realmente feliz de ver que todos falavam muito bem de você. Me disseram que tem muito talento.
Bill agradeceu, satisfeito de nunca ter sequer cogitado colocar sobre as aulas de escrita criativa. Deus, aquele professor seria sua ruína.
— Você pretende trabalhar nessa área, certo? No meio artístico.
Bill pensou sobre o estúdio de tatuagens que queria abrir.
— Sim. Eu p-pretendo lançar carreira como artista, mas não deixo de lado meu s-sonho como escritor. Estou me dedicando a a-ambos os estilos para ver no que me encaixo mais.
Andrea concordou, satisfeita. Bem, Bill não estava mentindo: ele realmente queria ser escritor, tanto quanto queria marcar sua arte na pele dos outros. Apenas não precisava entrar nesses detalhes agora, considerando que o contrato assinado com a senhora Uris era de apenas três meses, com chances de renovação. Tempo suficiente para encontrar um novo lugar para morar e um emprego decente para se manter.
— Vou deixar você se acomodar, quando tiver terminado por favor me encontre na sala. Vou te mostrar a casa e depois meu estúdio.
— Sim, senhora Uris.
Ela parou na porta do quarto, com um riso preso na boca.
— Pode me chamar de Andrea. "Senhora Uris" faz com que eu sinta ter oitenta anos.
Bill soltou uma risada curta, porém sincera, e ficou feliz de ver que o ato foi bem recebido pela anfitriã. Assim que a porta foi fechada, tomou a liberdade de sentar na cama e respirar fundo.
Como conseguia foder sua vida daquela forma? Era um dilema que, se um dia encontrasse resposta, decididamente escreveria em um daqueles livros imensos de auto ajuda, para que talvez pudesse salvar outras pessoas de tomarem tanto no cu como estava sendo seu caso.
Ao menos Andrea era legal consigo. Desde que chegara, pontualmente às oito horas da manhã, Bill descobriu que Andrea era comunicativa, bem humorada e facilmente conquistada por elogios, e Bill gostava bastante de soltar elogios sinceros, fosse sobre a casa bonita dos Uris ou sobre a formação incrível de Andrea. Às oito e meia já agiam como amigos de longa data.
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Despejado
Hayran Kurgu"Não existe situação ruim que não possa piorar" era a frase que definia a vida de Bill Denbrough. Com a carta de despejo na mão e seu relacionamento em jogo, ele precisava pensar em um novo plano, e precisava ser rápido. E quando a primeira luz surg...