As Aparências Enganam

E também compreendia

O mundo do lado de fora parecia desabar enquanto o carro deslizava pela pista encharcada pela chuva pesada que caía sobre a cabeça de todos. Irônico. Tornava-se irônico o modo como a noite parecia comportar uma compatibilidade com o estado deplorável que o ômega se encontrava.

Park Jinyoung nunca foi um garoto de se aventurar pelas suas dores, tampouco, deixar suas fraquezas transparecerem a qualquer um. Jinyoung nunca chorava, mas no momento, as lágrimas vinham com um peso enorme, quase lhe sufocando a cada segundo que passava. E o choro era alto, tanto que fazia o homem ao seu lado suspirar baixinho, sem saber o que fazer.

Enquanto seus olhos se mantinham fixos na imagem borrado ao lado, seus pensamentos se mantinhos mórbidos, machucados demais à medida que as imagens de horas antes vinham em sua mente. Jinyoung lembrava... o barulho dos beijos, dos corpos juntos, das roupas espalhadas pela casa que ajudou a decorar. Lembrou do olhar dos dois, da forma como lhe encaravam, sem lhe deixar claro se aquilo era um arrependimento ou apenas o medo por terem sido pegos em um momento íntimo. Em um momento errado.

Jinyoung não queria pensar que pegou a mulher que considerava sua amiga nos braços do seu noivo. Aquele fato lhe entristecia bem mais que qualquer outra coisa. Chaeyoung sabia da sua paixão avassaladora pelo alfa e foi por intermédio dela mesmo que havia conhecido o empresário. Ela lhe deu forças desde que havia pisado na capital. Recém chegado do interior, Jinyoung desconhecia qualquer coisa que seus olhos presenciavam.

Aos dezoito anos, buscava se manter lúcido o bastante para se dedicar totalmente aos seus estudos que sua mãe e sua avó haviam tanto batalhado para que estivesse ali. Prometeu a elas que estudaria na capital, na melhor faculdade e daria para elas um orgulho imensurável.

Chaeyoung lhe recebeu de braços abertos. Foram colegas de quarto e ela lhe ensinou a viver na cidade grande e em como se defender de pessoas que certamente se achavam no direito de ter tudo e todos no momento que bem entendesse. Ela cursava publicidade, e eles chegaram a fazer juntos algumas matérias voltadas à área de letras e linguagens estrangeiras. Aquilo fortaleceu o laço de amizade que tinham e com tempo, Jinyoung foi levado ao mundo da loira.

Ela gostava de festas, Jinyoung não era muito chegado naquilo. Era mais caseiro, no entanto, aquele fato não lhe privou de visitar algumas ocasiões que se deixou levar por alguns shots de bebidas e, em meio ao seu conhecimento de liberdade que a capital poderia lhe oferecer, conheceu Lee Sungjun. Ele era extremamente cativante, tinha um sorriso doce que deixava Jinyoung muito encantado.

Ele era diferente dos alfas do interior. Educado e sempre com bons assuntos que deixavam Jinyoung muito tentado a levar aquela conversa adiante. Tinham alguns gostos em comum e conforme conviviam, foram conhecendo um ao outro, uma construção de saberes e formas diferentes de agir que fez o ômega encarar o quanto estava apaixonado. Em sua pobre e inocente visão, Lee Sungjun era um príncipe, de fácil encanto e que chegara para enlaçar seu coração sem nenhuma cerimônia.

Jinyoung não era nenhum menino inocente, mas suas concepções do amor e imaginação lhe levaram a cair em uma história de conto de fadas, em que o alfa era o homem certo a se envolver e a receber tudo de si.

Acreditou nele, em cada palavra e jura de amor. Nunca sentiu-se tão envolvido com alguém, não que tivesse muitas experiências para contar, no entanto, com Sungjun era diferente. Sempre era diferente com ele.

Antes de ir para a capital, sua mãe havia lhe pedido para tomar cuidado com os alfas do lugar. Eles sempre se achavam os melhores, tinham posses, muito dinheiro e mídia. Ela não era muito fã da classe pelo seu histórico longo de fracassos amorosos e, tudo que viveu, não queria que seu filho passasse. A experiência era a verdadeira mãe de todos, mas Jinyoung preferiu fechar os ouvidos às queixas da mais velha e apenas se deixar envolver em um romance que acreditou ter o melhor dos fins.