0.1| café e sociedade

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algumas pessoas não vivem. elas apenas existem.

não entendo e nunca entenderei como as pessoas não equilibram a admiração própria e o respeito por outras pessoas. se houvesse um mínimo de amor ao próximo e menos intromissão na vida alheia, imagine o quão bom seria. não entendo o que as pessoas têm na cabeça para determinar estereótipos, preconceitos, regras de que as pessoas têm que seguir tal crença... por que tenho que ajoelhar-me sobre a madeira fria, ouvindo o arfar sôfrego de pessoas que acreditam em algo que eu só aprendi a acreditar por causa de meus pais, com as mãos postas enquanto duvido de minha própria religião?! por que as pessoas querem que eu acredite na mesma coisa que elas?! se estão sozinhas, então vão para a igreja falar com quem acredita na mesma coisa que elas, ao invés de forçar outrem a acreditar em sua religião.

eu tenho fascínio pelas palavras. são muito poderosas. se você compuser as letras e sílabas corretamente, pode derreter e cativar um coração ou atirá-lo brutalmente ao chão. apenas com palavras.

não possuo intelecto o suficiente para entender a sociedade e seus maneirismos.

por que as pessoas vivem em prol do fascínio de outrem, sempre se esforçando para impressionar uma merda de sociedade, nem que sua saúde mental venha a tornar-se tênue e o lastro de sua vida se colapse?

viva em prol de si mesmo. você tem uma vida para viver, não uma sociedade para impressionar.

pinto ideias com a tinta da satisfação que tenho com minha vida na tela da vivência longa e plena. estou satisfeita, porque eu parei. parei por um segundo para apreciar o cheiro de terra molhada que afaga meu olfato, a brisa que penteia meus cabelos e faz carinho no meu rosto, o sol que deleita meus olhos e chorar para libertar as mágoas. eu parei para viver a vida ao invés de focar apenas em dinheiro e elogios de uma sociedade estúpida.

meu estômago se revira e eu quero vomitar até que todos os meus orgãos vitais estejam para fora do meu corpo, por causa do maldito egocentrismo, maldade e falta de inocência por parte das pessoas. não posso falar uma palavra em específico sem acender desejos e ideias venéreas de pessoas estúpidas que associam tudo aos seus desejos impuros. deixe-me rir, sorrir e dizer o que eu quero, - sem ofender ninguém, é claro - pensar como criança e ter meus fascínios feéricos e juvenis. não associe sua mente estúpida, repleta de lixo e ideias venéreas às minhas palavras medidas.

também me causa asco a futilidade e egoísmo dos outros!

por que eu sinto que muitos médicos, por exemplo, só fazem medicina pelo dinheiro e para deixar seus pais orgulhosos - afinal, muitos pais querem satisfazer seus desejos
inacabados, forçando ambições nas mentes ainda não moldadas de suas pobres e estúpidas crianças - e não para ajudar as pessoas e salvar vidas?

se eu tivesse salvado pelo menos uma vida, já seria a pessoa mais realizada do mundo.

por que as pessoas agarram seus corações àquilo que lhes fere? por que não deixam o fruto de seus ferimentos ir? é melhor se machucar um pouquinho deixando o que lhe fere o âmago do que ter dores psicológicas para o resto da vida por manter quem te faz sofrer dentro de um invólucro? as pessoas até parecem gostar de sofrer!

[...]

é ininteligível o hábito humano de ferir outras pessoas para saciar desejos, sejam eles sangrentos ou venéreos. eu odeio isso.

sinto mais uma vez a brisa do entardecer acariciando meus cabelos. é tão bom sentí-la, como se fosse uma criança tentando pentear os fios de outrem.

enquanto desfaço com as unhas o invólucro do meu sanduíche, todos os dias na mesma praça perto do prédio onde moro, reflito sobre a futilidade humana e os maus-tratos sem embasamento algum por parte desta espécie. por que não podem deixar as árvores crescerem, as pessoas viverem sem sofrimentos?!

me pergunto se a resposta depende de algum processo estocástico incompreensível. mas provavelmente a resposta é não, certo?

[...]

estou na apoteose de minha reflexão. olho para o relógio e já passou de meia-noite. mais dúvidas vêm enquanto encontro-me sorvendo o café cálido enquanto o vapor se prende à lente de meus óculos e eu aproveito o líquido quente, mesmo que isso venha a queimar minha boca depois.

mesmo assim, eu ainda penso nas consequências, que são como queimaduras de café. eu não sou tão inconsequente quanto as pessoas que eu conheço e acho que essa falta de atenção às consequências não é uma idiossincrassia de poucos.

permita que a vida faça-te tropeçar e aprenda com seus erros. deixe que os infortúnios do presente façam-te acertar no futuro. caia um pouco, porque quando você se levantar, vai ver que os arranhões e hematomas em seus joelhos estão te tornando alguém melhor e cujas batalhas contra adversidades da vida culminarão em vitória.

não reclame muito de seus problemas, porque eles só desaparecerão se você fizer alguma coisa. está tudo bem chorar, porque as quedas doem e você precisa se livrar da dor. chore, já que você estará hábil a vencer as batalhas da vida. afinal, a vida está cheia de batalhas.

aproveite a vida, aproveite cada pequena coisa. não maldiga o tempo, aprecie-o, diga ao teu amor que conserva em seu âmago um amor inefável por quem está ao seu lado, transmita esse amor com ósculos. aproveite a vida, as pessoas ao seu redor. afinal, não se sabe quando tudo isso vai embora, certo?

eu quero viver, mas ainda sim, tenho nojo de viver na mesma sociedade de pessoas tão vis.

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⏰ Última atualização: Jan 02, 2021 ⏰

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