Capítulo Único: Paixão Indomável

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Obito Uchiha

Desde que me entendo por gente, o Susano'o Bar era a sede do Raposas de Konoha Motoclube. Um projeto que se tornou realidade nas mãos dos irmãos Indra e Ashura Otsutsuki, que incutiram o sonho de consumo das Harley-Davidsons no pacato vilarejo de Konoha.

Eram conhecidos por desbravar a região desértica da cidade de Suna, uma longa e hostil planície que ladeava o penhasco Olho do Diabo. Cruzar essa perigosa faixa de terra se tornou parte do rito de iniciação do motoclube, e somente eram aceitos aqueles que tivessem coragem suficiente para enfrentar o desafio. O rigor do Raposas de Konoha enchia os membros do orgulho de vestir as jaquetas de couro com o emblema da Kurama, nosso mascote.

Indra e Ashura não tiveram filhos, portanto, a presidência do clube foi transferida para as mãos de Madara Uchiha, meu pai. Não era incomum que o velho Madara levasse as questões do grupo tão a sério que quase não fazia distinção entre família e o MC. Essa atitude piorou depois da morte de minha mãe, deixando meu pai sozinho e em um período sombrio de depressão.

Os Raposas de Konoha não deixaram que Madara sucumbisse ao pessimismo, e o ajudou a dar a volta por cima. Talvez o que tenha feito com que ele realmente se distraísse foi Tobirama Senju, que insatisfeito com a parceria do clube com Madara, resolveu fundar seu próprio motoclube. O melhor amigo de meu pai, Hashirama Senju, acabou saindo com a promessa de que colocaria a cabeça de Tobirama no lugar — o que era previsível que não ocorresse.

Assim, os Sombras do Fogo se tornaram os rivais dos Raposas de Konoha, com uma amistosa relação por conta da mediação de Hashirama entre os grupos. Um dos poucos momentos em que era possível vê-los reunidos era em 24 de dezembro. Não apenas comemoravam a véspera de Natal em bando, como também celebravam o aniversário de meu pai nesse dia.

Então, os dois motoclubes ocupavam o espaço abafado do velho Susano'o Bar, e com tantas jaquetas de couro e coturnos surrados, era quase impossível distinguir brasões tão similares: Kurama, a raposa laranja e uma chama de fogo vermelha pareciam ser a mesma coisa, depois de alguns goles de álcool.

Não me importava com toda a bagunça que parecia ser o galpão de madeira do Susano'o, prestes à explodir. Gostava de rever amizades antigas que tinham migrado de MC depois da segregação, e mais ainda do sorriso presunçoso de meu pai quando Hashirama aparecia, seguido por um Tobirama emburrado.

Os balcões do bar ficavam apinhados, os estoques de bebidas coloridas nas prateleiras acabavam aos poucos, e a verdadeira festa começava após a meia-noite. Depois que não era mais aniversário de Madara, a disputa velada entre os dois motoclubes tornava-se mais explícita.

Os estranhamentos evoluíam do embate acirrado nas mesas de sinuca e poker para os rachas nas ruas desertas. Bêbados dirigindo em corridas ilegais no asfalto com neve era como a festa terminava. De fato, acabava exatamente ali: com os irresponsáveis fugindo da polícia e os outros levando os feridos para o hospital.

A neta de Hashirama ralhava com os motoqueiros todos os anos, quando chegavam machucados por batidas de carro ou moto, e também com coma alcoólico devido excesso de álcool. Fingiam entender, para no ano seguinte fazerem tudo de novo.

Sem dúvidas, seus feitos sempre se superavam a cada episódio, e ao considerar o desastre do ano passado, me pergunto como acabaria o Natal esse ano também. Confesso que, como fui responsável pela confusão anterior, decidi que ficaria de boa na minha nesse aniversário. Eu só precisava encontrar o lugar mais recluso e afastado dos outros membros, que por uma não-coincidência, era o que Sasuke sempre escolhia para ficar.

Paixão Indomável (ObiRin)Onde histórias criam vida. Descubra agora