Ah, lar doce lar... Nada como o meu cafofo depois de um dia cansativo no trabalho. Eu amo ser professor, amo ensinar e amo meus alunos, mas as sextas-feiras são exaustivas. Adolescentes ficam ansiosos pelo fim de semana e são difíceis de controlar.
Eu moro sozinho, onde encontro mais paz ainda. Quer dizer, as vezes bate a solidão, mas eu gosto de sentar na sala, tomar meu vinho e mexer no meu computador, lendo histórias que alguns alunos escrevem. É, eu sou professor de literatura e amo ver como meus alunos são talentosos.
Eu nem me apresentei, mas acredito que não seja relevante para a história o meu nome. Ou seja. Sei lá, eu não sei o que estou narrando.
Meu apartamento é arrumado, pois eu tenho alguns problemas em questão de organização, mas a decoração é simplista e diz muito sobre a minha personalidade. O prédio que eu moro é calmo, não tenho problema com vizinhos, mas também não tenho intimidade com eles.
Na verdade, é meio bobo, mas eu tenho uma queda pelo vizinho da frente. Ele é bonito, moreno, tem um sorriso encantador e é tão simpático. Mas eu não tenho coragem de conversar com ele por mais de cinco minutos, minha timidez perto dele é mais alta que a vontade.
Após ter chego no meu cafofo, tomo um banho quente porque estamos no inverno e por mais que eu more na Califórnia, ainda é frio. Assim que me sento no sofá para seguir minhas rotinas de sexta de ler os textos e tomar vinho, a luz se apaga, me deixando um pouco assustado.
Não tenho medo de escuros, longe disso, mas eu simplesmente não enxergo nada e isso me dá um pouco de agonia. Vou até a janela da sacada e percebo que toda a cidade está na escuridão. Ótimo, um apagão!
Pego o meu celular para ligar a lanterna e procurar velas, já que a bateria dele está acabando. A sorte que eu tenho é tanta que eu não acho nenhuma vela nas gavetas da cozinha, onde era para elas estarem. Vou até a sala novamente e nada, nem no meu quarto.
Eu estou no escuro, com a bateria do meu celular acabando, sem nada para fazer porque estou sem internet. Tá tudo uma beleza, ótima sexta-feira!
Será que seria muita cara de pau minha pedir velas emprestadas aos vizinhos? Eu não pretendo dormir agora, é cedo ainda.
Vou até a minha vizinha do lado, uma senhora simpática que sempre me oferece um pedaço de bolo, mas depois de bater na porta cinco vezes, percebo que ela não está em casa. Olho pelo corredor extremamente escuro e até um pouco aterrorizador, e os meus olhos batem na porta do vizinho gato da frente. Eu não vou fazer isso, não vou fazer isso... Ok, eu estou batendo na porta dele.
Tranco a respiração quando ele abre a porta com um sorriso no rosto. Cuidado, moço, seu sorriso pode matar alguém ainda. -Oi.- porra, a voz dele é perfeita.
-Oi, desculpe incomodar. -falo depois de um tempo procurando as palavras certas no meu cérebro- Você tem velas para emprestar?
-Ah, tenho sim. Pode entrar. -ele abre mais a porta para mim e some dentro do apartamento. Pondero se devo ou não entrar, mas acabo cedendo a curiosidade e entro no apartamento dele que tem um cheiro bom de rosas.
Está rodeado de velas por todos os cantos e a decoração é colorida, tem muita vida aqui e isso é bonito. Fico parado na entrada e observo cada canto do apartamento, tentando controlar meu nervosismo por estar no local onde meu “crush” mora.
Logo ele volta, mas sem nada em mãos. -Minhas velas acabaram.- olho em volta, vendo que haviam várias acesas, mas eu não contestaria isso. Vai que ele tem medo do escuro.
-Ah, tudo bem! Obrigado! -já ia saindo, mas ele me impede.
-Não, não fica no escuro. -me viro prestando atenção nele- Pode ficar aqui, está um pouco entediante e nós podemos conversar. -eu adoraria, mas eu não consigo conversar com você por mais de cinco minutos sem gaguejar e eu já extrapolei esse limite de tempo.
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Candles (Nosh OneShot)
FanfictionEm uma noite de apagão na cidade, Josh não vê outra alternativa a não ser pedir velas emprestadas ao seu vizinho gato da porta da frente.