Lonely

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Em 2015 os Barbixas estavam ainda em seu auge. A CIA de humor tinha a agenda lotada; Improvável em inúmeras cidades por todo o Brasil, assim como o Em Breves; participações e entrevistas na TV, rádio e outros meios também não ficavam de fora. Toda a cidade de São Paulo os conhecia, todo o estado o conhecia, todo o Brasil os conhecia. 

Entretanto, o sucesso não significava a felicidade.

Tudo parecia tão estranho para Anderson. 

Todos sabiam seu nome, seu trabalho, seus gostos, sua rotina, talvez seu passado e até mesmo seus sentimentos. Ou aqueles que ele era suposto ter. A imagem moldada de si por aqueles de fora de sua vida era tão sufocante.

Olhando-se no espelho naquela tarde calma em uma cidade qualquer que ele nem se preocupava em saber o nome, ele percebeu algo: ele tinha de tudo. Ele tinha dinheiro, tinha saúde, tinha pessoas que o amavam e admiravam por todo canto e tinha seus amigos. Entretanto, a falta que sentia de seu amor nunca deixou de ocupar espaço em seu peito.

Elídio era, sem sombra de dúvidas, sua pessoa favorita. Ele era simplesmente o seu tipo por inteiro. Anderson o seguiria até o fim dos tempos sem pensar duas vezes, porque ele era o ser mais precioso existente, era ele e somente ele que Anderson poderia precisar. Elídio era único, era alguém tão difícil de encontrar.

Mas agora Elídio havia ido embora. Não o amava. Sim, eles tiveram algo, mas o moreno logo deixou claro que, para ele, nada mais era aquilo que diversão durante as viagens. E aquilo doeu. Doeu quando ele disse, doeu no dia seguinte, doeu no último dia daquela viagem, doeu na viagem seguinte e ainda doía naquele momento, mesmo que se completasse um exato ano do ocorrido.

Era sufocante. Anderson não sabia o que fazer mais. Ele tentou. Tentou trazê-lo de volta, se submeteu a coisas que nunca se imaginou fazendo, correu atrás e se humilhou por seu amor. Agora todos sabiam também sobre seus sentimentos, mas ninguém podia fazer nada.

Mas o que ele poderia esperar? não mandamos no coração. 

Agora, em frente aquele espelho, ele encarava as lágrimas quentes e salgadas que escorriam sem parar. 

Ele tinha tanto, mas nada do que precisava. Ele estava sozinho. Sim, todos estavam lá, mas ninguém que o entenderia. E isso era solitário para caralho. 

Nada valia a pena se, no final, ele seria apenas mais um solitário.

Oneshots AnidioOnde histórias criam vida. Descubra agora