Rosé se lembra vagamente quando as tempestades chegavam para causar calafrios em sua espinha ainda sendo uma criança, ela corria até o quarto de sua mãe assim que via os relâmpagos alcançarem as janelas seguidos por sons brandos e fortes dos trovões.Talvez nem fosse as pancadas de chuva, mas o fato delas lhe trazerem ordinárias lembranças a faziam temer (até mesmo odiar) esse fator climático. Seu pai havia ido embora de casa debaixo de uma forte chuva, é uma lembrança que permanece fresca na cabeça de Chaeyoung, o divórcio dele e de sua mãe não tinha sido tão amigável quanto seus avós lhe disseram.
Rosé sobreviveu a isso, mesmo tendo que ver seu "genitor" cada vez menos. Hoje já uma mulher adulta, ela se contentava com ver ao pai alguma vez na vida em 2 ou 3 anos, isso não importava, algumas ligações em períodos de festividades eram o bastante. Mas ela sabe muito bem que certas coisas marcam e ainda doem, porém pra quê mexer em alguma ferida que ninguém lembra que existe além do seu subconsciente?
O fato é, Roseanne Park odeia tempestades e ela não liga se fica um clima bom para dormir até mais tarde.
Trovões são altos demais para sua audição sensível, pelo menos é isso que ela diz para si mesma quando se senta em algum ambiente iluminado colocando seus fones de ouvido no máximo para abafar qualquer ruído lá fora.
Sua mãe sabia sobre a pequena fobia, ou o que quer que fosse. Chaeyoung se lembra de temporadas chuvosas na Austrália, em que ela sempre acabava dormindo na cama de sua mãe agarrada a ela como se sua vida dependesse disso, a ouvia cantarolar cantigas de ninar ou simplesmente histórias para poder a distrair e não ligar para o que vinha de fora da janela.
Quem liga se o céu está chorando?
Depois de vários episódios, Rosé se recorda de sua mãe chegando com um bichinho de pelúcia que ela apelidaria de Bangu tempos depois. Ele agora era o seu escudeiro contra as tempestades, vendavais, raios ou trovões. Por incrível que pareça, a pelúcia realmente a ajudava a dormir e se acalmar, era um bom brinquedo.
Pena que hoje em dia deveria estar perdido em algumas das caixas na garagem da casa da Senhora Park na Austrália, faria uma nota mental para procurar da próxima vez que fosse visitá-la.
Ao ouvir um estalo de luz acompanhado de um estrondo alto, Roseanne tremeu por debaixo das cobertas. Já deveriam se passar das 2 da manhã, ela havia visto no jornal que choveria esta noite, mas esperava que estivesse dormindo, infelizmente a sorte não foi com a sua cara desta vez.
Um ponto era que Chaeyoung não podia se mexer muito, porque sua namorada estava deitada ao seu lado e outro ponto importante é o fato de não querer acordá-la. Jennie estava trabalhando muito nessa última semana com processos e negócios a se fechar na empresa, ser uma herdeira de um império de publicidade não são apenas flores afinal.
1, 2, 3 respira
1, 2, 3 respira
1, 2 ,3 respira
Okay, definitivamente contar não estava dando certo e sim piorando tudo de vez. Sua cabeça não conseguia tirar o foco das gotas de chuva que batiam forte e violentamente contra os vidros do quarto da Kim. Além, dos trovões de som intenso entrando por seus ouvidos e sendo repetidos por seu cérebro como uma música estúpida e chiclete das paradas musicais.
Quando percebeu, seu corpo já tremia em um ritmo constante, e suas bochechas cobertas de uma fina camada de lágrimas que haviam escorrido dos olhos e ela não tinha coragem de se levantar. Ora, não tinha Bangu ou muito menos sua mãe para que ela pudesse recorrer nesse momento.
"Tempestade estúpida!"
- Rosie? Chaeyoung? - Intrínseca em sua pequena batalha interior, ela não percebeu que a Kim havia acordado.
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Dreamscape
Fanfiction[ONE-SHOT] Roseanne odeia tempestades, mas ela tem Jennie para protegê-la.