Capítulo 24

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Vincent

Soco o volante com força, quero me bater por ter gritado com Natacha. Dirijo pelas ruas de Paris, o verão deixa os dias mais quentes e longos então normalmente tem pessoas ainda andando, visitando os lugares. Paro em frente à Mansion, meu coração me guiou até aqui, passo pela porta e me sento em uma mesa mais afastada, o lugar ainda está meio vazio porque abriu à dez minutos.

— Deseja beber alguma coisa, senhor? — uma moça pergunta, com um bloquinho de papel nas mãos.

— Madame está aqui? — olho para ela.

— Infelizmente não, ela passou mal hoje à tarde e vai passar a noite no hospital em observação, mas Cléo é a responsável quando Madame não está aqui — explica, sinto meus batimentos acelerar.

— Sabe me dizer para qual hospital ela foi levada? — me levanto.

— Não, mas a Cléo sabe, posso levá-lo até o escritório para que você pergunte à ela — assinto e me conduz até lá, bato na porta e quando entro fico surpreso ao ver a ruiva sentada na cadeira em que a Madame ocupa nas noites.

— Esse moço está querendo saber da Madame, Cléo, aí como ela não está o trouxe para falar com você — a mulher se explicou.

— Obrigada, Celine — ela assente e sai do escritório, nos deixando sozinhos.

— Pensei que seu nome fosse Raquel — cruzo os braços.

— Acredito que sua esposa não se chamava Natacha quando a conheceu — aponta para a cadeira e eu me sento.

— Não, ela se apresentou como Aisha, mas não é sobre isso que me trouxe aqui. Madame está no hospital?

— Sim, ela se emocionou demais ao saber de você e acabou passando mal, o médico achou melhor deixá-la em observação porque a pressão subiu demais.

— Pode me passar o endereço? Eu gostaria de ir visitá-la.

— Por que você não pediu para a sua esposa? E como não sabe que Madame passou mal sendo que Natacha estava comigo e com a Yohanna até agora à pouco no hospital? Ela não chegou em casa ainda? — arregalou um pouco os olhos.

— Sim, chegou, mas acabei brigando com ela e sai de casa bravo comigo mesmo.

— Espero que não seja por nenhum motivo idiota — Raquel pega um papel, anota o endereço e me entrega.

— Obrigado! — agradeço.

Me despeço dela e saio do escritório. Estaciono meu carro perto do hospital e entro pedindo informação na recepção, uma mulher me informa como chegar ao quarto, encontro com o doutor Carter.

— Vincent, que surpresa! — me cumprimentou.

— Eu gostaria de ver a Mad... Lola — me corrijo e ele assente, nós entramos no quarto e avisa que vai me deixar sozinho com ela — Oi, Madame — dou um beijo em sua testa e ela abre os olhos me encarando.

— Vincent, meu querido — sorriu, se sentando na cama hospitalar.

— Estou aqui — pego em sua mão.

— Natacha me falou que você é o meu filho — me observa.

— Sim, eu sou ele, infelizmente.

— Infelizmente?

— Infelizmente por ter demorado tanto tempo para conhecê-la, conviver com a senhora, imagino como deve estar se sentindo. Foi privada de me criar, de me dar amor e carinho, mas não precisa se preocupar porque eu vou compensar o tempo perdido. Minha mãe Ingrid disse que eu devo ama-la e ser o filho que fui pra ela e não estou dizendo essas coisas porque mamãe mandou, mas porque é o mínimo que posso fazer para diminuir o sofrimento que lhe causaram — seus olhos ficam marejados.

Vidas Cruzadas | Spin-off Trilogia AmoresOnde histórias criam vida. Descubra agora