Séance photo; cannelé

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Eu não fazia ideia de onde Adrien Agreste estava, não fazia a mínima ideia. Mas sabia onde Luka Couffaine estava.

Corri o mais rápido que pude, atravessando a rua nos sinais vermelhos, e correndo na frente dos carros. Ou eu morreria atropelada, ou chegaria naquela escola  mais rápido do que Adrien. 

Luka estaria com a banda, ensaiando para a apresentação que teria no pátio do colégio; Adrien também sabia disso.

 Meu coração batia rápido desenfreadamente. Tão forte que chegava a doer. Em minha mente só vinha um pensamento naquele instante. 

Ele vai matar o Luka.

Mesmo depois do que ele fez comigo não quero que ele fique machucado, muito menos morto. 

Na noite anterior eu havia ido a uma festa com Alya. Adrien estaria ocupado como uma seção de fotos para o pai, e não poderia me acompanhar. Logicamente, Alya é sempre minha acompanhante.

(•••)

Nino saiu de trás da mesa de DJ, e nos fez companhia. Mas enquanto os dois conversavam e flertavam eu atravessei a festa a procura da mesa de bebidas. Minha garganta ardia de seca, e eu precisava beber alguma coisa urgentemente.

Encontrei a grande mesa cheia de bebidas e peguei um ponche com um copo vermelho de plástico. Tinha um gosto meio amargo, como se estivesse cheio de cerveja.

— 'Tá batizado! — Exclamei para mim mesma e sorri. Deixei em seguida o copo com o líquido verde em cima da larga mesa.

Nino e Alya estavam dançando uma música lenta, Juleka e Rose estavam sentadas em um sofá conversando sobre o que parecia ser alguma coisa boba, como unicórnio. E lá estava ele, Luka Couffaine. Completamente... bêbado!

Seus olhos pareciam cansados e seus cabelos coloridos estavam totalmente bagunçados. As unhas pretas estavam descascando, e seus dedos, pretos de tabaco.

Tinha terminado com Luka a exatamente dois meses. Ele bebia e fumava como um viciado a dois meses. Nem namoramos por tanto tempo assim! Três semanas não é nem um tempo considerável para fazer isso com ele.

Meus olhos fitaram uma cabeleireira loira por cima dos ombros de Luka. Maxilar definido e cabelos bagunçados... Adrien? Meu coração bateu acelerado com essa possibilidade, Adrien disse que não poderia vir. Mas se fosse ele, eu poderia ter alguém com quem conversar quando Alya e Nino resolvessem sumir da multidão. 

Mas não era Adrien. Minha felicidade momentânea acabou rapidamente, mau pude fantasiar ter o loiro do meu lado naquela festa. Meus olhos recaíram sobre Luka novamente, seus olhos vermelhos e cansados estavam em mim, me olhando com uma espécie de rancor e felicidade falsa.

— Lá vem ele de novo — Pensei alto. Peguei o copo que havia deixado na mesa e o virei de uma vez só. Senti a ardência e o amargo me enjoarem — Preciso disso 'pra aguentar ele.

Fiquei parada vendo Luka se aproximar de mim com um brilho indecifrável nos olhos, a cerveja fez com que eu ficasse tonta, eu não sabia beber, por que cacetada eu bebi então?

É péssimo admitir, mas o Agreste me impedia de fazer coisas que eu me arrependeria no dia seguinte. Porém Adrien  Agreste não estava ali.

Luka chegou com um suspiro cansado e um sorriso fraco, tentei suportar o cheiro que ele emanava, mas era completamente detestável!

— Mari... Marinette! — Luka chamou de forma debilitada — Oi!

— Luka, se você veio aqui para falar sobre nós eu não quero ouvir — Disse o fitando com pena — Já disse, o tempo que passei com você foi ótimo, mas eu só gosto de você como um amigo!

Luka fez uma careta e seus dedos apertaram o tecido da camisa branca, seus olhos estavam se enchendo de água e a outra mão estava fechada em punho. não sou de pedra! É claro que tenho pena do pobre Luka, mas não posso namora-lo por simples pena.

— Você nem me deixou dizer... — Sua cabeça estava baixa, mas pude ouvir um murmúrio sufocado.

— Você já veio várias e várias vezes até mim. Você sempre diz a mesma coisa, Luka! — Levei minha mão até o ombro de Luka, ele levantou a cabeça com rapidez me tirando  — Você sabe que eu não posso ficar com você, porque eu amo o...

Minha garganta se fechou. Os olhos de Luka estavam carregados e ele já chorava com vontade, soluçando e sacudindo os ombros. Eu não iria dizer que amo outra pessoa, ele já estava muito magoado.

Fiquei em silêncio, enquanto o semblante de Luka mudava completamente, e o sentia apertar os ossos dos meus dedos com brutalidade.

— Ama quem, Marinette? — Luka agarrou minha mão com força. As lágrimas em seus olhos pararam de rolar. Seus olhos pareciam como o de um animal. Estavam raivosos, e o aperto que dava em minha mão estava começando a ficar raivoso, fazendo meus dedos se esfregarem a força — Fala o nome de quem você ama?!

— Ninguém, não amo ninguém. Luka, me solta! — Resmunguei embriagada pela dor.

— Abre a boca, Marinette. Fale quem é! — Seu tom de voz estava alto, e Luka começou a chegar perto do meu ouvido, gritando desenfreadamente — FALA QUEM É, PORRA!

Eu bati com força no rosto de Luka. Suas mãos estavam me segurando, e meus ouvidos estavam latejando e apitando de dor. Minha reação foi instantânea, assim que comecei a chorar de desespero.

Luka não soltou minha mão, ele a apertou mais e me segurou com força. Então vi o último flash do garoto com o punho erguido, e senti a dor do soco me nocauteado.

Não vi nada depois disso. Acordei no meu quarto com uma baita dor de cabeça. Como tinha chego até minha cama, não faço ideia. Mas ali estava eu, acordada e com um roxo.

(•••)

Sai do meu devaneio assim que ouvi uma vozinha alta na minha orelha.

— OLHA POR ONDE ANDA! — O homem no carro gritou antes de sair com pressa.

— Mas que gente mal educada — Murmurei alto, correndo novamente para atravessar a rua.

A escola estaria aberta aos finais de semana, haveria um grande evento, e todos se preparavam a dias, antes e depois das aulas. Luka tocaria no evento, mas só se eu chegar a tempo de impedir Adrien de esmurrar o menino na porrada.

— PARA! — Ouvi a voz de Juleka vinda do pátio de uma forma gritada — QUER MATAR ELE?

— Droga! — Exclamei com raiva — Como ele consegui chegar tão rápido?

Passei pela porta do colégio e vi Adrien com as mãos cheias de sangue. Escorrendo, vermelho, sujando o chão com uma cor forte e vibrante. Tão vermelho quanto as contas de uma joaninha.

Luka também pingava, sua bochecha tinha cortes como se tivesse sido arranhado. Sangue pingava de seu nariz, e sua boca tinha um corte aberto.

Adrien tinha machas de sangue em seu maxilar, e sua boca estava estourada, com um corte, como o do azulado. Um corte tão feio como aquele não poderia ser escondido tão fácil de Gabriel Agreste!

Adrien era um garoto morto. E seria morto pelo próprio pai; ele teria outra seção de fotos dali a dois dias...

Vous stupide blondOnde histórias criam vida. Descubra agora