CAPÍTULO 48

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POV Jeong Yunho

Jeong havia saído de seu quarto lá pelas vinte e três horas. Mais cedo, depois de ter ajeitado as coisas em seu quarto e explorado um pouco a casa, foi para o banheiro que tinha ali no corredor, se banhou rapidamente e foi se deitar, dormindo durante a tarde toda, acordando só em tal horário, bravo consigo mesmo por ter se deixado dormir à tarde, agora levaria horas para ele dormir de novo. Iria atrasar todo seu sono. 

Ajeitou seu notebook, juntamente com as pastas que ainda precisava traduzir abaixo de seus braços, e então saiu do seu quarto de fininho, justamente pra não acordar o seu chefe que dormia no quarto do mesmo corredor. Até poderia trabalhar de seu quarto, onde até era mais preferível e cômodo pra ele, mas seria impossível fazer aquilo, com o casal de amigos, talvez apaixonados demais, dormindo acima de seu quarto. Pensava que pelo menos para eles a madrugada seria ótima, já a sua, seria cheia de trabalho e trabalho. 

Em silêncio, saiu da casa principal, indo para o deck abaixo, onde tinha uma casa pequena, na qual Mingi fizera justamente pra ter silêncio quando precisava. As pequenas paredes eram cheias de prateleiras com livros, e o chão era feito de estofado, parecendo um sofá gigante, e foi ali mesmo que Jeong entrou, deixando a porta aberta, deixando a brisa leve da noite entrar, juntamente com o barulho de água do lago que batia nas margens. Era bem daquele silêncio e daquela tranquilidade que Jeong precisava para trabalhar. Abriu seu notebook, o deixando na mesinha junto das pastas, e abriu uma delas, pegando sua inseparável agenda e deixando por perto, caso precisasse anotar algo. E foi assim que o garoto mergulhou em seu trabalho. 

[...] 

— Ainda acordado? — Jeong deu um pulo e logo passou as mãos no rosto, segurando os cabelos entre os dedos enquanto puxava os fios, tentando se acalmar da tremedeira que estava passando por seu corpo. 

— Inferno, Mingi!!! Por que sempre chega assim do nada? — Jeong falou bravo, largando a caneta na mesa.  

— Sabia que dá pra ouvir passos passando pela madeira quando a gente anda, né? — perguntou Mingi, dando uns passos. E foi bem aquilo que aconteceu, Jeong ouvia o pé de Mingi bater na madeira em alto e bom som. — Eu não cheguei do nada, você que não ouviu. — ele deu de ombros, entrando no pequeno espaço também, sentando na ponta da mesinha, um pouco afastado de Jeong. 

— Eu não ouvi, que droga! Estava concentrado nos documentos, e nem prestei atenção. Esses aqui são meio difíceis pra entender, estou anotando com cuidado. — Jeong disse, pegando os papéis, e encarou os mesmos. Estava tão focado e imerso naqueles documentos, que havia esquecido que estava bravo com Song.

— Por que não ficou no seu quarto? Ou dava pra fazer isso amanhã. Sabia que é uma e meia da manhã agora? — Mingi perguntou e Jeong o encarou com os olhos arregalados. 

— O que? Já? — o garoto olhou para o notebook, vendo o horário. Era uma e trinta e um da madrugada. Como havia passado rápido! — Eu nem vi a hora passar! Quando cheguei aqui era quase meia noite. Eu dormi a tarde toda e estava sem nada pra fazer, vim trabalhar.  E já estou acabando a última pasta, queria me livrar delas logo pra poder ficar tranquilo e aproveitar pra descansar nesses dias. — respondeu Jeong. — E eu não fiquei no meu quarto porque era impossível ficar lá. Devia ter colocado uma cama menos barulhenta no quarto de cima, ou simplesmente fazer uma casa com madeiras mais grossas, em Mingi! — Jeong disse e Mingi o encarou, com uma expressão divertida. 

— Ou simplesmente ter colocado eles no quarto de baixo. — Mingi disse em meio a risos, e tomou um gole de chá da caneca que tinha em mãos. 

— Faria todo o sentido! — Jeong disse e riu. Ouviu seu celular apitar e logo pegou o mesmo, vendo uma mensagem de sua mãe, perguntando como ele estava. A pequena casa ficou em absoluto silêncio por uns cinco minutos enquanto Jeong falava com a mãe por mensagem, e Mingi só observava o acastanhado, enquanto tomava o último gole do seu chá. 

— É o San? — perguntou Mingi, deixando a caneca na mesinha. Não tirou os olhos de Jeong, então ele facilmente foi pego por ele, que acabou o encarando também. Não entendia em como Jeong podia ter um olhar tão intenso, não sabia o que ele queria passar, e nem o que estava pensando, só sabia que se sentia atraído demais por eles.  

— Ah, não! É minha mãe, querendo saber como estou. — Jeong disse simples e pegou novamente sua caneta, anotando algo na agenda, enquanto voltava a olhar para a tela do notebook. 

— Você e San ficaram bem próximos, né? — Mingi perguntou, enquanto mexia nos livros da prateleira ao lado dele, como se procurasse algo pra ler. Puxou um livro fino, no qual Jeong não identificou o nome, e abriu o mesmo, começando a ler. 

— Sim, somos bons amigos. — Jeong disse, começando a estranhar a forma que Mingi fazia as perguntas. Ele estava sugerindo algo? 

— Hm... — Mingi respondeu simples, e folheou uma página do livro que segurava. — Amigos muito próximos? — perguntou Mingi, e Jeong novamente largou a caneta na mesa, encarando Song. 

— O que está querendo sugerir, em Mingi??? — perguntou Jeong, já perdendo a paciência. Queria poder trabalhar em paz, mas seria impossível fazer aquilo com o Mingi sendo uma matraca. — Eu estou tentando trabalhar, pergunte o que quer diretamente, e pare de fazer rodeios! Você está me atrapal...

— Você já beijou o San? — Mingi perguntou, cortando Jeong. O acastanhado ficou calado, enquanto encarava Mingi de uma forma séria. 

— Não, Mingi, eu nunca beijei o San. Eu e ele somos amigos, e só amigos, ok? — disse curto e grosso. — E pra que isso te interessa? É minha vida pessoal, e você é meu patrão, não deveria se intrometer! — Jeong disse. 

— Eu sou seu amigo, mas você me beijou. — disse Mingi, ainda encarando Jeong. 

Yunho não sabia exatamente o que sentir naquele instante, e também nem sabia o que dizer. Não sabia se tinha raiva, se ficava arrependido mais do que já estava ou se jogava um livro no Mingi. Achou a terceira opção uma maravilha, mas se conteve.

— Nós não somos amigos, Mingi, e você sabe disso. E também sabe que aquilo não era pra ter acontecido. 

— Ok... então melhor ainda que não somos amigos! Quanto menos sentimentos estiverem envolvidos, melhor. E eu sei que aquilo não era pra ter acontecido, mas você é ótimo com segredos, certo? — Mingi perguntou bem sério e Jeong o encarou confuso. 

— O que está querendo dizer? — Jeong perguntou, ainda não entendendo onde Mingi queria chegar. Ele de fato sabia muito bem guardar segredos, era um próprio baú, que mantinha todos os segredos bem trancados com as sete chaves, só não entendia o porquê de Mingi querer aquilo dele, pelo menos não naquela situação.

— Que eu quero você pra mim. — Mingi disse, mantendo seus olhos escuros presos em Jeong. 

LOYALTY I • YungiOnde histórias criam vida. Descubra agora