Collide.

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Gizelly.

As luzes eram fortes e o barulho se aproximava, tudo estava nos tons rotativos de vermelho e azul, todo meu corpo doía, mas eu não conseguia fechar os olhos. Eu não podia fechar os olhos.

Tentei esticar meu braço, mas uma força horrível o deteve no lugar, meus dedos se mexiam se esticavam, mas não eram suficientes.

As lágrimas desciam de meus olhos, grudavam em meu cabelo junto com o líquido grosso que queimava minha pele.

-Gi... Ela chamou sua voz não passou de um sussurro.

Tentei dizer que estava tudo bem, tentei pedir que ela não falasse nada, mas minha garganta doía, minha voz não saia.

Senti uma tontura e uma fraqueza, as luzes se apagaram, as vozes e os sons se distanciavam, Rafaella sumia da minha frente enquanto a escuridão me tomava.

Não!

Abri os olhos e me forcei a olhá-la, desacordada, o sangue correndo por todo seu rosto. Aquele sangue escondendo a beleza de seu rosto... E ela desacordada.

-Alguém está bem? Ouvi uma voz se aproximar da minha janela. -Alguém respondendo.

-E-Ela está... desacordada. Respondi sentindo minha garganta queimar, as lágrimas desciam como cacos de vidro. -Ajude ela primeiro.

-A senhora está bem? Sabe quem é?

-Ajude-a. Pedi com firmeza. -Ajude-a primeiro!

-Temos uma consciente em estado de choque e uma inconsciente! Andem logo com isso. A voz gritou distante novamente. -Estamos fazendo de tudo e vamos tirá-las o mais rápido possível.

Ele tentava não transparecer nada, tentava ser o mais profissional possível ao mesmo tempo em que ele era carinhoso com suas palavras.

-Você sabe me dizer o que aconteceu? Ele perguntou tentando me manter acordada.

-Estávamos dirigindo... e então uma luz, um barulho. Falei tentando achar sentindo em tudo aquilo. -Como Rafa está? Rafa!

Chamei-a, mas ela não respondia forcei os olhos para ver o que acontecia, haviam pessoas  em sua janela e corriam e cortavam e faziam um barulho horrível e alto demais.

A escuridão me cercava, queria que eu me entregasse a ela, mas eu não podia deixar Rafa sozinha. Meus olhos começaram a ficar mais pesados, respirar o mínimo possível começou a ficar difícil e dolorido demais, tentei novamente esticar as mãos para alcançá-la, para que ela soubesse que eu ainda estava ali, mas foi como se um elefante estivesse pulando em meu braço e soltei um grito agudo na mesma hora que Rafaella sumiu da minha visão.

-Salvamos uma, a pulsação está muito fraca tragam o cobertor. Ouvi as vozes dizendo no fundo.

-Ela vai ficar bem. A primeira voz apareceu novamente ao meu lado, aliviado. -Ela vai ficar bem.

Senti um alívio percorrer meu corpo, fechei meus olhos por um segundo e então a escuridão e o silêncio me tomaram.

Rafa estava bem e ali, eu parei de existir.

******

Ouvi vozes baixas e luzes fluorescentes, não conseguia mover nenhuma parte do meu corpo nem ficar no que estava ouvindo ou vendo e poucos segundos depois apaguei novamente.

******

Abri os olhos, mas a luz estava forte demais, senti uma leve dor em meus braços e um incômodo no nariz, levei as mãos delicadamente até o nariz e tirei o cano que estava nele, era pequeno e levava ar aos meus pulmões.

New Year's Day. (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora