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l'amour

A chuva caia com força do lado de fora do campus, as janelas não impediam o barulho ensurdecedor de se alastrar em todo o prédio.

Wen Junhui estava ensopado, tinha esquecido a mochila na sala de aula, estava tão distraído em comer seu bolinho de chocolate que não notara a falta da mochila. O prédio já estava com a maioria das luzes apagadas e a cada barulho mais forte de trovoada fazia junhui soltar pequenos gritos incontroláveis.

Subiu a escadaria ensopado, pela segunda vez ele estava no corredor errado e suas pernas já doíam, ele odiava andar no escuro.

Cansado de andar, encostou-se em uma parede para respirar.

Seu corpo caiu pra trás quando a janela se mexeu e seu olhar foi direcionado para a sala da frente onde a forma de um corpo aparecia na sombra da parede. A sombra se mexia em um ritmo lento e para Jun, era a coisa mais linda que ele já tinha visto, até tentar olhar pela janela e ver um garoto alto, roupas coladas e movimentos fluidos. Ele seguia o ritmo da chuva e graças ao barulho alto da mesma, ainda não tinha visto Junhui que atrapalhado, fazia mais barulho que o normal.

O coração dele batia forte, seus lábios pareciam secos graças aos movimentos pélvicos que aquele homem fazia.

Ficou exposto apenas por um segundo graças a um raio que clareou a sala, mas foi o suficiente para que a imagem do homem ficasse gravado na mente dele. Mais um trovão e um grito surgiu da garganta de junhui. O dançarino parou no meio da dança e procurou o barulho.

Jun correu; seus passos sendo abafados pelo barulho da chuva. Virando duas vezes o corredor, conseguiu chegar ao setor de poemas e pintura, sua bolsa ainda estava em cima da mesa. O cavalete de pintura ainda com o desenho de asas pela metade.

"Ainda bem que ele não me viu." - Sussurrou Jun para si mesmo.

Meia hora depois Wen Junhui estava sentado na cadeira de seu dormitório, o lápis corria sobre o papel, as palavras saltavam do grafite assim como no desenho que se seguiu ao poema, era um corpo em movimento. O rosto brincando de aparecer e esconder, o perfil sério e sensual aparecendo lentamente na folha.

No dia seguinte Jun carregava o "quadro" na mochila e o poema no bolso, seu nariz escorria devido a chuva da noite anterior, olheiras enormes enfeitavam seu rosto pela noite mal dormida.

"Você tá' bem?" - perguntou uma voz rouca quando seu corpo bateu de encontro ao dele.

"Ah.. tô sim, obrigado. - respondeu Junhui tímido.

Levantando do chão, seu olhar encontrou com o dele, e Jun pode ver o mesmo homem que o da noite anterior. - "Não foi nada, então.. desculpa! Tchau." - Disse enquanto saía andando rapidamente, não queria que o outro percebesse a vermelhidão de suas bochechas.

Atrás dele, Xu Minghao ria do mais alto correndo e tentando segurar a mochila no ombro. Antes de ir para sua sala, olhou pra baixo notando um papel amassado; pensou em chamar o outro, mas, vendo a distância entre eles, somente pegou o papel e decidiu que iria procurar por ele depois.

Sabia quem ele era, conhecia-o do sarau do outro semestre como o autor de diversos poemas de que era apaixonado.
Mesmo sabendo que era errado, ele não pode resistir e leu o papel em suas mãos.

"Era calmo, forte
Era suave e rústico
Seu corpo transmitia sentimentos
Os lábios entreabertos;

Era leve como o vento
Seus toques seriam tão suaves?
se eu me apaixonasse...
Seria tão errado?

É tão errado se apaixonar por alguém igual?
Nossos corpos encontrariam o seu próprio ritmo?
Apesar de diferente, eu queria sentir ele.

É errado te amar, mas
Nós seríamos incríveis juntos".
Wen Junhui.

Minghao começou a correr atrás do poeta. O setor de poemas e pintura era longe demais; mesmo para suas pernas compridas, o deixando arfando de cansaço.

"WEN JUNHUI!" - Gritou quando chegou no corredor deles.

O garoto saiu da sala, e assustado, olhava o outro que se apoiava em seus próprios joelhos, recuperando ar.

"Esse poema.. Eu quero usar ele na música que vai tocar na minha apresentação do sarau."

Jun olhava atônito o outro que, mesmo cansado, demonstrava sua determinação.

🧺


– revisado. ✔

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