Contaminação

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Contaminado é a palavra que me define, o ar que respiro levais meus mais perturbados e inconsequentes pensamentos embora, deverei jamais sentir, mas algo me corroe por dentro e tenho certeza que é esse vírus que injetam em mim toda semana...

Esse vírus corroe meu sangue e me deixa de cama um dia, ele apaga tudo que sinto, tira tudo de mim, eu lembro do que ocorreu durante a semana, mas é como se não fosse nada, não lembro de sentimentos, como se eles nunca existissem.

Os médicos falam que isso me ajuda, mas eu não sei no que ajuda eu continuo tendo surtos, lembro-me de atacar um médico por limpar o vidro da janela de meu quarto, só porque eu havia feito um desenho ali, eu lembro do desenho ser importante, mas não lembro o porque, nem lembro do desenho. Os surtos andam piorando, na semana passada eu havia atacado a enfermeira pois ela insinuara que eu estava muito magro para alguém da minha idade, ela era ridícula, como ela ousa me chamar de raquítico? Ela mereceu a surra.

Eu tenho certeza que não sou uma pessoa agressiva, mas as vezes esses surtos acontecem... Meu médico disse que eles são normais, que o vírus um dia vai fazer parar, mas sei que esse virus está me matando aos poucos.

Fui liberado depois de uns exames e decidi em vez de ir para o quarto ir para o patio, o dia estava lindo, o céu estava nublado e ameaçava chover, me identificava nele. Sem vontade de fazer nada fiquei caminhando aleatoriamente no patio olhando para o céu, eram poucas as vezes que eu tinha a oportunidade de aprecia-lo.

Fui ao chão ao chutar algo e bati a cabeça em uma pedra, não senti dor, mas estava ciente de que deveria.

-Me desculpe, você está machucado? -fui virado com força e pude ver o céu novamente. -Aigoo você está sangrando! -anunciou com preocupação eminente no rosto.

Não consegui reagir quando ele me pegou no colo como se não fosse nada e me levou correndo para dentro do hospital, ele falava algo totalmente aleatório para qualquer um que passava.

Pude sentir seu cheiro e por estranho que pareça é o cheiro de girassol, ou é como eu imagino que seja o cheiro de um girassol. Ele também tinha a pulseira de informação no pulso, então imaginei que ele também fosse paciente, de repente algo molhado caiu no meu rosto, ele estava chorando? Ele me colocou deitado em um banco de espera e correu para a recepção.

Me sentei e fiquei o encarando, a mulher da recepção olhou para mim em duvida, neguei com a cabeça lhe avisando que estava bem e a vi revirar os olhos para o garoto que bateu a mão com força no balcão exigindo atenção.

Levantei sem entender nada e caminhei para o corredor, sabia que quando sangrava deveria ir imediatamente para meu médico pessoal, sua sala não era longe dali então caminhei tranquilamente pelo corredor.

Meu braço foi puxado para trás com força me fazendo virar, era o garoto de antes, só agora notei que ele é alto, ele ainda tinha lagrimas escorrendo em seus olhos, seu olhar preocupado sobre mim por algum motivo me foi desconfortável.

-Onde você vai? -questionou. -Você precisa ser medicado, você está sangrando!

-Eu estava indo ate o médico. -o informo apontando para o corredor.

-Isso vamos direto ao médico, as recepcionistas daqui não servem pra nada. -reclamou antes de limpar o rosto na manga de seu moletom azul bebê. -Vamos eu te levo. -deu dois passos a minha frente e se virou com um sorriso tímido. -Onde fica? -questionou envergonhado.

-Vamos juntos. -sugiro sem entender porque ele quer ir comigo ao médico, estaria ele também sangrando?

Caminhamos um do lado do outro em um silêncio constrangedor. Por algum motivo eu queria dizer algo, mas o vendo inquieto decidi ficar em silêncio também. Ao chegar na sala de meu médico bati duas vezes na porta antes de a abrir entrando em seguida.

Virus ~ YoonseokOnde histórias criam vida. Descubra agora