"Dentro do meu sonho azul
Quero conter você
Mesmo se você disser que não
Dentro dos meus olhosDentro do meu sonho azul
Eu quero te abraçar
Mesmo que você diga que não podemos
Dentro do meu abraço"
A luz dançante se espreita pelas frestas que o vento abre entre as cortinas, pequenas partes do quarto aparecendo e desaparecendo a cada brisa. Sinto primeiro o suor que escorre pelo meu pescoço, meu rosto amassado diretamente contra o colchão e depois a coberta grossa oferecendo uma resistência maior do que consigo lutar contra para me levantar. Então me dou conta de uma voz impessoal vindo do cômodo ao lado e, após conseguir distinguir algumas palavras, percebo que se trata do noticiário. Por fim, é o cheiro o último responsável por me fazer perceber que ele está de volta.Chuto as cobertas com a recém adquirida força revigorante e uma suave aragem me conduz mais rapidamente em direção à porta.
"Hobi!" A imagem é perfeita demais para ser real: ele está sentado no sofá, as pernas cruzadas como de costume, a caneca gentilmente apoiada em seu joelho. Seu rosto se vira para mim, os fios acobreados escurecendo por se afastarem da luz, mas seu sorriso se abre de forma tão genuína que o sol se esconde envergonhado atrás de uma nuvem. Corro em sua direção e a bebida some bem a tempo para que eu me jogue em seu colo.
"Não quis te acordar...", sinto a vibração de sua voz com meu rosto afundado em seu pescoço. Inalo o perfume até meus pulmões não aguentarem mais; meu coração se aperta e dá mil piruetas. Sinto seus fios macios entre os meus dedos e preciso de mais. Mais do seu cheiro, mais do seu toque. Encaro seu rosto, conferindo se cada detalhe é exatamente como está gravado em meu subconsciente, se cada sarda está onde deve estar, e então a luminosidade encontra seus olhos e a mágica acontece.
É uma cor que só existe aqui. Não seria capaz de descrevê-la nem em meus melhores dias de poesia. O sol faz sua parte, mas há centenas de estrelas em suas íris que são unicamente dele e explodem com autonomia, criando galáxias inteiras com uma serenidade de um amanhecer. Meu peito, já muito castigado pela saudade, se derrete e escorre timidamente pelos olhos. Dou uma risada sem jeito e pisco poucas vezes — não ousaria perder frações de segundo desnecessárias sem vê-lo — e ele beija minha face.
"Já é hora..." leio em seus lábios e sua expressão triste coloca meu coração em alerta.
"O quê? Não..." Seus lábios me tocam mais uma vez, mas já não têm mais o mesmo calor. "Não!"
"Eu sempre vou amar você."
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Blue Side
RomanceDepois de alguns meses, Jungkook pode finalmente abraçar Hoseok novamente.