Capítulo LXXII ● Youngjae

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- Então, como a gente faz isso? - Jaebeom pergunta ao meu lado. Estamos todos sentados no fundo da sala, em um pequeno circulo que mais parece um ovo vendo da minha perspectiva de cego, e tentamos fazer o menor número de barulho o possível, apenas por precaução para caso Sr. Yin surpreendentemente consiga romper a barreira da dopagem de antialérgicos e acordar.

- A gente pode fazer como em It, a coisa, e cortar nossas mãos para fazer um juramento de sangue. - Yugyeom propõe e eu concordo com a cabeça, pois sei exatamente do que ele está falando, afinal, li o livro e assisti os filmes junto com ele.

- Sai sangue demais e dói. - Bambam veta a idéia, sendo apoiado por Mark, que faz um barulho em concordância e eu suspiro teatralmente.

- Mas a amizade também dói as vezes. - Comento, tentando soar o mais filosófico o possível.

- E exatamente por isso não precisamos de mais dor. - Bambam não dá nenhuma credibilidade a minha tentativa de ser poético, o que faz com que eu ponha um biquinho decepcionado em meus lábios, apenas para demonstrar minha indignação.

- Então podemos furar apenas a pontinha dos nossos dedos. - Jaebeom propõe, o que me faz voltar a sorrir, afinal, ainda é como em It, só que um pouco menor.

- Sim! Podemos fazer como quando vamos checar a glicemia, tem sangue, mas não tanto quanto teria se fosse um corte, porém ainda assim tem sangue! - Me animo um pouco, mas paro de berrar quando lembro que Sr. Yin ainda dormia lá na frente da sala.

- Por que não pode ser sem a parte do sangue? - Jinyoung, o estraga prazer, questiona e eu estava prestes a responder, mas Yugyeom faz isso por mim.

- Porque daí não vai ser um pacto de sangue.

- Mas porque tem que ser um pacto de sangue? Não pode ser só um pacto?

- Pactos de sangue tem mais peso, soam melhores do que apenas pactos, imagina como vai ser legal quando tivermos filhos e pudermos contar para eles que já fizemos um pacto de sangue. - Bambam entra na conversa, aparentemente mudando de ideia sobre o fato de ter ou não sangue no pacto, sendo que o primeiro a vetar a idéia foi ele.

- Eles vão pensar que já fizemos parte de uma seita satânica. - Jackson comenta, o que me faz rir baixinho em concordância.

- Pensei que você não queria a parte do sangue, não foi por isso que vetou a idéia? - Mark questiona, mas bambam apenas da de ombros descontraidamente.

- Vetei a idéia do corte, nunca falei nada sobre furos nas pontas dos dedos.

- Então vamos fazer isso! Alguém tem um alfinete? - Questiono animadamente, sempre quis fazer um pacto de verdade, daqueles entre amigos, assim como nos filmes, e agora que essa oportunidade que antes parecia ser quase impossível de acontecer, aconteceu e eu quase nem acredito que realmente o dia chegou.

- Tem os alfinetes dos bottons da minha mochila. - Yugyeom lembra, tão animado com a idéia quanto eu, e eu corro até onde a mochila dele está, tateando o vento até finalmente achar a bendita debaixo da mesa.

- A mochila. - Jogo a mochila em direção a Yugyeom e escuto ele pega-la no ar, começando a mexer em algo na mesma de forma espalhafatosa. Enquanto ele faz seja lá o que for, eu volto a me sentar no meu lugar de antes, ao lado direito de Jaebeom e do lado esquerdo de Yugyeom.

- O alfinete. - Sinto Yugyeom erguer algo ao meu lado e sorrio feliz da vida apenas por saber que é o alfinete.

- E aqui está meu dedo. - Estico meu braço direito com o dedo indicador levantado, para mostrar o lugar onde vou ser furado e tal.

- Realmente não tem ninguém preocupado com essa ideia? Tipo, ninguém mesmo? - Jinyoung interrompe minha felicidade, chamando a atenção de todos para si. - Não existem doenças que se passam pelo sangue? Além disso, podemos pegar uma infecção se usarmos algo não esterelizado para cortar nossa própria carne. Podemos até morrer!

- É um furo na ponta do dedo, Jinyoung, não uma cirurgia. - Jaebeom retruca e Jinyoung arqueja indignado, não desistindo de apoiar seu ponto de vista.

- Ainda assim! Infecções surgem por muito menos!

- Então é só desinfectar depois, não é grande coisa, não precisa ficar nervoso. - Tento soar o mais sereno o possível, porque todo o ar em volta de Jinyoung parece estar meio tenso, então talvez ele tenha uma crise de ansiedade a qualquer instante.

- Pelo amor de Deus! Vocês realmente querem se cortar só pra fazer um pacto estranho de amizade e eu que sou...

- Então você tem medo de sangue. - Yugyeom interrompe Jinyoung no meio de seu discurso e tudo fica em silêncio logo após sua frase, que provavelmente era exatamente a mesma que se passava na mente de todo mundo, mas que ninguém teve coragem para dizer antes.

- M-medo de sangue? Quem tem medo de sangue aqui? E-eu...- Bambam interrompe Jinyoung, rindo lá do lugar onde estava sentado, que por acaso era entre Jinyoung e Jackson, e tenta abafar a risada com as mãos, com medo da ira do Park, eu acho.

- Gaguejou perdeu a razão. - Jaebeom joga lenha na fogueira e então é a minha vez de tentar esconder a risada, mas sou menos bem sucedido do que o tailandês, então acabo deixando uma risada escapar.

- Parem de rir, eu não tenho medo de sangue! - Jinyoung exclama, mas seu nervosismo entrega tudo.

- Não tem? - Yugyeom pergunta, aparentemente se divertindo com o nervosismo do outro.

- Não, eu não tenho... não tenho medo de nada. - Jinyoung tenta soar confiante em sua resposta, mas não dá para esconder o que esta tatuado bem na sua testa.

- Então prove. - Yugyeom desafia e eu escuto Jinyoung bufar ironicamente, provavelmente respondendo ao olhar desafiador que Yugyeom com certeza tem no rosto agora, o que me faz sorrir, porque aparentemente meu amigo não tem mais vergonha de ser quem ele é de verdade na frente do cara de quem ele gosta.

- Provar o que? Como eu vou provar?

- Aqui... - Sinto Yugyeom erguer novamente o braço e provavelmente abrir a mão onde estava o alfinete do botton, nossa ferramenta de pacto. - Seja o primeiro a furar o dedo, comece o pacto.

- O que? Eu não...

- Você não...? - Yugyeom debocha, soltando uma risadinha desafiadora, e acho que isso é o suficiente para fazer Jinyoung se decidir, porque sinto Alguém se aproximar e tirar o alfinete da mão do meu melhor amigo de forma não tão delicada.

- Me dá essa merda aqui! - Jinyoung rosna, bravo, e então retorna para seu lugar na roda, aparentemente carregando o alfinete em si. - Eu vou começar a porra do pacto.

Blind • 2Jae (HIATUS) Onde histórias criam vida. Descubra agora