Prythian, muito antes da guerra.
Mitos e lendas estiveram presentes na história desde a antiguidade. Humanos buscavam razões para todos os desastres que aconteciam em suas vidas, eles ao menos tinham uma razão para acreditar que o futuro podia ser uma dádiva e não uma maldição. Para aqueles homens e mulheres, nascer em um berço de ouro significava prosperidade e abundância, mas para os seres feéricos, era assinar uma sentença de morte.
Eram loucos os que cruzavam com a família de Beron Vanserra, mais loucos ainda qualquer um que se envolvesse com eles. Jesminda, uma ninfa do povo do ar, teve um trágico fim ao se apaixonar pelo filho mais novo do Senhor do outono, que fez o pobre rapaz assistir o fim que sua amada levava.
Eris, o primogênito, assinado como a cópia fiel de seu pai, iria herdar toda aquela terra e o título de grão-senhor. Mas ele não esperava que naquelas circunstâncias, teria o mesmo futuro de seu irmão. Há meses havia observado o pequeno povoado ao leste da muralha, quando se deparou com a bela moça de cabelos castanhos, Suzan Finnigan, que poderia passar despercebida por qualquer um, mas não pelo herdeiro da coroa outonal.
Eles não eram parceiros, não, sua ligação iria muito além do quê um laço que o caldeirão teria lhe abençoado. Ela também não era humana, mas estava longe de ser uma grã-feérica. Havia boatos sobre as pessoas que moravam naquele vilarejo, nem mesmo os mais antigos reis sabiam em que aquele povo estava inserido.
Todos sabiam que o rei de Hybern estava com planos de atacar Prythian, e era questão de tempo até que algum desastre acontecesse. Ele poderia fugir, levaria Suzan com ele, viveriam em uma casa afastada e perto do mar, esses eram os segredos mais íntimos que Eris poderia guardar. Mas ele não poderia fazer isso, tinha uma obrigação maior com o seu povo, não podia deixar que a tirania de seu pai machucasse pessoas inocentes. Ele havia errado muito tentando seguir os passos de seu pai, não poderia fazer isso de novo.
Pouco antes do ataque de Amarantha, um informante havia seguido Eris em suas viagens secretas e descoberto sobre sua companhia especial. Desculpas esfarrapadas não salvariam a vida dela. Não quando estava carregando uma criança, mestiça, a maior abominação aos olhos de Beron.
Mas era o maior presente aos olhos dos pais.
Havia uma guerra se aproximando. Eris sabia que isso traria grandes problemas, não só para ele, mas para todas as cortes. Não poderia enviá-la para qualquer lugar perto dele, Beron seria capaz de achá-la e matá-la. Aquele era um jogo em que não podia confiar em ninguém.
Antes de tudo acontecer ele sonhara que segurava uma linda garotinha de cabelos castanhos enquanto a ninava. Se chamaria Evalin, foi o único pedido que fez à Suzan. Este nome significava "pássaro de grande estirpe", que na história feérica simbolizava o amor da família. Não aquela que o pai havia criado, mas aquela que Eris estava disposto a morrer.
Aquele simples sentimento, se tornou a esperança que tanto invejava nos humanos, mesmo que de forma silenciosa, ele sabia que estava bem ali.
Suzan havia sido muito mais do que o caldeirão poderia lhe dar, ele nunca iria esquecê-la, mesmo que não estivesse diante dos seus olhos, ela seria a memória mais vívida em seu coração.
Também não se despediria, quando tudo acabasse elas voltariam, e eles seriam uma família, ele havia prometido isso, e promessas são como marcas da pele, elas nunca se vão.
Aquilo não era um adeus, era um simples até logo.
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A Grã-Rainha Perdida
FanfictionA Grã Rainha Perdida | ❝Filha de um grão-senhor? Eu tenho cara de protagonista de filme por acaso?❞ Evalin não esperava que sua vida mudasse tanto no dia de seu décimo oitavo aniversário, muito menos que iria cruzar por tanta gente e problemas em tã...