FOGO

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P.O.V Petter

Estremessendo dentre as folhas eu tirei meu moletom e usei como cobertor enquanto desejava voltar para casa e é nessas horas que a gente entende, a vida não é um conto de fadas.
Eu poderia ter escolhido qualquer outro lugar para passar a noite mas decidi vir para a floresta, como se eu precisasse de ajuda para ter pesadelos. O cheiro ruim e os barulhos e uivos só pioravam cada vez mais minha situação

– Não vou conseguir dormir - Pego meu celular e abro meu bloco de notas - Piroquenisia ? Mutações ?Super poderes ? A prova de fogo ? Nada disso faz sentido

P.O.V

No meu bloco de notas estava um lista de coisas que andaram acontecendo comigo. No dia 6 de Janeiro enquanto eu preparava o almoço o fogo do fogão aumentava de tamanho cada vez que eu chegava perto até que decidi me arriscar e conforme eu mexia minha mão o fogo me seguia e não vou mentir, com o susto acabei derrubando a panela o que deu início a mais uma briga de rotina entre minha mãe e eu.
No dia 8 eu acordei de manhã lembrando da briga e ao me olhar no espelho vi meu cabelo crescer e as pontas ficarem laranja, isso mesmo, meu corpo começou a mudar, fiquei mais alto, mais forte e mais pálido também. E finalmente a prova de chamas, a cada minuto que se passa eu lembro da briga que tive com a minha mãe, dissemos coisas horríveis um para o outro e lá pelas 4 da manhã eu acordei com os gritos e a tosse, minha casa estava em chamas, ela enrolada em um cobertor e cheia de queimaduras como se o fogo se lançasse em direção a ela mas eu? Eu não sofri uma única queimadura, nada.
Depois desse dia eu não tive coragem de voltar para casa, não é coincidência que eu não tenha me queimado mesmo estando no meio do incêndio, né?

– Já chega não posso mais ficar pensando nisso, eu preciso...dormir, o que foi isso? - ouço um barulho como um rugido mas triste e sofrido, o chão começou a tremer e uma criatura enorme e horrível saiu de dentro das árvores, com o corpo todo queimado era como se tivesse vindo direto dos meus pesadelos, meu único instinto foi correr como se não houvesse amanhã

A criatura me perseguia e eu não sabia o motivo, eu corri tanto mas é claro que se tratando de mim eu caí
Aquela mão gigante (se é que eu posso chamar aquilo de mão) começou a se aproximar e eu já estava pronto para morrer mas um clarão de luz apareceu na minha frente
Tudo que eu ouvi foi uma mulher me mandando correr sem parar e eu a obedeci e quando atravessei a porta do armazém eu estava na frente da minha casa
Corri para o meu quarto e me escondi atrás da cama até que cai no sono

– Peter, Peter acorda - Dizia minha mãe espantada afinal já faziam 3 dias que eu tinha ido embora de casa

Mãe, eu... Eu... Sinto muito de verdade

– Tá tudo bem, Tá tudo bem... - Ela me abraçou de um jeito que eu nunca tinha sentido antes

Nós passamos a tarde conversando e eu tive que mentir, não posso contar pra minha mãe que eu causei o incêndio que destruiu metade da minha casa

[16:39, na casa dos meus tios]

– Peter, tem uma moça aquilo fora querendo te ver - Disse minha tia

– Quem é?

– Ela disse que é a diretora da sua escola

– Deve estar querendo saber do meu sumiço, nunca vi um diretor se preocupar tanto, vou lá falar com ela

Desci até a rua onde estava a tal mulher e quando percebi era ela, a mulher que me mandou correr ee salvou naquela noite

– É você, aquela mulher, a luz... Como você sobreviveu a aquela coisa

– Olá Peter, meu nome é Dawling, diretora Dawling e eu prometo que vou explicar tudo mas agora você tem que vir comigo

– Eu fui criado pra nunca falar e nem seguir ordens de estranhos mas você já me salvou uma vez então não tem motivo pra eu me preocupar... Eu acho

– Ótimo, agora venha

– Pra onde, eu não tô entendendo nada, não posso sair assim do nada e minha mãe?

– É verdade, eu tenha esquecido venha comigo, vamos falar com ela

Nós subimos e a senhorita Dawling conversou com a minha mãe, ela disse que era diretora de uma escola super estimada na Irlanda e que eu tinha ganhado uma vaga graças as minha artes que eu posto no Instagram
Foi uma boa desculpa e por um momento eu mesmo acreditei, ela disse que teriamos que embarcar imediatamente e é óbvio que minha mãe não caiu nessa então, resumindo, ela foi embora e disse que eu tinha que estar em um endereço específico até às 20:00 horas ou eu ia "perder a minha vaga"
E assim se fez, arrumamos minha mala e fomos até o endereço chegando lá tinha um carro grande me esperando
Eu me despedi da minha mãe, entrei no carro e perguntei pro motorista:

– Se importa de dizer onde a senhorita Dawling está?

– Está falando com ela - Disse o motorista mudando de forma e se transformando na senhorita Dawling

– Mas você, era ele e agora é você de novo. Mas afinal de contas o que é você?!

– Eu sou muitas coisas mas o que você precisa saber é que eu sou uma diretora de uma escola de fadas e você é uma fada

– Tá bom, eu achei que minha semana não ficava mais louca mas pelo visto me enganei

– Eu sei que é difícil no começo mas com o tempo você se acostuma com a ideia

– Oi, meu nome é Peter e eu sou uma fada... Não, eu não vou me acostumar com isso

No caminho ela me explicou tudo
Eu sou uma fada do fogo o que já explica muita coisa e aparentemente meu poder é a chama do dragão, o que deu início ao universo, por isso aquela coisa estava atrás de mim e como se isso fosse pouco, eu sou a única fada homem encontrada em centenas de anos
É, não pode piorar...

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