Capítulo 14 - Um Bruxo

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❕NOTA DO AUTOR:
Búfalo Sandara é um conto do mesmo universo que a historia LUCIFER SMERALDINA, que foi publicada neste mesmo Blog no início de 2019. Recebi diversas mensagens e comentários de leitores que não compreenderam alguns pontos colocados em Búfalo Sandara que não fazem sentido dentro do conto, esses pontos são referentes a acontecimentos que ocorreram em Lucifer Smeraldina. Essas duas histórias parecem independentes, mas na verdade são totalmente interligadas.

Infelizmente os atrasos de para a postagem de novos capítulos se deu pelos transtorno da vida em quarentena durante a pandemia de covid19, espero que compreendam.

Obrigado.
Felipe Caprini  
Cinco de Janeiro de 2021.

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Búfalo Sandara 

Capítulo 14

"Um Bruxo"

☆I
Oyá, senhora dos nove Orun's, detinha o poder de se locomover entre eles como bem quisesse, sem a necessidade de portais ou de apetrechos e ferramentas mágicas.
Isso se deve a maneira como fora criada, seu espírito havia sido moldado a partir do vento e da agua, dois elementos que não tem por hábito respeitar fronteiras. Para Oyá era só caminhar alguns passos que podia sair de um ponto e adentrar a outro ignorando completamente a distância real entre eles. Foi assim que levou Tanya, Edmundo e Sandara até Temiloyê.
Foi assim, simples como caminhar três passos, e então eles imediatamente estavam diante do Palácio de Torres de vidro. Temiloyê é a cidade Capital das terras de Yemanjá.

— Como? Como chegamos até aqui? — Edmundo olhou em volta — Eu não compreendo.
— Por Olodumare! — Tanya se espantou ao ver mais a diante o edifício — Nunca vi nada mais belo!
Ela mirava cheia de admiração o Palácio, haviam quatro pavimentos feitos do que parecia ser mármore branco, o telhado era vidro transparente similar ao que se vê em estufas, a cada quarenta metros se erguia uma Torre inteiramente de vidro cujo o topo era cúpular e que ao longe reluzia como um diamante. O Palácio possuía quinhentos metros só em sua faixada frontal e se erguiam então dezesseis torres de vinte e cinco metros de altura, diante da majestosa entrada corria um rio Largo e turbento, o que se fazia necessário usar da ponte arqueada bem a diante.
— É lá que Yemanjá mora? — Edmundo perguntou.

Oyá abriu a boca para responder, mas imediatamente a fechou e com os olhos arregalados olhou para leste.
— O que foi mãe? — Sandara quis saber assustado.
— Nada. Faça o seguinte, entrem no Palácio e me esperem no saguão, estarei com vocês em um segundo. Vão.

Os três ao ouvir o tom sério entederam que ela lhes dava uma ordem e prontamente obedeceram.

Oyá ficou parada ali e com os olhos fechados se concentrou, sua mente se tornou vazia e neste vazio ecoou sua própria voz.
— Alguém sabe o que foi isso? — Ela falou para a escuridão de sua mente.
— Eu também senti. — Respondeu um homem com voz sibilada.
— Oxumarê? Sentiu o quê? 
— Algo como um tremor tênue nas linhas do universo. 
— Não seja pomposo com as palavras — disse Ogun — O que eu senti foi um chacoalhão no treco todo.
— Ah... — Oxumarê suspirou aborrecido — E eu que achava que esse treco se chamava universo...
— Eu também senti isto. — falou uma voz feminina rouca e grave.
— Também Nanã? Então todos sentiram? — Oyá perguntou.
— SIM. — Centenas de vozes responderam em uníssono.
— Orunmilá? — a voz de Oxum se fez ouvir — Você já tem conhecimento do que causou uma perturbação tão forte a ponto de impactar todos os quatrocentos Orixás?
— Não impactou somente a nós, todos os deuses de todos os mundos sentiram. — Orunmilá respondeu pausadamente.
— E o que foi isto? Digam logo, eu não gosta deste suspense desnecessário. — uma voz jovial de rapaz perguntou.
— Calma Logun, ele vai falar. — Oyá respondeu.
— Foi Jeová. — Orunminlá respondeu calmente.
— O que aquela criança mimada fez desta vez? — A voz aguda de Yemanjá se fez ouvir.
— Ele foi destruído, o que sentiram foi a vibração de um deus primordial morrendo. Jeová morreu. — Orunminlá respondeu.
— MORTO? — Otin se espantou.
— MORTO? — Oxalá ficou consternado.
— MORTO? — Oduduwa berrou.
— MORTO? — Yemoo sussurroi.
— MORTO? — Aganju quis saber.
— MORTO? — Yewá não acreditou.
— MORTO?
— MORTO?
— MORTO?
— MORTO?
— Parem de ecoar a mesma pergunta por favor. — Orunmilá pediu.
— Como pode Jeová ter morrido? Ele é irmão de Olodumare! Ele é equivalente a Olodumare! Ninguém pode matar Olodumare, então ninguém pode matar Jeová! — disse Obaluayê.
— Se Orunminlá diz que é, então é. — Yemanjá falou.
— Quem fez isto? — Oxalá quis saber.
— Não tenho certeza, vi em meu oráculo, vi em meus Odús, ainda assim estou sem acreditar no que vi.
— Nos diga o que viu e lhe diremos se é verdade ou não. — Os Ibeji falaram juntos.

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