"Você sabia que os anjos se comunicam frequentemente conosco através de borboletas?"
Foi o que Jennie me disse aleatoriamente em uma tarde de domingo ensolarada no parque Yeouido, definitivamente esse se tornou o nosso lugar favorito de todos os tempos.
Segundo ela, quando o uma borboleta pousa em você, pode significar muitas coisas, inclusive sorte. Mas para ela nada era por acaso e nada era por sorte. Para Jennie uma borboleta pousar sob você significava que um anjo da guarda ou um guia espiritual estava ali, te tocando e protegendo de forma direta.
Ela dizia que o ciclo de vida de uma borboleta era completamente igual a nossa, eu na época não entendi muito bem o que ela quis dizer com isso, tendo em vista que segundo os meus conhecimentos breves sobre entomologia o seu ciclo se resume em basicamente em quatro fases: ovo, lagarta, crisália (ou se preferirem pupa) e por fim, a fase adulta. Mas com Jennie nada era óbvio, tudo estava nas entrelinhas e eu demorei para enxergar isso.
Ela dizia que quando me conheceu era como se ela fosse apenas uma lagarta, se rastejando ao longo da vida buscando inconscientemente um significado mais profundo sobre a sua própria existência.
Ao longo do tempo Jennie dizia se sentir guiada ao longo dessa "estrada" que enfrentamos juntas, foi como se a cada segundo da sua vida ao meu lado houvesse um significado, como se ela própria fosse o caminho que eu precisasse para voltar ao foco perdido para dentro de mim e vice e versa, para a nossa própria essência. O que eu não sabia era que uma hora, como toda borboleta, ela estaria pronta para voar mais alto, para voar sozinha.
Na verdade, foi nisso que eu quis acreditar, mas Jennie estava me preparando para voar sozinha, eu só não quis enxergar.
As borboletas possuem vida curta, a maioria vive por apenas uma semana ou duas, algumas podendo viver alguns meses a mais.
Mas o fato de nós seres humanos, apesar conseguirmos viver alguns anos a mais que a borboleta, a vida não deixava de ser passageira. Um minuto possui apenas sessenta segundos, uma hora sessenta minutos e um dia apenas vinte e quatro horas. No final também tínhamos pouco tempo aqui.
Jennie era como uma borboleta, me ensinou que os anos passam depressa e devemos aproveitar ao máximo o tempo que temos. As pessoas que temos. Os amores e principalmente o nosso conhecimento.
Talvez eu devesse ter prestado mais atenção nas entrelinhas de Jennie.
Quatro anos atrás:
Um ano.
Um ano desde que Jennie Kim dormiu em meus braços pela primeira vez e desde então as suas dormidas são frequentes, inclusive até a sensação de sentir meu braço formigando após horas servindo como seu travesseiro. Jennie é tão linda dormindo que simplesmente não conseguia acordá-la para que mudasse de posição. Também se tornou comum ser acordada com seus braços rodeando minha cintura, puxando meu corpo para si até que minhas costas encontrassem o toque do seu peito.
Um ano.
Um ano era suficiente para conhecer alguns traços de sua personalidade um tanto peculiar.
Por exemplo, Jennie gosta de tomar café com creme de leite gelado, acrescentado com um leve toque de canela. A comida preferida de Jennie é kimchi. Jennie ama chocolate com menta e ama sempre que resolvo fazer uma pequena surpresa presenteando-a com uma barra nos seus dias mais difíceis, leia-se TPM. Jisoo resolveu apelidar Jennie de Jendeukie, que é uma mistura de Jennie com jjindeuk, que significa pegajosa. Segundo ela, Jennie era extremamente pegajosa comigo. As bochechas de Jennie são fofinhas, parecem dois mandus, em nossas discursões eu a chamo de "meu mandu", pois sei que ela se desestrutura toda. Jennie ama cachorros e ama meus gatos, uma vez a peguei chamando Leo de "meu filho". Os dedos de seus pés ficam dormente após ter um orgasmo. Jennie estuda moda, mas prefere artes plásticas. Os pais de Jennie moram em Paris, ela tem seu apartamento, mas faz um ano que ela prefere o muquifo que eu carinhosamente chamo de quarto...
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Nossas verdades não tão verdadeiras assim.
FanfictionLisa era cética. Cética ao ponto de acreditar apenas nas coisas que poderiam ser provadas pela ciência, tocadas ou vistas. Mas um pequeno acidente faz com ela comece a ver a vida de uma forma completamente diferente. Talvez ela culpe a lei de Murphy...