Ao Seu Lado

Capítulo 3

Aquela porta que Bakugou havia deixado aberta foi um grande problema nas semanas seguintes, ou ao menos era o que ele insistia em pensar, quando o sol nascia e o incômodo sentimento de arrependimento o tomava.

Como quando deixou Deku para trás — sem palavra alguma e cheio de dúvidas —, ele sentia que deveria encerrar aquele assunto, os pensamentos e principalmente os sentimentos, porém, a porta continuava aberta em seu coração, e do lado de fora, se mantinha destrancada apenas quando a noite caía, permitindo sua entrada, para então, ser trancada, como deveria estar desde o início. Por que não tranca essa merda? Bakugou culpava Deku e sua mania desleixada de deixar a porta do quarto destrancada, quando era ele quem esperava todos os colegas estarem confortáveis em suas próprias camas para se enfiar entre as cobertas que não lhe pertenciam.

Ele retornou após o eufórico e confuso beijo no quarto de Midoriya, e como naquela manhã, o cômodo ouviu mais dos sons das respirações descontroladas e dos beijos desesperados, que aos poucos se tornaram experientes e mais famintos.

Não havia conversa de início. Era vergonhoso demais não somente para Bakugou e seu orgulho; Midoriya também não sabia o que dizer, e agradecia por Katsuki sempre aparecer quando todas as luzes já estavam apagadas, ou seria ainda pior, por conta de seu rosto corado e a expressão apaixonada, sempre que sentia as mãos firmes tocarem sua cintura enquanto os lábios se aproximavam dos seus com clara ansiedade — que era compartilhada.

Os finais de semana eram secretamente os preferidos de Midoriya. Eles tinham treino como na semana, porém, podiam dormir um pouco mais, o que permitia que os minutos que passavam juntos nos dias úteis se estendessem para horas durante a madrugada.

Aos poucos, ele passou a ouvir a voz de Bakugou sussurrada e com perguntas curtas sobre a que horas teria de acordar no dia seguinte, que com o passar das noites, se tornaram palavras que o provocavam, quando os lábios ousavam esbarrar na pele arrepiada do pescoço e se curvavam em um vitorioso sorriso ao conseguir arrancar os ofegos que envergonhavam Midoriya.

Bakugou estava brincando consigo, era como se sentia em seus braços em algumas noites, mas as sensações entorpecedoras que seus toques traziam, juntamente com a voz rouca e convidativa, o impediam de raciocinar corretamente quando o tinha sobre sua cama. Os pensamentos sempre vinham depois, quando Katsuki se despedia com um demorado beijo, um gracejo que o envergonhava ainda mais, e saía pela porta de uma maneira silenciosa demais para alguém tão barulhento como ele.

Eles não haviam falado sobre o que acontecia todas as noites, e isso perturbava Izuku. As perguntas sem profundidade e as provocações diminuíram com o tempo, e foram substituídas por conversas curtas, mas que o deixavam contente por saber como havia sido o dia de Bakugou longe da U.A. Era divertido ouvir as reclamações sem sentido sobre Todoroki e os outros alunos que tentavam a provisória pela segunda vez, e se sentia incluído na vida de Bakugou, quando este se abria daquela forma tão natural e tão diferente de antes de se envolverem de tal forma.

Era bom quando estavam sozinhos em seu quarto, porém, ao mesmo tempo que o confortava, aquela situação o incomodava.

Os beijos e toques de Bakugou se tornavam cada vez mais ousados, e Midoriya não podia negar que gostava e queria ir um pouco mais além, porém, havia uma grande insegurança, uma barreira que o separava de Katsuki, sempre que pensava sobre a relação de ambos. Ele podia sentir, mas nunca ouvia ou enxergava o que realmente era aquilo que crescia entre eles, e em certos momentos era difícil deixar de lado o aperto no peito, sempre que se lembrava de certas coisas de pouco tempo atrás, e até mesmo os acontecimentos mais recentes. O olhar que flagrou de Bakugou sobre Kirishima não saía de sua mente, e o jeito arrogante e agressivo de sempre, mantido quando estavam na companhia de outras pessoas, o machucava muito mais do que antes.