Capitulo Unico

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Quando Kristoff viu Hans no fim daquele dia agitado já sabia que tinha o visto em algum lugar. Kristoff não tinha muitos contatos com humanos. Renas e Trolls sim, humanos, apenas aqueles com quem ele era obrigado devido ao seu trabalho cortando gelo.

Mas quando viu os cabelos vermelhos como as brasas de uma lareira em um tom tão diferente do sangue que escorria do seu nariz devido ao soco que levou. Quando viu os olhos verdes claros que disfarçavam todos os planos que maquinava em sua doentia cabeça. Quando viu os lábios rosados que pareciam ser incapazes de pronunciar uma injúria, mas que na verdade cortavam mais que qualquer espada. Teve uma certeza profunda que já o encontrou antes.

Essa lembrança doeu como quando você passa a mão em uma cicatriz e pode sentir por um mínimo instante a dor que ela lhe causou quando ainda estava fresca.

Foi a mais ou menos dois anos atrás. Ironicamente inverno.

Não qualquer inverno, mas o pior deles. Pelo menos até o que a Elsa adiantaria.

Kristoff estava com sua habitual roupa, porém seus cabelos loiros estavam tampados por uma touca e sua boca pela gola da camisa que esticou para usar como máscara, se destacando apenas seus olhos verdes abaixo dos cílios brancos com a neve que soprava forte.

Enquanto ele batia na árvore com o machado ele dizia para sí mesmo “apenas mais uma batida” [blam] “apenas mais uma batida” [blam], sabendo porém que precisaria ao menos de mais duas ou três para que a árvore caísse.

Estava acostumado com seu protocolo para passar o inverno [blam] uma pessoa que trabalha vendendo gelo precisa se prevenir para tempos frios com o dobro da precaução [blam] ainda assim faltou lenha para esses dias finais de geada [blam] por sorte havia muitos pinheiros próximo da sua casa.

A árvore finalmente cedeu caindo na  neve fofa. Kristoff amarrou ela a seu trenó  para leva-la arrastando até a cabana onde morava quando avistou algo entre a neve. Uma cor incomum de se ver em períodos de invernos rigorosos onde o branco e o azul pareciam reinar absolutos, havia um vermelho. Um vermelho intenso que despertou todos os instintos e buscar algo quente naquela geada infernal.

Qual não foi a sua surpresa quando viu um jovem e pálido humano quase enterrado pela neve. Kristoff o tirou da neve. Seus lábios estavam pálidos. Seu cabelo estava congelado e duro, mas ainda mantinha o ruivo intenso. Kristoff por alguns segundos pensou que ele podia estar morto, mas uma pequena nuvem branca, ainda que tímida, saiu de sua boca.

Kristoff o pegou nos braços e levou até a carroça. O cobriu com o cobertor que ele próprio usaria e puxados por sua rena subiram a montanha contra o vento frio e cortante.

Quando Hans enfim acordou estava sentindo uma estranha sensação no inverno. Calor. Aos poucos percebeu que estava deitado no chão de uma espécie de cabana ao lado de uma lareira onde um caldeirão grande pairava e coberto por uma manta feita de pele de rena. Apenas coberto pela coberta.

O príncipe das ilhas do sul se agarrou mais forte a coberta quando percebeu que estava nu. Seu rosto ficaria rubro se ainda não tivesse sofrendo por ter quase morrido congelado.

O primeiro pensamento que passou por ele era que poderia ter sido arrastado lá para ser abusado. Embora sentisse que estava bem, pensou que ainda podia não ter acontecido.

- Que bom que acordou - Ele ouviu uma voz que não pareceu ameaçadora. Era masculina e forte, mas também gentil.

Quando se virou o príncipe percebeu sentado em uma cadeira um homem loiro. Grande e forte de queixo robusto vestindo roupas de peles de animais e bebendo em uma caneca alguma bebida que devia ser quente pois estava saindo fumaça.

FROZEN - Cicatrizes de GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora