Dia de Ação de Graças

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A casa era grande, mas se tornava pequena com a quantidade de gente que estava ali. O casal Durand recebia a família inteira em todas as datas comemorativas do ano e com o dia de ação de graças não seria diferente. A pacata rua no subúrbio de Nova Jersey ficava em polvorosa quando a família estava reunida. Não porque houvesse confusão ou algazarra, mas porque a alegria sobrepujava as paredes, portas e janelas. Era sempre bom estar na companhia deles. Era sempre divertido, mas acima de tudo acolhedor. Aquela família era, de fato, surpreendente e não havia uma só pessoa que não se sentisse bem ao adentrar as portas daquela casa.

- E por favor, Senhor, que no ano que vem meus filhos estejam casados. - pediu Ana, a mãe, depois da oração de graças do marido.

- Por favor, mãezinha, é dia de dar graças, não de pedir nada. - brincou Gabi, a filha mais nova do casal.

Ana revirou os olhos e todos os outros riram.

- A mãe de vocês só quer ver os três felizes, filhos. - disse Oliver, o pai.

- Eu não sou infeliz porque não estou casado. - disse Jean com ar de riso. - E você, Michel?

- Eu também não. - continuou a brincadeira. - Talvez você, Gabi?

- De jeito algum. Estou muito feliz por sinal.

Os três riram e a mãe revirou os olhos mais uma vez.

- Deixem a mãe de vocês. - ralhou a tia em tom de brincadeira. - Ela só quer netos.

- E eu não conto? - perguntou Olie, a filha de Jean.

- Claro que conta, amor da vovó. - falou Ana. - Mas é pecado a vovó querer a casa cheia de mais de você? Eu sempre sonhei em ter muitos netos, mas meus filhos não cooperam. Vocês pensam que são jovens e têm a vida toda? - estão se fixou na caçula. - Daqui há pouco, Gabrielle, a sua fábrica fecha.

- Meu Deus, eu só tenho 27 anos. - falou fingindo indignação.

- E as mulheres hoje em dia estão tendo o primeiro filho depois dos 40. - disse Jean. - Isso não é problema nenhum e a medicina avançou muito.

- Se a Gabrielle tiver filho depois dos 40 eu serei bisavó e não avó.

Todos caíram na gargalhada mais uma vez.

- Escute o médico da família, mãezinha. - disse Gabi olhando para o irmão mais velho.

Ana sempre fazia aquele mesmo discurso. Queria netos. Uma só não lhe contentava. Pobre Olie. Quando as comemorações de graças finalizaram, cada um voltou ao seu destino. Jean, Gabi e Olie foram de carro com Michel até Nova York e lá pegaram voo até seu destino.

Jean e a filha Olie de 12 anos retornaram a Seattle. Era o que mais longe vivia da família. Olie sentia muita falta dos avós e dos tios. Infelizmente o contato com a mãe foi se esvaindo aos poucos ao longo dos anos e ela sentia a falta de uma figura feminina. E como o pai era cirurgião da emergência de um hospital, seu tempo era sempre muito corrido.

 E como o pai era cirurgião da emergência de um hospital, seu tempo era sempre muito corrido

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Michel era o que vivia mais próximo dos pais. Depois do acidente, Ana o implorou pra ir morar com eles, mas o filho era muito independente e apesar da paraplegia conseguiu se reerguer e continuar seu caminho, mesmo numa cadeira de rodas. Era um dos advogados mais brilhantes e requisitados de Nova York.

 Era um dos advogados mais brilhantes e requisitados de Nova York

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Gabi vivia na sempre ensolarada Miami. Era a única dos três filhos que não tinha uma situação financeira estável e era a que mais causava preocupação aos pais, principalmente a Ana. Trabalhava como garçonete num prestigiado restaurante da cidade. Mas seu grande sonho era ser design de sapatos e um dia realizaria seu sonho.

 Mas seu grande sonho era ser design de sapatos e um dia realizaria seu sonho

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