Forcei-me a me acalmar. Qual era o meu problema? E daí que ele era dono daquele avião e de tantos outros? E daí que ele era rico? E daí que ele era mais lindo do que qualquer outro homem que já conheci? Desde quando eu era tão instável, afinal? Pra piorar, a duração do voo era de quase três horas. Eu podia lidar com qualquer coisa. Podia. Claro que podia. Até mesmo ficar sentada ao lado daquele homem lindo e arrogante. Não era o primeiro daquele tipo que eu tinha o desprazer de conhecer. Apesar de nenhum outro ter mexido tanto comigo. Tentei relaxar a mão que segurava a bolsa e disse, da maneira mais calma que consegui:– Certo. Só achei que levando em conta... Quem você é... Você iria gostar de ter um pouco mais de espaço. Fisicamente, digo. Você não é exatamente... – interrompi-me e mordi o lábio, desviando o olhar.
Na tentativa de distraí-lo, comecei a procurar novamente pelos malditos calmantes. Depois dele precisaria ainda mais.
– Não sou exatamente o quê?
Pude sentir o tom de deboche na voz dele e irritei-me.
– Você sabe muito bem o que quero dizer... – acenei na direção dele. – Você não é exatamente do tamanho certo para a classe econômica, é?
Ele abafou uma risada, mas me recusei a olhá-lo. Em vez disso, enfiei a mão na bolsa para procurar mais os inexistentes comprimidos. Odiava aquela sensação do sangue fervilhar, como se estivesse conectada a uma corrente elétrica. Cruzei os braços, percebendo então que ele me encarava com um sorrisinho nos lábios.
Deus!
Quase acusatoriamente perguntei:
– Por que você está aqui, afinal? Aparentemente você poderia estar em um avião particular, em vez de estar aqui esperando, com o resto de nós.
Aquele olhar dele era certeiro, inquietante.
– É por verificação. Gosto de ver como as coisas estão indo, de tempos em tempos.
Fazia sentido.
- O que você procura tanto nessa bolsa?
Eu o encarei. De alguma forma estava chocada pela pergunta direta. Eu não conseguia parar de olhar para ele. O pequeno espaço que ocupávamos parecia ter se tornado estranhamente íntimo, como um casulo.
- Calmantes.
Ele deu um sorrisinho arrogante.
- Eu te deixo nervosa. - ele não perguntou, afirmou.
Bufei. Irritada. Mais comigo que com ele, pois estava mesmo nervosa por causa dele.
- Parece que o Sr. Jordan é bem pretencioso. - afirmei, mas tive mais raiva, pois o sorriso arrogante continuava lá.
De repente o avião começou a mover-se e eu agarrei automaticamente os braços da poltrona, olhando pela janela.
– Oh, Deus, estamos andando.
Uma voz calma veio dessa vez.
– É geralmente isso que acontece antes da decolagem.
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Preconceitos (em ANDAMENTO)
RomansaTrês histórias de preconceitos que serão vencidas pelo amor.