4. Aaron

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Quando ela abriu aqueles olhos lindos e me encarou, não consegui respirar direito. Ela era linda, mas era muito mais do que isso. De repente eu queria saber tudo dela. Outra coisa incomum pra mim.

- Eles aumentaram a temperatura do ar-condicionado? - ela diz parecendo incomodada com o meu escrutínio.

- Você parece estar quente mesmo. Talvez devesse tirar o suéter.

A contragosto soltei a mão dela, a minha formigava de desejo.

– Tenho certeza de que vou ficar bem... – ela diz sem muita convicção.  Eu sabia que estava tão abalada quanto eu.

Então ela tirou o maldito suéter. Mostrando gradualmente partes de sua pele alva, dos braços esguios, dos pulsos minúsculos e dos ombros delicados. Pareceu que ela emergiu dali de dentro corada e a maldita libido subitamente foi às alturas. Ela vestia uma blusa por cima de um top e não mostrava nada que não fosse completamente respeitável, mas mesmo assim, mais uma vez imaginei-a, agora tocando-a.

Gabrielle Durand voltou a mexer na bolsa. Pegou um livro e pôs os óculos novamente.  Encostei a cabeça e fechei os olhos. Alguns minutos se passaram, mas eu sinto seus olhos cravados em mim. Me observando. Analisando.

- É rude encarar, sabia?

Gabrielle tem um sobressalto e derruba o livro. As bochechas estão coradas deixando-a ainda mais bela.

- Como você sabia? - ela pergunta envergonhada.

Não respondo nada, apenas me abaixo e minha cabeça fica próxima das coxas dela. Pego o livro e me ergo  novamente. Dou uma olhada no título antes de devolvê-lo.

- Persuasão. Jane Austen. - comentei, de maneira seca. - Isso é praticamente um sonífero.

A bela mulher  franziu o cenho e de maneira rude tomou o livro da minha mão.

- Não é toda mente que consegue alcançar e compreender uma boa literatura, então acham cansativa e enfadonha.

Ela me insultou. Educadamente, mas insultou. Acabei dando um sorriso.

- Talvez eu só não consiga viver de faz de conta e prefira ler coisas reais.

- Você já leu persuasão,  Sr. Jordan? Ou algum livro de Jane Austen?

- Não, srta. Durand.

- Então não devia falar o que não sabe. Jane Austen retrata bem o cotidiano da época em que viveu. - falou como se estivesse diante de um júri defendendo um cliente.

Ela era uma mulher intensa e defendia com unhas e dentes o que acreditava.

A comissária interrompeu a conversa.

- Aceita algo para beber, Sr. Jordan?

- Um café. - a comissária sorriu exageradamente pra mim. - Não vai perguntar à senhorita o que ela deseja? - falo sem muita paciência.

Ela parece constrangida e se vira para Gabrielle perguntando o que deseja. Ela aceita um chá gelado.

A dispenso sem muita paciência.

Preconceitos (em ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora