Capítulo 11 - Feno

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-Hm? – A pose parecia perfeita, os pés bem firmados no chão, a firmeza na voz, mas nada aconteceu.

-V-vai raio! Vamos? Ao infinito e além raio! – Cestiali queria repetir a proeza da noite passada, dessa vez com o alvo sendo o feno que ela havia ajudado a empilhar. – Vai, vai, vai raio vai! – Ainda nada.

Cestiali ficou longas horas tentando. Testou poses diferentes, tentou dar cabeçadas no feno, polir seu chifre, balançar a cabeça, fazer uma pose mais emocionante, porém nada.

O Sol já havia adormecido faz tempo, a menina tentava se firmar em pé, mas quase caía desmaiada.

-V... vai r-raio... uaaaaaaaaaaaaah. – Bocechou, pronta para cair no chão. Mas alguém a pega antes.

-Menina, queria ter essa tua persistência, viu? – Persin conseguiu a segurar pela barriga, e a pôs em suas costas. – Já é quase meia-noite.

-Mas eu... uaaaaaaaaaaah... não soltei o raio ainda...

-Vai ver não é assim que funciona. – Disse o rapaz já caminhando para casa.

-Como assim?

-Ah, vai ver cê funciona melhor sob pressão.

-Sob o que? – Indagava.

-Você é mais "habilidosa" por espontaneidade, não tentando se forçar, saca?

-Hm... acho que sim.

(...)

Klen já devia estar em seu quinto sonho, sonho esse que devia ser composto por água de arroz. Cestiali estava já deitada, quase desmaiou no "percurso" de escovar os dentes.

-Vê se não exagera. – Persin estava sentado na cama ao seu lado. – Você tem que se esforçar, mas não se desgastar, faz mal.

-Se você... uaaaaaaaaaaah... diz.

-Acredite, eu já rompi umas 3 veias exagerando na malhação, eu era um imbecil as vezes. – Persin faz um cafuné na menina e se levanta. – Descansa bem, cê merece, Bonsoir! – Brincou o rapaz, dando uma piscadinha.

-Noite!

(...)

*Toc toc*

-H-hm? – Cestiali num susto se senta. Havia uma figura familiar na porta, cabelo solto, e os olhos bem fechados.

-Oi, te assustei? – Perguntava Hágata, que se aproximava.

-Ah, um pouquinho. – A menina fazia um sorriso torto, para não parecer tão constrangedor.

-D-desculpa, juro que não queria. – Hágata botava sua mão em seu ombro, com o rosto extremamente corado. – Posso sentar um pouco aí?

-Claro! – Cestiali abre um espacinho, e Hágata se senta, se apoiando na cabeceira da cama. – Confortável?

-S-sim... então, eu queria te pedir desculpas.

-Desculpas? Mas você não fez nada. – Curiosa, encarava a maior quase que a fitando de forma repreensiva.

-Eu fiz sim. – A moça levantava sua cabeça e suspirava. – Briguei com meu irmão na sua frente, quase que te abandonei por dois dias... isso não é normal.

-Mas eu entendo, são as coisas de adulto, não são?

-Hunf, coisas de adulto. – Logo ela retoma a postura, e suspira novamente. – Nossa briga é tão infantil quanto o maternal.

Neve Quente (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora