Capítulo 5 - Um Projeto de Fuga

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Nico e Mary correram floresta a dentro. A noite caiu logo e eles puderam ouvir uivos à distância. O Lobisomem quis apertar o passo, mas chegou um momento em que ele estava praticamente arrastando a Fada.

— Você não pode andar mais rápido? — Perguntou Nico

— Estou cansada — Reclamou Mary

— Cansada? Nós dormimos por umas três horas

— Eu não sou muito de andar, entendeu? Preciso parar um pouco

— Não podemos parar aqui

— Não estamos longe o suficiente?

— Longe o suficiente seria só fora da floresta. Minha espécie não costuma sair

— Então por que, em vez de atravessar toda a floresta, não cortamos caminho pela vila dos humanos?

— Eu já falei o motivo

— É, você não pode ser visto, mas isso é só durante o dia. Os humanos dormem de noite, não dormem?

— Acho que dormem, mas ainda é arriscado. Tem casas de humanos por todos os lados, alguém pode acabar vendo a gente

— É só tomarmos bastante cuidado

— Ainda é arriscado

— Por que?

— Porque você tem asas e eu tenho cara de cachorro. Dá para ver a quilômetros que não somos humanos

— A alternativa é fazer uma pausa

— Não, a alternativa é essa:

Nico tomou Mary em seus braços e voltou a correr.

— N-Nico, o que está fazendo? — Perguntou Mary surpresa — Me coloca no chão

— Depois que estivermos longe — Disse Nico sem diminuir a velocidade — Segure-se firme, a estrada vai ficar perigosa

Mary olhou adiante e viu que a trilha em frente estava cheia de pedras. Ela passou os braços ao redor do pescoço do Lobisomem e fechou seus olhos.

Nico correu entre as pedras, fazendo o seu melhor para não se machucar, não machucar Mary e não diminuir o ritmo. A Fada sentia o vento agitar suas asas. Mesmo quando brincava de corrida com as outras crianças da capital, ela nunca tinha chegado àquela velocidade.

Até que Nico parou.

Mary, pensou que o trajeto acidentado tinha acabado, então relaxou um pouco.

Mas não tinha chegado ao fim...

O Lobisomem tinha parado para calcular a travessia por uma grande pedra, mas, quando retomou a corrida, não contava com a possibilidade de Mary se mexer.

Nico pulou de mal jeito e chocou sua perna contra a pedra fazendo com que Mary e ele caíssem na grama.

— N-Nico... — Murmurou Mary

— Você está bem? — Perguntou Nico

— E-Estou, mas... a sua perna...

— Esquece isso, temos que continuar

O Lobisomem voltou a pegar a Fada no colo e recomeçou a correr, embora estivesse mancando um pouco.

Quando os dois chegaram ao fim da floresta, as estrelas já estavam desaparecendo do céu, dando início ao novo dia.

— Conseguimos — Disse Nico

— Você... você correu mesmo com a perna machucada — Disse Mary

— Essa coisinha? Isso não é nada

Mas então o primeiro raio de sol da manhã, atravessando por entre as montanhas, atingiu a nuca de Nico e ele caiu no chão atordoado.

...

Quando Nico recobrou a consciência, se viu em uma caverna. A princípio ele imaginou que estivesse em sua casa e que os eventos do último dia não passaram de um sonho estranho. Sim, aquele poderia ser o raiar do dia do aniversário do reino e ele poderia observar a festividade sem se preocupar com Fadas perdidas.

Fadas como aquela que o observava atentamente.

Claro, não tinha sido um sonho...

— O que aconteceu? — Perguntou Nico

— Você desmaiou — Respondeu Mary — Eu te arrastei até essa fenda na montanha. De nada

— Hum... melhor ficarmos um tempo aqui, para descansar

— Boa ideia

Então eles ouviram um alto ronco. Aquilo veio da barriga de Nico.

— Também estou com fome — Disse Mary — Não como desde o jantar no castelo

— Isso faz muito tempo. Não é à toa que você está sem energia — Observou Nico se levantando — Não saia daqui

— Onde você vai?

— Procurar comida

Então Nico colocou seu chapéu, que Mary tinha deixado sobre uma pedra, e saiu da caverna.

O Lobisomem e a FadaOnde histórias criam vida. Descubra agora