Capitulo 1 - A descoberta da existência
- Aqui estou eu sem saber o que fazer no meio dessa multidão, corpos se esbarrando ao meu, correndo desesperadamente sem uma direção certa.
Tento encontrar Maria, mas parece impossível com tantos rostos em pânico desesperados ao meu redor.
Procuro saber ao certo o que realmente estava acontecendo, uma hora eu estava indo ao colégio na outra a cidade já estava uma loucura, mas ninguém me da atenção, todos estão desesperados demais para se quer se importar comigo.
De repente escuto meu nome dito em um tom desesperado e ao mesmo tempo aliviado “Fábio!”.
Reconheço de imediato a voz logo em que meu nome é dito, a voz é de Maria, Ela está com uma blusa preta com a estampa de uma banda em que eu não consigo identificar e com um short curto o bastante para ver um sinal na coxa direita dela, seus cabelos claros caídos sobre seu rosto escondendo seus lindos olhos castanhos.
Aproximo-me dela e a abraço-a e a beijo na testa.
“O que está acontecendo?” as palavras quase que flutuam da minha boca.
Ela rapidamente pega minha mão e me puxa para longe da multidão. Chegando a um lugar menos movimentado Ela se senta no chão e começa a chorar, eu não tinha percebido como seu rosto estava triste até pararmos aqui, tento imaginar o que a faz chorar desta forma antes de falar com ela, mas no mesmo estante em que eu ia começar a falar com ela, as palavras saem da boca dela seguidas de soluços.
“Eles pegaram meus pais, nós não podemos ficar aqui por muito tempo, eles vão nos achar” diz ela antes de começar a chorar novamente “Eles quem?” eu falo surpreso “Quem vai nos achar?” seu rosto parece surpresa quando termino de falar essas palavras mas ela continua “Você não sabe deles?” ela continua “Os mortos”.
“O que isso tem a ver com os mortos Maria?” quando termino seu rosto passa de triste para espantada com minhas palavras.
“Isso tem tudo a ver com os mortos Fábio” ela continua “Os mortos vivem, os mortos vivem...”.
Ela deve estar louca como assim os mortos vivem?
“Você poderia me explicar melhor isso?” é a única coisa que consigo dizer.
“Esse é o problema” ela fala pausadamente “Ninguém sabe como realmente isso aconteceu, só sabemos que quem estava morto está voltando à vida e tá levando à morte quem está vivo”.
“tipo zumbis?” é o que eu consigo dizer perante isso que estou ouvindo.
Ela acena com a cabeça, a ideia de que existem zumbis me atormenta por um momento mas só até eu me lembrar de o que ela disse sobre os pais dela.
“Então quer dizer que seus pais...” paro no meio da pergunta sem ter coragem de termina-la.
“Temos que encontrar seus pais antes que seja tarde demais” ela exclama, eu concordo e saímos em busca deles, me lembro de ter visto eles em casa antes de sair para a escola mas a essa altura eles dificilmente estaria em casa, mas é minha única chance de encontra-los.
Chegando à rua em que moro, vejo que não está como de costume, não tinha ninguém na rua e estava tudo virado como se uma multidão enfurecida estivesse passada lá. Eu corro para a minha casa, e olho para o rosto de Maria que ainda esta com um olhar triste e inconsolável. “Sinto muito” eu digo “quero dizer, sobre seus pais” “Tudo bem” ela diz logo que abro a porta da minha casa, que pela minha surpresa está toda desarrumada, olho cômodo por cômodo e nem um sinal dos meus pais “Eles devem ter fugido com os outros” Maria diz, ao chegar à cozinha vejo um bilhete escrito em cima de mesa, reconheço logo a letra quando o vejo é do meu pai.
“Fábio, não tenho tempo de explicar tudo que está acontecendo, provavelmente você já deve ter uma noção disso mais tenho que lhe dizer que estou lhe procurando e que não desancarei ate encontrar você, tive que fugi da cidade junto com um grupo, sei que não é o momento certo de dizer-lhes isso mas sua mãe não conseguiu ter a mesma sorte que nós. Sinto muito filho, nosso grupo está indo pra cidade vizinha tentar encontrar refugio lá, tente nos acompanhar sei que é difícil mas você vai consegui. Fábio tem uma arma na gaveta de baixo do armário ao lado do frízer use-a se necessário. Boa sorte filho. Eu amo você”
As palavras SUA MÃE NÃO CONSEGUIU TER A MESMA SORTE QUE NÓS, não sai da minha cabeça.
Fico desconsolado depois de ler a carta, sento-me ao lado do armário onde meu pai disse que a arma estaria.
Tento encontrar forças pra me levantar porque temos que sair em rumo à cidade vizinha onde meu pai disse que estaria, Maria não falou nada durante o tempo em que eu fico sentado no chão, ela deve saber como ninguém o que eu estou sentindo, no mesmo estante em que eu estou me levantando olho pra Maria que esta com a carta do meu pai nas mãos, e escuto um barulho vindo dos fundos da casa, me levanto mais bruscamente e pego rapidamente a arma que meu pai disse que estaria dentro gaveta de baixo.
Saio em direção aos fundos da casa onde escutei o barulho com a arma na mão, Mônica vem logo atrás de mim olhando por cima dos meus ombros, olho pela porta e não vejo nada na varanda, o barulho vem da despensa aos fundos do quintal “vamos embora daqui” Maria diz e continua “agora!”. Ela pega na minha mão me puxando, eu solto minha mão da dela dando a entender que eu queria ir ver o que estava dentro da despensa.
Eu não sabia mais o que fazer, estava inconsolável e precisava arrumar uma maneira de criar forças para ir embora daquele lugar.
Ouço outra vez o barulho vindo da despensa, só que dessa vez o som é bem mais forte e assustador. Maria mais uma vez insiste em irmos logo embora daquele lugar, mas eu estou disposto a saber o que tinha ali.
Me aproximo cada vez mais da despensa. Quando chego ao ponto de abrir Maria exclama "Você sabe o que pode ter ai dentro, não sabe?" Eu sabia que poderia ser um zombie (essa ideia de zombie ainda me atormentava) ou pior, eu sabia que poderia ser a minha mãe... zombie...
Tento não dar bola para Maria e segurando bem a arma na altura do ombro com uma das mãos e abrindo a porta com a outra consigo ter acesso à dispensa.