Macio como o veludo vermelho de suas vestes, doce como a cereja de sua boca, picante como a Carolina que se faz presente em sua língua envolvente, certeiro como seus quadris apontados os fazem desvanecer, fatal como o botulismo que me envolve o pescoço, eres enervante, coberto de pujança e arrojo tiras a noite, o bom sono de mil homens ruins.
Eres o bom e o ruim, a loucura e a sanidade, ímpeto e fraqueza, domínio e desequilíbrio, dono e escravo de si mesmo.
É beleza jamais estimada, mente jamais entendida, corpo por todos cobiçado. É ouro diante tanta pirita. Um raro e frágil rubi descoberto e ambicionado por más mãos.
Fluente como o sangue em suas veias, mágico como os movimentos de teu corpo, aplacador como seu sorriso ao amanhecer, sedutor quando as cortinas se abrem e para o público sua máscara aparece.
Mortal como o veneno em seus lábios, delirante como as curvas de seu corpo, intempestivo como quando em suas decisões, calmo quando em braços fortes, você se encontra. Pequeno quando fora de seu casulo está, frágil como quando decide se mostrar, temível quando tentam o aprisionar.
É a minha metamorfose, meu arremate.
Meu bom, meu mau, meu tudo, meu nada, meu começo, meu fim.
Por favor, o que tenho de fazer para que não se vá? Não por essa noite, não pelos próximos dias, não por uma vida. Por favor não se vá.
Roxanne
Eres o ar que respiro, o caminho que tomo, a direção que sigo, a base a manter-me diligente, o vigia de meus maus sonhos, quem anseio retornar após uma madrugada apocalíptica.
Insistes no veludo vermelho, segues a luz escarlate, pintas o lábio de rubro, rouge sempre toma-lhe a face. A cor parece dominar sua alma, embora nos palcos você pareça dominá-la.
Esclareça-me uma coisa, Roxanne, até quando irá lutar consigo mesmo em nome de si? Irá perder o pouco que tem para si mesmo? Será derrotado pelo pior lado de si mesmo? Não lute contra si. Não seja derrotado pelo lado carmesim.
Abra mão da sedução ao menos uma vez, dê-se a chance de um recomeço. Aceite um lugar calmo para depois da tormenta. Não estejas só, não é necessário, abra mão de seu orgulho, mude seu percurso ao decesso, aceite-me ao menos um pouco Roxanne.
Não abrace a tragédia, não se afaste, não morra meu raro rubi. É espécime rara, não aceda a morte.
Outra noite rubente, metano e sulfeto de hidrogênio cercando a grande casa, sufocando a todos, enlaçando seus pescoços caros, a placa rúbea pisca em meus olhos desfocados, gatos de rua correm por todos os tortuosos becos sem a mínima importância com quem os transita.
A bile sobe-me a garganta, o forte odor inunda meus pulmões, pensamentos desvirtuosos insistem em tomar-me a atenção. Mas esta é tua noite Roxanne, dedicarei todos os momentos dela para ti somente.
Deixarei que invadas novamente minha mente, dominará a mim com maestria, e me terás frente ao novo amanhecer.
Perfumes fortes, caros e enjoativos dominam o lugar, nenhuma fragrância calma circunda corpos velhos e deformados, o suor gruda-lhes a testa e grandes nuvens de fumaça sufocam os mais sensíveis e não acostumados com tal atmosfera suja e burlesca do sul nada interiorano de toda a gleba.
O multicolor das cortinas, das saias das dançarinas, do chão e paredes queimam-me os olhos, grotesco poderia dizer, cafona em cada milímetro ocupado. Recebe e resguarda toscos, matutos de natureza sanguinária. Em suas curvas mais pecadoras e pequenos detalhes sadistas, é como um alcouce. Um alcouce pretensioso.
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Vermelho Escarlate || Jhs
FanfictionMacio como o veludo vermelho de suas vestes, doce como a cereja de sua boca, picante como Carolina que se faz presente em sua língua envolvente, certeiro como seus quadris apontados os fazem desvanecer, fatal como o botulismo que me envolve o pescoç...