— Ah, não, tia! – A voz adentrou seu quarto, abafada.
Na verdade, dava para ouvir de qualquer cômodo da casa as reclamações de Seokjin. Eram tão altas e estridentes que Taehyung pensava constantemente em usar tampões de ouvido, mas descartava a ideia sempre que lembrava o quanto estaria encrencado se sua mãe lhe chamasse e ele não conseguisse ouvir para responder. Qualquer sacrifício valia a pena para não irritar a mulher e nem ter um chinelo voando em sua direção, até mesmo escutar as insuportáveis lamúrias do seu primo mais velho.
— Aquele garoto é um terror, não quero nem pensar em chegar perto dele!
Desviou o olhar do gibi para a porta, se concentrando para tentar escutar mais da conversa deles. Haviam poucas pessoas no bairro que poderiam ser descrevidas com “garoto” e “terror”, e só uma pessoa se encaixava com as duas palavras na mesma frase. E bem, para Seokjin “nem pensar em chegar perto”, a pessoa em questão devia ser um diabinho, até porque, o próprio Seokjin era a encarnação do tinhoso na terra.
Fechou o gibi, deixando no colchão e levantando. Saiu do quarto e se agachou perto do topo da escada, espiando a sala de estar entre as grades da proteção, curioso.
— Tia, como a senhora vai explicar pra minha mãe quando o meu corpo aparecer dentro de um saco de lixo, todo furado e com o cabelo todo queimado?! – dramatizou. Taehyung riu, imaginando o tanto de medo que seu primo devia ter do menininho da casa da frente. — Além disso, ele vai tentar sugar toda a minha beleza! Você sabe o quanto de raiva ele tem de mim porque eu sou bonito e ele não!
A mulher riu alto, desviando o olhar do crochê. O sobrinho sempre foi muito dramático, tanto que sempre enchia o saco de seu filho, Taehyung, que não gostava tanto assim de sua pessoa.
— O filho dos Jeon não é tão mau assim, querido. O Tae já me disse que ele só faz essas coisas porque não tem amigos.
— E com razão! – chiou. — Quem vai querer ser amigo desse menino?! Só um doido mesmo, se brincar, corremos risco de vida ainda!
Cansado daquela ladainha que era a mesma de sempre – afinal, todo ano Seokjin vinha passar a festa junina em seu bairro, aproveitando para encher seu saco durante toda a estadia –, Taehyung desceu as escadas fazendo barulho de propósito ao pisar nos degraus, tendo a atenção da família voltada para si.
— Até parece que o Jeonggukie iria conseguir te carregar para pôr em um saco de lixo, Jin.
Seokjin fez careta, desgostoso. Não era desconhecido para si que Taehyung tinha uma quedinha pelo vizinho – diga-se de passagem, um penhasco – e ele era completamente inconformado com isso. Como seu primo podia gostar daquele garoto que nem tinha saído das fraldas ainda?
Seokjin dizia sentir cheiro de mucilon sempre que chegava perto de Jeongguk.
— Ele queima o bombril e ainda corre atrás das crianças mais novas girando aquele troço, Tae, ele tem problema!
Tae fez cara feia, não gostando nenhum pouco de como seu primo se referia à Jeongguk, como se ele fosse uma criança com problema mental. Ele só era um pouco levado, mas o Kim mais novo sabia que ele não fazia por mal.
— Sem falar que ele rouba os marshmallows e pega os gravetos pra tentar espetar as crianças!
Tae revirou os olhos, olhando para a mãe que tinha voltado a fazer o crochê, alheia a discussão dos dois.— Mãe – chamou a atenção dela —, por que o Jin tá reclamando desde cedo? Não consigo ler meus gibis com ele em casa.
O primo indignou-se, mas era fato, ele falava tão alto que se duvidasse, até o próprio Jeongguk estava ouvindo-o falar mal de si do outro lado da rua.
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Quer Brincar Comigo? | taekook
FanfictionTaehyung tem uma quedinha por Jeongguk, o garotinho da casa a frente que gosta de aterrorizar as outras crianças durante a festinha de São João. tag: oneshot | kidfic | festa junina data: 17.10.2020 © 2020, taerabitia