7. Gabi

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Olhei fixamente mais uma vez para a sua mão estendida. Aquela provavelmente seria a última vez que o veria. De alguma forma estranha eu sentia que podia confiar naquele homem, que era na realidade um completo estranho. Aquela revelação me aturdiu. Há exatos três anos eu não deixava nenhum homem se aproximar. Perder Ian me devastou. E agora estava eu ponderando o convite daquele desconhecido. Como se eu não pudesse ter certeza de mais nada. Mas a companhia daquele homem fazia-me sentir mais segura de si do que jamais se sentira antes. Era loucura. Mais louco ainda era o fato de não conseguir resistir a passar alguns minutos a mais com aquele homem.

Minha mão deslizou para junto da dele quase que por vontade própria, e a sensação de familiaridade era desconcertante , ao mesmo tempo, era algo deliciosamente assustador, como se eu me aproximasse da beira de um precipício.

Saí da fileira e com nossas mãos unidas, Aaron me levou pelo corredor.  A porta dos fundos estava aberta apenas para nós. Na verdade, apenas pra ele.  A comissária de bordo deu uma boa olhada em nossas mãos unidas antes de despedir-se de Aaron. Recriminei-me porque gostei do olhar enciumado que ela me lançou,  mas ao mesmo tempo gostando demais da sensação de minha mão junto à dele.

- Você tem alguma bagagem? - apenas neguei com a cabeça.

Eu não levava roupas ou itens básicos, pois sempre tinha essas coisas na casa dos meus pais e principalmente porque do jeito que era esquecida, não gostava de ficar me preocupando com mala ou outras coisas.

Aaron me conduziu até a saída do aeroporto. De mãos dadas. Meu coração continuava disparado. Então entramos num táxi e nossa conexão acabou,  ele soltou minha mão. Senti sua ausência. Aaron disse ao motorista qual o hotel nos levasse e começou a digitar algo em seu celular.

- Você vem sempre aqui? - falei mais pra preencher o silêncio. Eu nunca fui uma pessoa de silêncios.  Acho que nenhum dos Durand. Nossa casa é sempre barulhenta.

- Eu nasci aqui. - assenti, mas percebi que ele não queria entrar em detalhes, então me calei.

O percurso até o hotel foi feito em silêncio.  Aaron não tirou os olhos de seu celular, ignorando-me deliberadamente.

Assim que chegamos ao imponente hotel, Aaron pagou ao taxista, pegou sua mala de mão e agarrou minha mão nos conduzindo até dentro do luxuoso hotel. Nos dirigimos à recepção.

- Boa noite. Sou Aaron Jordan. - a recepcionista abriu um enorme sorriso sugestivo, mas ele permaneceu sério e em nenhum momento soltou minha mão.

"Engole essa, oferecida."

- Boa noite, senhor Jordan. - falou toda melosa fazendo-me revirar os olhos. - Seja bem vindo ao nosso hotel. - ela pegou uma chave cartão e o entregou se inclinando desnecessariamente pra que ele visse o seu decote. - Seu assistente pessoal nos contatou e já providenciamos tudo.

- Obrigado. - disse, seco.

Dei uma boa olhada pra ela e seu sorriso oferecido minguou. Porque tinha gente assim eu realmente não sabia. Sempre achei ridículo tratarem uma pessoa melhor por causa da sua conta bancária. Claro que Aaron era um homão da porra, mas se oferecer do jeito que ela fez foi ultrajante.

Ele voltou a pegar minha mãe e seguimos o mensageiro que levava a mala de Aaron. Entramos na luxuosa suíte e só então ele soltou minha mão para dar a gorjeta ao mensageiro. Minhas mãos estavam agarradas firmemente à bolsa imprensando em meu corpo. Aaron aproximou-se de mim e traçou meu queixo com o dedo, deixando-me ainda mais tensa.

- Você é linda. - sua voz dava a entender como se ele estivesse maravilhado. Ele tirou uma mecha do meu rosto,  mecha que caia do meu coque desleixado. Minhas bochechas deveriam estar coradas, pois eu as sentia muito quente.

- Nesse exato momento, com esses óculos ridículos de armação grossa. Esse  suéter imenso e abominável. Você é a mulher mais linda que eu já vi na vida.

Sua voz era profunda e sedutoramente rouca. Meu coração estava acelerado e minha calcinha encharcada.

- Eu não deveria desejá-la. Mas desejo. Não consigo explicar, mas a necessidade de tê-la é imensamente maior que eu e nunca, nunca na vida senti nada sequer parecido.

Os meus olhos estavam arregalados e, provavelmente, muito corada. Um calor absurdo tomava conta de todo o meu corpo principalmente na minha região mais sensível.

- Eu sinto, Gabrielle,  como se toda a minha racionalidade tivesse se esvaído, sendo substituída por um desejo primitivo.

Senhor, eu estou sonhando.

- E eu não conseguiria me conter nem se mil homens tentassem me deter.

Aaron me puxou para perto e colocou sua boca na minha.

Preconceitos (em ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora