Capítulo LXXIII ● Youngjae

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Vários segundos se passam, depois minutos e provavelmente se passariam horas se dependesse apenas de Jinyoung, mas nada acontece, e quando eu digo nada, é nada mesmo. Tudo fica em silêncio e depois em mais silêncio, ninguém diz nada, ninguém faz nada, e até o barulho de um mosquito que aparece aqui e ali só pra irritar todo mundo tem mais ação do que nosso grupo de amigos. É um completo tédio.

— Você sabe que pra furar seu dedo você tem que, tipo, furar o dedo, né? — Bambam fala do nada, assustando todo mundo ao quebrar o santo silêncio em que nos encontrávamos, e em resposta eu escuto Jinyoung resmungar algo incompreensível.

— Deixa o menino fazer as coisas no tempo dele, temos todo o tempo do mundo. — Repreendo Bambam de uma forma bem séria, tendo certeza de colocar meu melhor semblante de "Cala a boca, caralho" no rosto, e então volto meu rosto em direção ao lugar onde Jinyoung estava sentado, mudando a expressão para uma amigavel. — Temos todo o tempo do mundo até as seis, então se você puder agilizar a coisa toda, seria realmente ótimo.

— Se você não conseguir furar sozinho, eu me voluntário para fazer isso por você, amigo, prometo ser gentil. — Jaebeom oferece sua ajuda da forma mais gentil do mundo, totalmente honrosa e sincera e  acho que é por isso que a coisa toda fica superficial, porque Jaebeom nunca age gentilmente com ninguém do grupo, além de mim, é claro.

— Sai de perto de mim, seu sociopata louco! — Jinyoung exclama, parecendo muito nervoso, e isso faz Jaebeom rir, provavelmente porque a cara de Jinyoung deve estar tão hilária quanto a voz. 

— Mas eu só quero ajudar meu melhor amigo. — Rio com o cinismo na voz dele e os outros fazem isso também, menos Jinyoung, que apenas parecia um pinto molhado com medo da chuva, se escondendo no canto da sala e resmungando baixinho para só ele ouvir.  

— Fica longe de mim então! — Jinyoung berra e Yugyeom, ao meu lado, apenas ri mais alto ainda, realmente se divertindo com toda a cena de Park Jinyoung assustado com algo.

— Me pergunto como ele fez em todas as vezes que precisava fazer exame de sangue. — Mark comenta mais para si mesmo do que para os outros, parecendo muito interessado em tudo, e eu apenas não posso julgá-lo, porque estou exatamente do mesmo jeito.

— Vai ver dopavam ele e depois amarravam pra ele não conseguir fugir, pelo menos era o que eu faria. — Entro na conversa de uma pessoa só que Mark travava consigo mesmo, mas minha voz sai alta demais, atraindo a atenção de todo mundo para mim, porque justo quando eu abro a boca e decido falar, todo mundo fica em completo silêncio, fazendo com que qualquer frase que eu diga em voz alta pareça errada.

— Cara, vocês precisam muito de uma terapia. — Jackson comenta para quebrar o silêncio que havia se formado logo após eu quebrar o outro silêncio que havia se formado antes.

—  Já faço terapia, minha terapeuta diz que isso é normal na adolescência. — Dou de ombros como se isso realmente não fosse grande coisa e realmente não era.

— A psicopatia?

— E a raiva também. — Sorrio para Bambam, a pessoa que havia perguntado, como se estivesse falando do tempo ou do preço do pão, e escuto ele dar uma risada também, porque rir é bom ok.

— Adolescente é a pior raça, por mim poderiam morrer todos. — Jaebeom comenta e eu concordo com a cabeça.

— Mas você é adolescente. — Jackson lembra o óbvio e eu concordo com a cabeça para o que ele disse também.

— Por isso posso opinar, esse é meu local de fala.

— E adolescente odiar adolescente não é hipocrisia, é consciência de classe. — Entro na conversa, dando minha opinião sobre o assunto porque eu também sou adolescente nessa merda e eu posso falar, e escuto Jaebeom concordar comigo.

Blind • 2Jae (HIATUS) Onde histórias criam vida. Descubra agora